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Sabrina fala com Anitta e Tom, mas é a grande estrela de sua estreia

Confira mais uma análise da coluna "Território da TV"


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Divulgação/TV Record

“A Record mudou a Sabrina? Não! Só a Sabrina mudou para Record!”. Esse foi um dos GCs exibidos na tela ao longo da estreia do programa da “japa mais querida do Brasil”, como referendou a “narradora” Sabrina Sato no ótimo clipe de abertura da atração. Se a maioria dos programas apela para depoimentos de colegas de emissora como forma de demonstração de prestígio, o de Sabrina a fez “exercer” diversas funções que mostraram rapidamente a montagem do cenário.

Cenário que não tem grandes destaques, mas atende muito bem ao que se exige dele. Tirando referências visuais da “Tudo é Possível” ali, um formato de plateia da “Eliana” acolá e com um cantinho de “Caldeirão do Huck” no espaço reservado para entrevistas, o estúdio é bonito, combina com o formato e ainda é bem explorado, como quando o telão se tornou o céu para guiar a viagem da cantora Anitta no “Balão da Sabrina”.

A premissa do quadro de mostrar o passado da artista não se tornou um “Arquivo Confidencial” justamente pelas inovações visuais realizadas. A poderosa ainda cantou seu hit e outras duas músicas (Blá Blá Blá [que não é um cover do Rouge, conste-se] e Zen), contrariando a menor presença musical na TV aberta nos últimos tempos. O fato de o programa ser gravado e o belo recall da apresentadora entre famosos devem render muito para essa seção. Ivete Sangalo, por exemplo, é presença certa assim que sua participação como jurada do “SuperStar” for encerrada.

Mas Anitta não abriu essa estreia, como muitos apostavam. O primeiro quadro foi o “Sabrina Esteve Aqui”, uma espécie de merchan do bem, que une lágrimas e momentos engraçados. Nessa estreia, ao mostrar a apresentadora desfilando cercada por uma multidão em uma comunidade paulistana, pareceu mais dedicado a dar uma noção de popularidade para algum desavisado que tenha passado os últimos anos em Marte e estranhasse a estreia.

Uma das qualidades desse momento povão foi a sua agilidade. Entre procurar a personagem do dia, conversar com ela e dar um desfecho para história, foram utilizados suficientes 15 minutos.

Porém as 2 horas e meia de programa (que começou e terminou pontualmente, num raro feito para o padrão da Record) não permitiram um ritmo igual para tudo. O “Meu Marido é o Cara”, formato comprado e que deve estar presente em todas as semanas, deu sono. Longo demais, o quadro tem sua emoção diluída e passa longe de ser tão atraente a ponto de compensar o investimento feito na construção de seu belo estúdio em Paulínia.

O desfecho também mais prometeu do que cumpriu. Foi hilário rever Tom Cavalcante encarnando a Jarilene após dois anos fora da TV, mas o humorista nada disse de concreto e desconhecido, seja sobre seu passado ou seu futuro. Foi uma boa conversa, que pelo cenário aberto lembrou o padrão de Angélica no “Estrelas”, mas sem nada bombástico.

Falta de uma bomba que é rara em estreias da Record. O “Programa da Tarde” teve o estado de saúde de Shaolin, enquanto o “Domingo Show” foi de Gil Gomes, por exemplo. Ambos começaram muito bem em audiência e depois caíram sequencialmente. Com o saudável Tom, Sabrina marcou 10 pontos na média prévia, exatamente metade da Globo e o dobro do SBT no horário. Por muitos momentos, chegou a ficar acima dos 50% até da audiência de “Em Família”, a novela das 21h. É cerca de 30% a mais do que a Record vinha marcando no horário com os filmes e um patamar possível de ser mantido mesmo quando surgirem outros dois breaks (a estreia teve somente um, além de mais uma ação de merchandising).

O grande saldo dentre essas insossas (porém bem produzidas) deixas é o da revelação de uma nova grande apresentadora para TV brasileira. Após anos como coadjuvante, Sabrina assumiu um papel de titularidade com louvor. A japa não perdeu sua espontaneidade, mas se mostrou madura para saber a hora de falar e a de escutar, por exemplo. E esse timing ficou evidente tanto no estúdio quanto nas externas.

Com seu carisma inconfundível aliado ao treinamento que a prática lhe dará, depois de começar já no mesmo nível ou até além de nomes que estão no mercado há tempos, não é arriscado dizer que Sabrina Sato tende a se consolidar como um dos grandes nomes da nossa televisão para os próximos anos. E com uma luz própria que não a deixa ser estereotipada como ex-"BBB", ex-"Pânico", estrela da Record ou nada do tipo, mas simplesmente Sabrina.

Como diz o slogan do seu novo canal, “do jeito que o povo gosta”.
 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix irá mostrar um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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