Análise

Chega Mais faz o SBT perder sua identidade e tem desconexão com a dona de casa

Chega Mais estreou no SBT com a missão de competir, mas problemas na audiência e passa pelo seu 4º diretor


Michelle Barros, Paulo Mathias e Regina Volpato
Michelle Barros, Paulo Mathias e Regina Volpato são os apresentadores do Chega Mais - Foto: Divulgação/SBT
Por Sandro Nascimento

Publicado em 21/11/2024 às 06:12,
atualizado em 21/11/2024 às 10:05

O Chega Mais estreou no SBT em março com o objetivo de competir com o Encontro, o Mais Você e o Hoje em Dia. No entanto, após oito meses no ar, o programa matutino nunca conseguiu ameaçar a posição dos concorrentes e ainda enfrenta a competição da Band. O principal erro na concepção do programa foi não ter se baseado na resposta à seguinte pergunta: o que podemos oferecer como contraprogramação no horário já consolidado pela Globo e pela Record?

Quando entrou no ar, o Chega Mais parecia ter muita influência do programa Mulheres, da TV Gazeta. No entanto, os assuntos apresentados no SBT estavam com pelo menos 10 anos de atraso. Em um dos programas das primeiras semanas, houve uma longa pauta sobre como passar roupa. Nos dias de hoje, com a mudança de hábitos, o interessante seria abordar como não precisar passar roupa.

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Também apostaram em uma gastronomia mais requintada, o que afastou ainda mais o público do SBT, que não se identificava com o que estava sendo exibido.

Além disso, o cenário é pavoroso. Um "rosa Barbie", acompanhado por uma cozinha que parece de um programa de TV, menos próxima da realidade das donas de casa. O programa Mulheres da Gazeta é mais realista.

Com exceção do cenário de gosto duvidoso, o restante do programa aposta em um produto direcionado ao público do GNT, esquecendo que a proposta era para a TV aberta. Alguém realmente acredita que jardinagem vai competir com Ana Maria Braga na Globo e Ana Hickmann na Record?

Mas o canal precisava de um produto para vender na programação. Bem, esse é o grande desafio de um profissional do artístico: encontrar um produto que atenda aos interesses tanto da audiência quanto do setor comercial. Criar algo pensando apenas em sua comercialização é fácil; o verdadeiro desafio é torná-lo competitivo.

Chega Mais tem o quarto diretor em oito meses no SBT

Sem se acertar no ar, o Chega Mais chegou a ter dois diretores. Como a audiência continuava a não responder, tudo foi trocado e um terceiro diretor foi colocado, que também caiu, e agora estão com um quarto profissional.

Chega Mais faz o SBT perder sua identidade e tem desconexão com a dona de casa

Existe um erro na escalação dos apresentadores: todos são excelentes profissionais, mas possuem um estilo muito parecido no vídeo, deixando o programa com um único tom. Deveriam ter buscado apresentadores com personalidades mais diversas.

Um humorista junto com um jornalista e um terceiro com um perfil como o da Dona Déa no Domingão. Essa mistura já faria a diferença no vídeo. Aliás, no SBT há uma pessoa que poderia ser mais bem aproveitada: Margareth Serrão, mãe de Virginia Fonseca. Fica a sugestão.

Em resumo, Chega Mais não tem a identidade e a digital do SBT. Engana-se quem pensa que a demanda comercial não anda junto com programas populares; o que ocorre, de fato, é que as marcas rejeitam programas popularescos.

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 As pautas do Chega Mais são leves, tão leves que o que torna desinteressante. O caminho para a audiência é claro: basta pensar em como ele pode ser feito para a TV aberta.

Retomando a pergunta do início deste artigo: o que o Chega Mais tem a oferecer como contraprogramação à Globo ou à Record?  A baixa audiência do programa até aqui é a resposta desse questionamento.

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