Ex-BBB Lia Khey conta que quase voltou ao programa: "Hoje sou grata por não ter entrado"
Quarta colocada no BBB10 diz que convite para retorno veio em "momento de transição"; hoje, ela participa de série da Netflix e deseja criar escola-oficina de arte têxtil para mulheres
Publicado em 17/01/2022 às 05:34,
atualizado em 17/01/2022 às 18:16
Há 12 anos, Lia Khey não levou para a casa o prêmio de R$ 1,5 milhão, mas marcou seu nome na história do Big Brother Brasil. Quarta colocada no BBB10, eliminada dois dias antes da final, a paulista conquistou uma legião de fãs em uma das temporadas de maior sucesso do reality show da Globo. A popularidade lhe rendeu um convite para retornar à casa mais vigiada do país, três anos depois, fato que ela relembra em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
Escalada para o BBB13, Lia chegou a ficar confinada no hotel, mas foi vetada na última hora. “Na época, foi uma tragédia. Hoje, acredito que tenha sido a melhor coisa que aconteceu. Sou muito grata por não ter entrado, porque aquela ainda não era a Lia que eu queria apresentar”, diz. Naquela ocasião, ela acabou preterida por outros ex-BBBs, como Anamara, também egressa do BBB10, Kleber Bambam e Dhomini, vencedores do BBB1 e do BBB3, respectivamente.
“Eu estava em uma fase de muita transformação. Era um momento de transição, inclusive capilar. Comecei a deixar meu cabelo cacheado, fui me encontrar com minhas raízes, com a minha espiritualidade. Comecei a estudar Filosofia, a me entender enquanto gente, a buscar maneiras mais profundas de me conhecer. Em 2013, eu estava loira, com o cabelo tingido, de mega hair… Meu Deus do céu!”
Vários conflitos marcaram a passagem de Lia pelo BBB10. “Com o tempo, aprendi a valorizar minha jornada dentro do BBB, que foi maravilhosa, vamos combinar! Hoje olho para mim e penso: ‘Caramba, parabéns!’. Eu amo aquela Lia”, declara. Das amizades, ela revela que mantém um carinho com o vencedor, o lutador Marcelo Dourado, mas perdeu contato com Cadu, seu outro aliado no jogo. “Nos encontramos em eventos, fizemos algumas fotos, mas não passou disso.”
A participação no programa despertou Lia para uma jornada de autoconhecimento. “O BBB não foi só uma porta de visibilidade e fama, mas também me mostrou que somos muito mais internamente do que qualquer ser humano pode sonhar em ser externamente”, avalia, concluindo que toparia voltar à atração.
Hoje, aos 41 anos, ela trabalha como atriz, locutora e artista plástica. Está na série Olhar Indiscreto, da Netflix, com estreia prevista para este ano, e na já lançada A 3, do Prime Video, e também tem um projeto chamado Motumbarte, que ela sonha em expandir para uma escola-oficina artística voltada para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Leia a íntegra da entrevista com Lia Khey, do BBB10
NT: Passados 12 anos, como avalia sua experiência no BBB10? A participação no programa mudou a sua vida?
São 12 anos de muitas mudanças. O BBB não foi só uma porta de visibilidade e fama, mas também me mostrou que somos muito mais internamente do que qualquer ser humano pode sonhar em ser externamente. Tive uma infância muito humilde. Minha mãe foi criada pelo juizado de menores, chegou a morar na rua. Meu pai é libanês, refugiado de guerra. E algumas coisas acontecem em decorrência de você ser simples… Simples, não! De ser pobre. Porque simples a gente tem que ser sempre.
Quando o Big Brother trouxe aquele “up”, percebi que o que valia era a minha construção como indivíduo.
Meu propósito maior sempre foi me tornar uma pessoa melhor, que enxerga o mundo de uma outra maneira, e enxerga a si mesma. Foi uma experiência muito importante, mais do ponto de vista interno do que externo, ao contrário do que todo mundo pensa. Entendo que nada é permanente, a vida é dinâmica, e hoje eu não me enxergo como eu me enxergava um ano atrás. Esse salto veio a partir do Big Brother, que me jogou nesse lugar de ter dinheiro e fama, e eu percebi que queria muito além disso.
NT: Muitos fãs do BBB dizem que a edição 10 foi a melhor. Você assistiu à sua temporada depois do confinamento?
Demorei bastante tempo para assistir às minhas cenas. Acho que todo mundo sai um pouco sobrecarregado. Conforme os anos foram passando, fui me assistindo e amando cada vez mais aquela Lia. Acredito que a grande jornada seja você se amar. Também recebi muito amor das pessoas que se identificaram comigo. No início, a sensação que eu tinha era de que eu tinha feito alguma coisa de errado comigo mesma. Fiquei em quarto lugar… Não me dei o valor suficiente logo de cara.
Com o tempo, aprendi a valorizar minha jornada dentro do BBB, que foi maravilhosa, vamos combinar! Hoje olho para mim e penso: “Caramba, parabéns!”. Eu amo aquela Lia.
NT: Durante o jogo, você teve uma amizade muito forte com Cadu e Dourado. Essas relações se mantiveram fora do BBB?
A amizade com o Cadu e o Dourado lá dentro também foi um marco na minha vida. Eles foram muito importantes para mim. Mas, logo depois que o jogo terminou, a gente se separou. Com o Dourado, eu ainda resgatei logo a afinidade e o reconhecimento da importância de um para o outro. Por mais que a gente passe anos sem se falar, sei que mora um carinho muito grande entre nós. Com o Cadu, não tivemos oportunidade alguma. Nos encontramos em eventos, fizemos algumas fotos, mas não passou disso.
NT: Já chegou a ser convidada para outros reality shows depois do BBB10?
Em 2013, fui chamada de novo para participar do BBB, mas não entrei, o que na época para mim foi uma tragédia. Hoje, acredito que tenha sido a melhor coisa que aconteceu. Sou muito grata por não ter entrado, porque aquela ainda não era a Lia que eu queria apresentar. Eu estava em uma fase de muita transformação. Era um momento de transição, inclusive capilar.
Comecei a deixar meu cabelo cacheado, fui me encontrar com minhas raízes, com a minha espiritualidade. Comecei a estudar Filosofia, a me entender enquanto gente, a buscar maneiras mais profundas de me conhecer. Em 2013, eu estava loira, com o cabelo tingido, de mega hair… Meu Deus do céu! Enfim, nada a ver comigo! Então, agradeço muito por não ter entrado naquela época. Hoje, toparia entrar, sim.
NT: Conte sobre sua vida e seus projetos hoje.
Trabalho como atriz, locutora e artista plástica têxtil, com obras de arte que envolvem tecidos, fios e outros componentes. Desde que saí do BBB, comecei a estudar teatro. Sempre foi meu sonho, mas eu não tinha condições antes. Recentemente, protagonizei uma campanha da Chevrolet, coisa que eu pensava que não poderia acontecer pelo fato de eu ser ex-BBB. Agora, a Netflix vai lançar uma série em que faço a mãe da Débora Nascimento em uma história pregressa. É uma participação muito bacana. Também fiz uma série para o Prime Video chamada A 3.
Como artista plástica, vou participar da maior feira da América Latina de arte e decoração. Estou super empolgada, com a produção a mil. Meu grande sonho é expandir a Motumbarte [projeto de artes plásticas] em uma escola-oficina. Quero gerar empregos, colocar as mulheres, principalmente aquelas em situação de vulnerabilidade, para trabalhar e vender suas próprias peças. É o meu sonho, um propósito que vai além de mim.
A grande lição do BBB foi ter me colocado em um lugar em que eu achava que queria estar. Quando cheguei ali, percebi que não era aquilo que eu queria.
Os nossos propósitos, quando envolvem só a gente, não são os nossos propósitos. Significa que você ainda não os encontrou. Não falo só sobre fama. Adoraria estar em uma novela, fazendo o trabalho que eu amo, mas não é sobre isso. Hoje sei quem eu quero ser, quem eu sou e, a partir disso, em quem eu posso me transformar.