Ex-autor da Globo solta o verbo sobre briga nos bastidores de Vai que Cola
Roteirista do humorístico acusa elenco de assédio moral
"Ainda há quem diga que eu devia sair da aposentadoria", desabafou João Ximenes Braga em meio à polêmica com roteiristas do Vai que Cola - Foto: Reprodução/Montagem NT
Publicado em 24/08/2023 às 12:45:00, atualizado em 24/08/2023 às 15:36:25
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Ex-autor de novelas da Globo, João Ximenes Braga opinou sobre as brigas nos bastidores do Vai que Cola. Na postagem, ele defendeu que o autor é sempre o maestro das atrações de TV. Nesta semana, Daniel Porto, ex-roteirista do humorístico produzido pelo Multishow, acusa o elenco do programa de cometer assédio moral contra os redatores. Um deles, André Gabeh, teria sido demitido após pressão dos atores.
No Facebook, João Ximenes Braga relembrou a vez que um diretor o ligou para se queixar do pouco espaço de um protagonista. “Ele tentou botar banca. Tive que ligar para o supervisor de texto, que ligou para o diretor geral, que proibiu o diretor de me telefonar para discutir texto, só podia me ligar para discutir questões de produção.”
Ele ainda revelou outro ocorrido nos bastidores: “Não que isso não gerasse distorções. Vi vários atores e atrizes de primeira grandeza serem proibidos de voltar a trabalhar naquele núcleo por terem contestado uma cena.”
“Mas isso não muda o principal: num trabalho coletivo, a orquestra precisa de um maestro e de uma partitura. Na ficção seriada, o maestro e compositor são o autor/roteirista. Não tem como funcionar de outra forma”, acrescentou, falando, em seguida, sobre a polêmica relacionada ao Vai que Cola:
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“Ler que em certo programa o elenco praticava assédio moral contra roteiristas é algo tão absurdo quanto ler que passageiros se uniram para matar o piloto do avião em pleno voo. E ainda há quem diga que eu devia sair da aposentadoria. Do jeito que o mercado opera hoje? Nem. Morta.”
Depois de uma carreira como jornalista e com vários livros publicados, o escritor estreou na TV como colaborador de Paraíso Tropical (2007) e depois de Insensato Coração (2011). Com Claudia Lage, assinou Lado a Lado (2012) e também fez Babilônia (2015), com Gilberto Braga e Ricardo Linhares.
Leia na íntegra a postagem de João Ximenes Braga no Facebook
Sei lá, bicho, nem sei o que dizer. Na minha curta experiência como roteirista, o autor era o maestro, o diretor, o general, o motorista, a hierarquia era clara. E hierarquia não é necessariamente autoritarismo, é a necessidade de, num trabalho coletivo, ter alguém que assuma a responsabilidade de conduzir e tomar decisões.
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E na ficção seriada, existe uma razão clara para que o motorista seja o roteirista. Certa vez, um diretor me ligou se queixando que o protagonista ficou enfraquecido em determinada situação. Expliquei:
- Bicho, você acaba de receber o bloco 15. Isso significa que nesse momento a equipe está escrevendo os diálogos do bloco 17, eu estou fazendo a redação final do bloco 16, escaletando o bloco 18 e fazendo reunião de equipe sobre o 19. Se pra você o protagonista está enfraquecido no bloco 15, pra mim ele já deu a volta por cima no 16, já se fodeu de novo no 17, já deu outra volta por cima no 18 e, no 19, eu vou acabar com a vida dele.
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Ele tentou botar banca. Tive que ligar para o supervisor de texto, que ligou para o diretor geral, que proibiu o diretor de me telefonar para discutir texto, só podia me ligar para discutir questões de produção.
Não que isso não gerasse distorções. Vi vários atores e atrizes de primeira grandeza serem proibidos de voltar a trabalhar naquele núcleo por terem contestado uma cena. Mas isso não muda o principal: num trabalho coletivo, a orquestra precisa de um maestro e de uma partitura. Na ficção seriada, o maestro e compositor são o autor/roteirista. Não tem como funcionar de outra forma.
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Ler que em certo programa o elenco praticava assédio moral contra roteiristas é algo tão absurdo quanto ler que passageiros se uniram para matar o piloto do avião em pleno voo.
E ainda há quem diga que eu devia sair da aposentadoria.
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Do jeito que o mercado opera hoje?
Nem.
Morta.
Roteiristas do Vai que Cola dizem que aconteceu perseguição nos bastidores
Na última quarta-feira (23), os roteiristas do Vai que Cola soltaram uma carta aberta para a equipe do programa humorístico da Globo. Confira a íntegra do documento:
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"Nós, roteiristas do programa Vai Que Cola - Temporada 11, escrevemos esta carta para nos solidarizarmos com o roteirista André Gabeh, demitido arbitrariamente a pedido de parte do elenco da série. Queremos deixar claro que somos uma equipe que tem amor pelo Vai que Cola e por cada profissional que faz essa série acontecer, por isso, esta é uma carta com afeto, sem intenção de gerar conflito.
Além disso, os roteiristas contam que parte do elenco do programa da TV Globo reclamava sem embasamento de textos escritos pelo ex-BBB André Gabeh.
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A implicância ou perseguição, por parte do elenco, com o autor não é de hoje. Desde o ano passado, André Gabeh vem sendo melindrado e diminuído. E mesmo assim, seguia exercendo seu trabalho com empenho e competência. Recebemos com consternação a notícia de que ele havia sido demitido faltando menos de um mês para encerrarmos a sala de roteiro. Nosso trabalho é feito em equipe e uma perda dessas, além de injusta, pois o mesmo nunca deixou de cumprir prazos e realizar seu trabalho com excelência, abala a todos. Somos profissionais, mas antes de tudo, seres humanos".
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