Publicado em 30/07/2021 às 05:51:00,
atualizado em 30/07/2021 às 11:58:48
Glenda Kozlowski é uma profissional com vasta experiência em grandes coberturas esportivas. Durante seus mais de 20 anos na Globo, cobriu Copas do Mundo, Jogos Panamericanos e Olimpíadas. Desta vez, contratada da Band, ela faz uma cobertura bem diferente: além de participações no BandSports e na rádio Band News FM, ela produz conteúdo para as redes sociais do Comitê Olímpico Brasileiro e grava programetes para a patrocinadora do Time Brasil.
"A minha cobertura aqui é completamente diferente do que eu fazia na Globo, é uma cobertura muito digital, no foco no meu Instagram, boletim olímpico nas redes sociais do Time Brasil, jornal diário, na Band News FM e no BandSports, estou trabalhando 50 vezes, mas é uma delícia. São coberturas intensas, mas você sai delas completamente diferente, com muita coisa para pensar para sua vida. É grandioso viver esses dias", comemora.
Pela primeira vez, o público pode acompanhar os bastidores dos atletas brasileiros, através das redes sociais do Time Brasil e Glenda tem acesso direto a eles, garantindo entrevistas exclusivas e emocionantes. "Isso nunca antes tinha sido feito, é um trabalho para que as pessoas possam conhecer mais essa rotina dos atletas. Esse ambiente é muito inspirador com seus acontecimentos, é bacana ter acesso a isso", diz.
Apesar de estar atarefada com os horários das competições em Tóquio e produção de conteúdo para o Brasil, Glenda falou com o NaTelinha sobre a experiência de cobrir os Jogos Olímpicos na pandemia, recordou o encontro com a medalhista olímpica mais jovem do Brasil, Rayssa Leal, de 13 anos, e relembrou as críticas recebidas nas Olimpíadas 2016, na cobertura da Globo, após fazer sua estreia como narradora.
"Foi um estranhamento grande ter uma voz feminina na narração e não uma masculina, como a gente estava acostumado, até mesmo para mim. Era uma outra proposta, nunca me imaginei como uma narradora e sim como uma comunicadora, como alguém que tinha experiência de repórter, apresentadora, participava de Carnaval e tanto outros projetos. Era aquilo que queria fazer e não uma narração tradicional", contou.
A estranheza causada no público por ter sido a primeira mulher a narrar uma competição na TV brasileira, provocou desconforto em Glenda na ocasião. "Hoje, olho para trás e vejo que tudo aquilo foi necessário porque amadureci como profissional, entendi o movimento das redes sociais, consegui me posicionar em toda essa situação. Acabei de alguma forma, ajudando a abrir mais portas para essa área para narração das mulheres, ou como comentarista, narradora ou repórter. Isso me deixa muito feliz", diz.
Ver Rayssa Leal ganhar medalha de prata para o Brasil no skate com apenas 13 anos emocionou Glenda por vários motivos. Bem antes de ser atleta olímpica, a menina esteve no estúdio do Esporte Espetacular e foi entrevistada por ela e Flávio Canto, aos 7 anos de idade após conhecer a skatista Letícia Bufani, de quem era muito fã.
"Quando levei ela no Esporte Espetacular, naquela época o skate passava longe de ser esporte olímpico, mas a gente via que era uma menina que tinha muito talento, chamava a atenção para a pouca idade. Como a habilidade que ela tinha era incrível, a gente sabe que em qualquer modalidade esportiva do país, é muito difícil passar pelas categorias de base. Falta apoio, falta patrocínio e no caso do skate, tem que ser patrocínio mesmo, senão vira 'paitrocínio'", conta.
A vitória de Rayssa, com tão pouca idade, também fez Glenda relembrar seu início como atleta de bodyboarder, esporte no qual foi tetracampeã mundial. Por conta disso, a apresentadora vibrou bastante também com o ouro de Ítalo Ferreira no surf.
"É muito lindo você ver essa história acontecer, ainda mais vendo que era tudo uma brincadeira da menina que se vestia de fadinha. Essa menina cresceu, amadureceu, virou essa explosão, uma medalhista olímpica aos 13 anos de idade. É lindo fazer parte dessa história. Fico relembrando a minha época porque fui campeã mundial aos 13 anos também. Fiz um mergulho na minha história, foi gostoso", relembra.
E assim como acontece com Rayssa, a apresentadora contou com o apoio dos pais para apostar no esporte e conquistar campeonatos. "Eu era muito nova quando comecei a pegar onda, tinha 10 anos de idade. Com 11 anos, fui para o Havaí enfrentar aquelas ondas enormes e meus pais sempre respeitaram a minha decisão. A mesma coisa com os pais da Rayssa, eles não só deixaram a filha andar de skate, como fecharam a parceria de fazer tudo que fosse possível para que Rayssa pudesse viajar, ir para os campeonatos, até que ela conseguisse aparecer mais e ganhar o patrocínio. Enquanto isso não acontece, os pais tem uma presença muito forte na carreira dos filhos".
Glenda destaca que a importância dos pais da Rayssa foi gigante por respeitar o sonho da filha. "Sem preconceito em cima do sonho dela, porque a gente sabe que o skate sempre foi um esporte marginalizado. É uma atitude nobre. Sou incentivadora do esporte. Meus filhos sempre praticaram algum esporte".
Gabriel, filho mais velho de Glenda, era skatista e surfista. Atualmente, aos 25 anos, é fotógrafo, músico e artista plástico. O caçula, Eduardo, 15, escolheu o esporte e decidiu ser jogador de basquete.
"Era jogador do Flamengo, capitão do time. Agora me mudei para São Paulo e vai começar no Pinheiros. O sonho dele é ser jogador da NBA, estou aqui apoiando as decisões dele porque tive isso. Qualquer coisa que o Eduardo precise, quero abrir o caminho para que ele possa seguir. O apoio dos pais é fundamental".
Com acesso direto aos bastidores das Olimpíadas, Glenda presencia de perto o talento e força das atletas femininas: Rayssa Leal, levou o prata para o Brasil no skate, Rebeca Andrade, a prata na ginástica artística individual e Mayra Aguiar garantiu seu terceiro bronze em três Olimpíadas consecutivas, na categoria até 78kg do judô. Além disso, ela destaca a coragem da ginasta Simone Biles que decidiu não disputar a prova individual geral da ginástica artística.
"Essa Olimpíada tem a força feminina. A gente está torcendo muito para as mulheres. A gente teve o caso de muita coragem da Simone abrindo mão de disputar finais em prol da sua saúde mental, foi muito corajosa essa atitude dela, de uma grandeza, a gente está falando de uma supercampeã", diz.
Em ano de pandemia em que todos passaram por dificuldades, Glenda encara isso como uma mensagem para o mundo todo. "Uma pessoa que chegou aqui em Tóquio para ser um dos grandes nomes dos jogos olímpicos. A gente tem uma mulher forte mostrando ao mundo sua fraqueza e ao mesmo tempo sua força em admitir que a vida vai muito além do esporte. Vem uma força dessas e mostra sua fragilidade", conclui.
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