Publicado em 31/07/2021 às 09:25:00
No final de julho de 2011, José Luiz Datena deixava a Record para retornar à Band, emissora de onde havia saído 43 dias antes. Seduzido por um projeto jornalístico do canal de Edir Macedo, o jornalista acabou tendo uma passagem relâmpago no relançamento do Cidade Alerta e saiu dizendo que foi censurado.
A volta de Datena para a Record após oito anos fez com que sua multa relativa àquele período fosse "perdoada" caso cumprisse o novo contrato de cinco anos até o final. As cifras chegavam a R$ 20 milhões. Saiu devendo R$ 45 milhões com a somatória da nova multa. "Eles estão invertendo a bola. O natural seria perdoarem a minha primeira multa. E eu é que vou cobrar esta segunda, pois foram eles que não cumpriram o que estava combinado", disse o apresentador à Folha de São Paulo em edição de agosto de 2011.
"Estou absurdamente bem resolvido. E cagando se as pessoas gostam ou não de mim. Não sou um produto comercial de prateleira", acrescentou ao periódico, esclarecendo os motivos que o levaram a sair da Band um mês e meio antes. "Haviam pessoas que me incomodavam, avisei isso e não fizeram nada. Então busquei a Record, onde tinha ótimas relações. Afinal, havia trabalhado lá por oito anos."
Datena reforçou que sempre gostou de Honorílton Gonçalves. "Só que hoje ele subiu e fica numa espécie de torre de marfim, mandando recados que pareciam censura. Me puseram de quarentena e me proibiram de falar com a imprensa por seis meses. Também me proibiram de fazer críticas à Record no ar. O diretor de jornalismo me ameaçou, mencionando o caso do Tom Cavalcante, que teve de pagar uma multa de R$ 100 mil por ter falado mal da emissora. Foi aí que pensei: 'sobre quais assuntos posso falar?'. Quando meti o pau no Ricardo Teixeira [ex-presidente da CBF] ninguém falou nada, porque é do interesse deles", indignou-se.
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Segundo Datena, a gota d'água foi a promessa de que o Cidade Alerta seria nacional, e depois que não seria mais. No meio do caminho, cortaram quase uma hora do programa e mudaram seu horário. "Chegaram a cortar matéria ao vivo para não pagar hora extra da equipe. Veja o caso do Hamilton [comandante]. Ele tinha liberdade total na Band, mas na Record cortaram o barato dele. 'Não usa demais, senão banalisa o cara', era o que me diziam", contou.
O comunicador também mostrou revolta porque com o passar dos dias, a Record, segundo ele, queria apenas um comentarista de notícias. "Guardada as proporções, é a mesma coisa que você contratar o Neymar e falar que ele não pode driblar, dar chapéu, gol de cabeça.. A gota d'água foi quando fui ao Legendários (2010-2017), do Marcos Mion. Ali, tinha um monte de talentos relegados, só levantando plaquinha. Quando conversamos, me disseram que o contrato os prendia. Aí, decidi sair. Não tinha para onde ir, e a Band fez a proposta. A Band só me demonstrou carinho e amizade", agradeceu.
No ano passado, Datena chegou a brincar com o valor da multa que teve que desembolsar para pagar à Record por quebra de contrato, algo em torno de R$ 20 milhões. "Uma das coisas mais chatas que já enfrentei foi um dia encerrar o programa em uma televisão e começar, no outro dia, em outra", explicou à Cátia Fonseca e Mariana Godoy no Melhor da Tarde, há um ano.
"Mas paguei caro por isso, hein? Paguei tudo que ganhei na vida para essa multa lá na Record. Foi bom que ajudei a construir o Templo de Salomão", ironizou o jornalista.
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