Publicado em 03/08/2021 às 05:05:00
Quando Mariana Godoy decidiu criticar a live de Jair Bolsonaro na última sexta-feira (30) durante o Fala Brasil, da Record, o resultado foi um burburinho de grandes proporções nos bastidores da Igreja Universal do Reino de Deus e também do Governo Federal. Internamente, pessoas ligadas ao presidente indagaram diretamente à cúpula da IURD se aquela passava a ser uma posição oficial da emissora e gerou um problema diplomático entre as partes.
Segundo apurou o NaTelinha, ao chamar a live de “bizarra”, Mariana Godoy abriu uma espécie de caixa de pandora numa relação que já vinha delicada entre governo e Universal. A igreja já vinha cobrando uma posição mais ríspida de Bolsonaro em relação ao caso enfrentado com o governo da Angola, que expulsou diversos bispos da igreja e tirou o controle da IURD.
Dias após a gestão do presidente enviar o vice, Hamilton Morão, pessoalmente para Angola a fim de interceder pela igreja de Edir Macedo, a frase da apresentadora do Fala Brasil pegou tão mal a ponto de assessores do governo questionarem a cúpula do grupo religioso. A pergunta era saber se aquilo era uma opinião de Mariana Godoy ou se ela leu a frase no teleprompter, ou seja, tratava-se de uma posição editorial da emissora.
A crise não ficou apenas nos corredores da Universal, já que os bispos entraram em contato direto com a direção de jornalismo da Record querendo entender o que aconteceu.
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Por conta do clima tenso que a posição de Mariana Godoy tomou, a cúpula da Igreja Universal decidiu verificar os VTs que ainda iriam ao ar naquele dia sobre a live de Bolsonaro no Jornal da Record e na Record News.
A IURD sabe que, mesmo com Bolsonaro em franca queda de popularidade, não há impeachment num futuro próximo e, por isso, somente uma ajuda do governo federal poderia fazer com que a a igreja tenha uma possibilidade de recuperar o controle dos templos em Angola. E o país é o segundo que mais oferecia retorno financeiro para o grupo, atrás apenas do Brasil.
Procurada, a Record afirmou que não vai comentar o caso e a IURD não respondeu.
No Fala Brasil, Mariana Godoy disse o presidente Jair Bolsonaro insistiu "durante uma live bizarra que a urna eletrônica facilita fraudes nas eleições". A fala da jornalista deu o que falar nas redes sociais, já que a emissora pertence ao bispo Edir Macedo, que apoiou Bolsonaro em 2018. O presidente esteve no Templo do Salomão em 2019 e recebeu a benção do líder da igreja Universal.
"Bolsonaro também criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luiz Roberto Barroso, que é contrário a proposta de um voto impresso", continuou Godoy ao anunciar a matéria.
No Twitter, teve gente que aplaudiu a atitude de Mariana e outros que criticaram. "Eu amo a coragem e o compromisso com a verdade que a Mariana Godoy tem, ela é uma luz dentro de uma emissora como a Record", escreveu uma internauta.
"A Record perdeu credibilidade ao contratar essa jornalista militante. Lamentável!", comentou outro internauta.
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