Publicado em 28/05/2022 às 15:10:47, atualizado em 28/05/2022 às 15:47:53
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O jornalista Marcos Uchôa, ex-Globo, comparou a polarização política que atinge o Brasil com a reação dos telespectadores em relação à programação da emissora e opinou que existe uma divisão dentro da empresa nas temáticas dos produtos exibidos que agrada alguns e desagrada outros. O jornalista, que foi contratado da emissora por 34 anos, pediu demissão no fim do ano passado.
"A direita se incomoda com o produto cultural da Globo, as novelas que são contra racismo, contra violência doméstica, tem casal gay, tudo isso está nas novelas e é uma escolha da Globo. Ela tenta avançar na questão da tolerância ao outro", disse ele em entrevista ao podcast Inteligência Ltda.
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"A esquerda se incomoda com o Jornal Nacional, eu diria assim, da parte jornalística, do porquê que ataca tanto o PT e não ataca os outros partidos e existe de fato. Os donos da Globo têm uma opinião política, então o jornalismo tem de fato um viés mais à direita como as novelas tem um viés mais a esquerda".
Marcos Uchôa
Uchôa lembrou que a Globo surgiu durante o Regime Militar e que teve a edição do debate Lula x Collor, em 1989, que "foi péssima" e até considerada de ter influenciado no resultado das eleições daquele ano.
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"Acho até que a cobertura para empurrar a Dilma para sair, como a cobertura da Lava-Jato... Acho que muitos temas populares não são tão retratados na Globo como deveriam ser, muitos interesses dos pobres não é tão explorado na Globo", disse.
Apesar de apontar falhas da emissora, principalmente quando o assunto é imparcialidade política, o jornalista afirmou que a "TV Globo é uma das grandes coisas do Brasil" e isso pode ser notado na qualidade de suas novelas, na cobertura do Carnaval e na Fundação Roberto Marinho.
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"O Criança Esperança acho uma coisa sensacional em relação a ajudar pessoas mais pobres. Tem muita coisa boa, então não é porque você não gosta de um pedaço, que ela não tem coisas sensacionais".
Na entrevista, ele destacou ainda que o Brasil tem setores da economia fortes, como o agronegócio e até se surpreende que boa parte do setor apoie o Bolsonaro.
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"A destruição da Amazônia é a destruição da chuva, é a loucura climática que a gente está vivendo, essa inundação da Bahia, Minas, Petrópolis, Angra dos Reis... Esse descontrole climático para a agricultura é péssimo e o agronegócio é muito bem feito, então enxergar que a proteção da Amazônia é proteger o agronegócio, acho que é uma coisa meio óbvia", disse ele, que complementou que a Globo também é uma das coisas boas do Brasil.
"O fato de a gente não gostar daqui ou dali... mas, você gosta de tudo da Record? De tudo da Bandeirantes? Do SBT? Claro que provavelmente não né. E nem é para gostar, acho que não são televisões que chegaram a fazer coisas tão boas quanto a Globo, muito menos tão consistentemente. Tem momentos que mandaram bem, mas ao longo de tanto tempo, a Globo realmente é uma coisa que me dá orgulho".
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