Direto da Telinha: "Máscaras" tem uma boa história com potencial de crescimento
Publicado em 25/04/2012 às 17:58
Com onze capítulos já exibidos, “Máscaras”, a nova novela da Record, surpreendeu bastante em vários quesitos. A história de Lauro César Muniz implantou uma narrativa pouco trabalhada na emissora, conta com uma produção que não é das melhores, teve um início conturbado mas ao mesmo tempo mostra um esforço praticamente inédito na sua equipe.
Divulgação/TV Record
“Máscaras” teve seus primeiros capítulos praticamente todos dedicados à trama de Maria (Miriam Freeland) e sua depressão pós-parto. Embora lenta, nos dias seguintes é que outras histórias foram surgindo – e continuarão no decorrer dos próximos capítulos. A narrativa, chamada de “leque” pelo próprio Lauro César Muniz, é um tanto arriscada e pouco usada na dramaturgia – ainda mais na Record.
A opção pelo leque pode fazer com que o telespectador já rejeite a trama logo de início e não tenha interesse em voltar a vê-la, mesmo com o surgimento de outros núcleos e histórias. A rejeição aos primeiros capítulos pode ser crucial para o desenvolvimento do resto da novela.
A Record sempre evitou trabalhar com isso. Em “Vidas em Jogo”, por exemplo, nos dois primeiros capítulos o telespectador já conhecia todos os núcleos e conseguia traçar a personalidade de cada um deles – o que também ainda não é possível fazer em “Máscaras”.
Num passado recente, apenas “Insensato Coração” (2011) se valeu desta estratégia. A novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares começou em Florianópolis e só apresentou as tramas cariocas a partir da segunda ou terceira semana e isso foi bastante importante até porque houve uma certa rejeição aos protagonistas Pedro e Marina pela falta de química.
Já quanto a sua produção, “Máscaras” infelizmente não se destaca. Mesmo com os milionários investimentos nos capítulos iniciais, pouco se vê de retorno. As cenas gravadas no cruzeiro, por exemplo, foram muito bem feitas. Entretanto, visando cortar custos e poder trabalhar de forma mais ampla, a Record reproduziu corredores e quartos do cruzeiro no Recnov e o resultado foi um dos mais fracos possíveis.
Divulgação/TV Record
As amplas suítes reconstruídas pela emissora exalam artificialidade. Em uma determinada cena em que o personagem estava na varanda era nítida a falta de cuidado técnico. Não havia vento e muito menos uma iluminação e movimentos condizentes com um navio no oceano.
A direção de Ignácio Coqueiro é bastante competente em diversos pontos mas peca em outros, como no citado acima na cenografia. E isso não vem de hoje. Em “Poder Paralelo” alguns cenários pecavam até mesmo pela falta de pesquisa. Em quesitos como este, Edson Spinello (de “Rei Davi”), Alexandre Avancini (de “Vidas em Jogo”) e Edgard Miranda (“Ribeirão do Tempo”), mesmo com menos tempo de trabalho, entregam um resultado mais eficiente.
Por fim, “Máscaras” mostra uma unidade como raramente vista entre Lauro César Muniz, Renato Modesto, os colaboradores, elenco e etc. Todos se mostram bastante confiantes no bom resultado do trabalho.
Ao ver os primeiros índices, Lauro tomou uma atitude inédita e se pronunciou publicamente admitindo seus erros e anunciando mudanças para daqui algumas semanas. E ele tem trabalhado para isso. Na terça-feira (24), ele e a equipe do folhetim se reuniram em prol de mudanças que busquem agilizar a narrativa e assim elevar a audiência.
Divulgação/TV Record
Raramente se viu humildade deste gênero na dramaturgia. Outros autores, em situações similares, preferiram contestar a credibilidade do Ibope ou até mesmo esperar que a audiência subisse por si só.
“Máscaras” tem bons núcleos e boas histórias. O elenco é excelente e a produção é esforçada. Não há duvidas de que irá subir. A única vilã, por sua vez, será a duração. A Record não tem o hábito de estrear novelas contra o “Big Brother Brasil” e no horário de verão. Caso ela persista nesta estratégia com “Máscaras”, a novela de Lauro César Muniz terá mais de 250 capítulos e será dona de um novo recorde da casa. E esta duração certamente vai prejudicar o texto como um todo, além de gerar grandes desgastes a todos os envolvidos.
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