Publicado em 10/06/2023 às 13:00:26,
atualizado em 10/06/2023 às 19:31:06
“O Brasil passa pela Manchete”. Essa era uma das frases ditas pela voz padrão do canal, Eloy de Carlo, ao identificar a emissora de primeira classe: a TV Manchete. Como celebração dos 40 anos de surgimento da emissora – criada em 5 de junho de 1983 -, inúmeros ex-funcionários participaram do evento do lançamento do livro Rede Manchete – 40 anos de histórias vivas na última segunda-feira (5) em um bar da Gávea, na Zona Sul do Rio.
Organizado pelo jornalista Luiz Santoro e publicado pela Planeta Azul Editora, a obra foi escrita por parte dos profissionais que trabalharam na televisão do ano 2000 (outro slogan usado pela emissora). O NaTelinha participou do evento e conversou com três das pessoas que estiveram presentes: o próprio Santoro, Eduardo Miranda e Marco Narvaez.
Entre aqueles que nasceram em meados das décadas de 80 e 90 é certo que o sucesso da Manchete se deve aos animes japoneses. Séries como Jaspion, Changeman e Jiraya eram fenômenos entre a garotada nos anos 1990. Mas um desenho animado foi o responsável pela emissora crescer na audiência e incomodar a Globo após a faixa das 17 hs. Trata-se de Os Cavaleiros do Zodíaco, mas o que pouca gente não sabe é que o sucesso quase não estreou.
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Eduardo Miranda explica que a série de brinquedos chegou primeiro ao país graças à marca Samtoy, atualmente extinta. O então representante comercial da Manchete, Osmar Gonçalves, levou o desenho para a emissora analisar e quem seria responsável pelo ok seria o próprio Miranda. Inicialmente, ele assistiu a alguns trechos de episódios, mas sem continuidade, se assustou com o conteúdo. Foi quando ele teve a ideia de pedir para assistir a alguns episódios completos.
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“Eu tinha acabado de comprar um pacote de desenhos da Hanna-Barbera, como Corrida Maluca, por exemplo. E aí o diretor de programação da época, Gerardo Lucas, me chamou para uma reunião junto com o Osmar Gonçalves e um outro representante da Samtoy . Daí eles passam uma fita com um trecho de 15 minutos todo picotado, cheio de cenas de violência, sem diálogo e uma música irritante. Quando acabou aquela tortura, olhei para cima e disse não", conta.
E continua: "Só que tinham insistido e justificaram que o desenho era sucesso de audiência em todo o mundo. Daí expliquei que precisava de um episodio completo. O representante da marca, mal-humorado, ficou zangado por achar que ia gastar muito dinheiro com aquilo. O Osmar, do comercial, o convenceu e depois que eu assisti aos capítulos inteiros mudei de ideia e tive a certeza de que seria um sucesso absoluto”, explicou Miranda, acrescentando que precisou fazer ajustes em vários episódios por causa de cenas consideradas impróprias para o horário.
Um dos primeiros funcionários da TV Manchete, Luiz Santoro trabalhou no canal de 1983 a 1988 como apresentador do Jornal da Manchete segunda edição. Embora tenha deixado o canal há 35 anos, até hoje ele é considerado um dos principais nomes da história da emissora. O apresentador explica o motivo de ser lembrado até hoje ainda que esteja fora do ar desde 1999.
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“A Manchete foi uma inovação em termos de televisão no Brasil. E ela cativou as pessoas por ter sido diferente de todos os canais que existiam na época. E o mais interessante é que várias pessoas que nasceram depois que o canal deixou de existir são apaixonados pela história dela. Sem contar o amor que os ex-funcionários da Manchete guardam até hoje. Não é por acaso que neste lançamento está repleto de gente que trabalhou lá”, destaca.
Questionado se algum veículo de TV atual lembra a Manchete em algo, Santoro é direto: “Nada do que está aí lembra a Manchete. Nada! O jornalismo na Manchete dava a oportunidade para o entrevistado falar. Ouvia os dois ou mais lados da mesma história em igual proporção. Era um jornalismo verdade. Hoje, não. Os canais entrevistam uma pessoa, quando ouvem, e saem cortando tudo. Sem contar que fazíamos uma TV com arte, com cultura e com beleza. Hoje tem um monte de coisa nada legal que vai ao ar”, criticou.
Repórter cinematográfico da emissora, responsável por registrar inúmeros eventos feitos pela casa, Marco Narvaez fez o registro de um momento único. A presença da atriz pornô italiana Cicciolina. Isso porque o diretor da novela Xica da Silva (1997), Walter Avancini, resolveu convidar a celebridade para participar dos últimos 15 capítulos da trama interpretando uma cortesã que se passava por uma princesa genovesa.
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Em uma época na qual a internet engatinhava no Brasil e sequer existia DVD, era muito comum o aluguel em fitas VHS. E por ter filmes exportados para diversos países do mundo, incluindo o Brasil, Cicciolina atraiu uma série de jornalistas no terraço do prédio da Manchete que ficava na Rua do Russel, no bairro da Glória, na Zona Sul do Rio. Em meio a uma série de cliques, Narvaez teve uma sacada. Mostrou o crachá de funcionário para ela, que prontamente fez uma pose especial.
“O Avancini resolveu contratar a Cicciolina numa tremenda jogada de marketing para elevar a audiência de Xica da Silva. E na cerimônia de apresentação dela como integrante da novela tinha muita gente. Estava lotado de jornalistas e eu tentado fazer uma foto diferente, aquela que tivesse algo marcante. Daí eu levantei meu crachá e gastei num italiano: ‘Cicciolina, aqüÍ. Mantchétte’. Ela visualizou e fez uma pose sensacional. Aproveitei o momento, posicionei minha câmera e ‘trrrrrrrrrrrrrrrrrr’. No dia seguinte a foto foi a principal do Caderno B do jornal O Globo”, explica Narvaez fazendo uma onomatopeia com o som do a série de flashes em sequência que fez com a câmera.
Embora tivesse entrado para a história da televisão brasileira com novelas que fizeram sucesso, como Pantanal e a própria Xica da Silva, a situação financeira da Manchete era delicada e a emissora passou por inúmeras crises quase que ao longo de toda a década de 90 até sair do ar em maio de 1999. Em uma negociação até hoje sem muitos detalhes, posteriormente o canal foi adquirido pelos empresários Amílcare Dallevo e Marcelo de Carvalho, os responsáveis pela criação da Rede TV!.
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