Publicado em 18/11/2024 às 05:00:00,
atualizado em 18/11/2024 às 07:18:30
Odete Roitman, a vilã de Beatriz Segall (1926-2018) na novela Vale Tudo (1988), é uma das icônicas figuras que estampam a capa do Almanaque Anos 80. O best-seller de 2004 é relançado em capa dura, com uma edição totalmente colorida, em meio a uma onda de nostalgia que domina as produções da TV e do cinema.
Também motivada pela valorização do que foi feito no passado, a Globo investe pesado em remakes. O próximo é justamente o de Vale Tudo, que tem previsão de estreia para março de 2025. Um projeto que, “se não for feito com muita inteligência, pode beirar o ridículo”.
É o que afirma Luiz André Alzer, autor do livro em parceria com Mariana Claudino, em entrevista exclusiva da dupla ao NaTelinha. Os jornalistas atualizaram o conteúdo do almanaque para a edição especial, lançada pela Editora Agir e agora com prefácio de Leo Jaime, um dos cantores brasileiros mais populares daquela década.
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O apelo e o fascínio por aquela época se expressam em números. Há 20 anos, a primeira edição do livro ficou 52 semanas consecutivas na lista de mais vendidos do país na categoria de não ficção, alcançando a marca de 150 mil exemplares.
O Almanaque Anos 80 é um apanhado da cultura pop daquele tempo, com capítulos dedicados a: televisão; revistas, figurinhas e livros; música; cinema; esportes; guloseimas; diversão; e modismos. O projeto gráfico é de Marcelo Martinez.
O foco é em uma época marcada por transições. “Isso, em termos históricos, é único. Nos anos 70, era tudo analógico, e nos 90 o mundo já era digital”, comenta Mariana. “É como se a gente tivesse um distanciamento maior agora pra cultuar ainda mais essa década, que foi muito diversa mesmo, do ponto de vista comportamental.”
NaTelinha: Nesse trabalho de pesquisa e atualização do livro, houve alguma descoberta surpreendente? Qual fato, em especial, você não sabia e descobriu durante o trabalho?
Luiz André Alzer: As maiores surpresas foram imagens, já que nesta edição tivemos muito mais facilidade para pesquisar ou buscar fotos que, em 2004, eram dificílimas de se encontrar. Vinte anos atrás, além de a internet estar ainda engatinhando, praticamente não existiam redes sociais, que agora foram fundamentais para nos conectarmos com colecionadores de brinquedos, objetos ou mesmo especialistas. Como por exemplo um cara apaixonado por Playmobil, que tirou dúvidas importantes.
Entre as imagens, uma que me surpreendeu, até porque sequer lembrava, foram as latas de sorvete de dois livros da Kibon, decoradas, que depois todo mundo guardava. Uma colecionadora nos emprestou uma para fotografarmos e eu disse: “Caramba! Isso tem que estar no livro!”.
Para essa edição, também conseguimos uma foto colorida do Hulk, do célebre seriado de TV (quem fazia o monstro transformado era o ator Lou Ferrigno), com sapatilhas verdes nos pés. Isso porque ele era todo pintado, menos os pés, já que a maquiagem não pegava ali. Essa informação até estava na edição original, mas não tínhamos a foto, que é muito curiosa.
Já o certificado de classificação da Censura Federal, que aparecia antes dos programas de TV no início dos anos 80, estava na edição de 2004, mas em preto e branco. Descobrimos que ele era colorido! Isso foi uma baita surpresa, talvez porque, na época, a maioria de nós tivesse TV preto e branca e nós víssemos o certificado assim (risos). Agora, ele entrou no Almanaque na cor original, em página inteira.
Entre as informações, uma surpreendente foi descobrir que o novo recorde mundial de montagem do Cubo Mágico é de incríveis 3,13 segundos! Foi batido em 2023 e essa façanha está lá no YouTube. Nos anos 80, o recorde mundial era de “meros” 23 segundos.
NaTelinha: Os anos 80 também geram fascínio em quem não viveu aquela época. Por que um público mais jovem também poderá se interessar pelo livro?
Mariana Claudino: Porque foi uma década muito interessante mesmo! (risos) Mas falando sério: essa geração mais nova acaba absorvendo muito em termos de cultura geral a partir do que escutam das mães, dos pais, das tias, dos padrinhos... E quem viveu os anos 80 é bem nostálgico, além de ter vivido uma década com uma característica importante: a transição do analógico para o digital. Isso, em termos históricos, é único. Nos anos 70, era tudo analógico, e nos 90 o mundo já era digital. É como se a gente tivesse um distanciamento maior agora pra cultuar ainda mais essa década, que foi muito diversa mesmo, do ponto de vista comportamental.
Além disso, há movimentos diversos na música... Bandas como Paralamas e Titãs continuam na ativa, atraindo os mais jovens. Séries como Stranger Things também apresentaram a estética oitentista pra molecada e continuações de filmes como Star Wars, entre outros, sempre relembram que os anos 80 continuam firmes. Isso acaba despertando a curiosidade para a década.
NaTelinha: Hoje, na TV, o grande assunto é o remake de Vale Tudo. Qual a sua opinião sobre esse projeto, que fará uma adaptação da novela para o Brasil atual?
Luiz André Alzer: Há casos e casos em relação a remakes. Alguns, podem funcionar bem, especialmente quando não são datados. Uma novela como Pantanal, por exemplo, independentemente das comparações de elenco e da audiência, funcionou como remake. É uma novela atemporal.
Mas como fazer, por exemplo, Que Rei Sou Eu? sem torná-la um fiasco? Acho muito difícil, porque tratava, com extrema inteligência e sarcasmo, um período turbulento do Brasil, com inflações nas alturas, eleições ainda indiretas para presidente e outras características bem peculiares dos anos 80.
Vale Tudo é uma novela que retrata bem o ano de 1988 e, se não for feita com muita inteligência, pode beirar o ridículo. O mesmo vale para os programas do Jô Soares e do Chico Anysio, especialmente os personagens e quadros políticos. Não dá para recriá-los em outro período histórico, porque ficariam sem graça e, pior, sem sentido.
NaTelinha: Refazer o que fez sucesso nos anos 80, seja na TV ou no cinema, apostando na nostalgia, pode dar certo?
Mariana Claudino: Nem sempre, depende muito! Pode dar, mas é preciso alguns cuidados. Conversar com quem viveu a época e fazer uma pesquisa apurada é o primeiro passo. Os anos 80 foram muito marcantes e peculiares em termos de comportamento, e é preciso respeitar todos esses recortes históricos.
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