Publicado em 30/01/2021 às 05:00:01
Em 2014, Téo José herdou a posição de número um da Band de Luciano do Valle (1947-2014) e narrou a final entre Alemanha e Argentina pela Copa do Mundo no Brasil. Sete anos depois, ele volta a suceder seu grande mestre e se torna a principal voz da Taça Libertadores da América. Acostumado a grandes decisões, o narrador será o responsável por eternizar o grito de gol do título do Santos ou Palmeiras e confessa que é um momento único. Recuperado da Covid-19 e sem sequelas, o locutor tomou todos os cuidados para dar a emoção que os torcedores querem ver neste sábado (30) na tela do SBT.
“Há uma preparação diferente sim [para o jogo]. Mais estudo, mais informação, recapitulando alguns bordões e um trabalho de fono constante, ainda mais depois da Covid. Não ficou nenhuma sequela, meu pulmão tá zerado, mas tem o lado psicológico e a gente trabalha com exercício. Eu já tô há um tempinho fazendo exercício de fono e há uma preparação nesse sentido. A gente também se preocupa em dormir mais, a gente se preocupa em comer bem, a gente se preocupa em tomar muita água, esse tipo de preparação e a concentração. Eu já imagino como vai ser a abertura, o que eu vou dizer, fico imagino algumas coisas que podem acontecer durante a partida e que o jogo pode ir para os pênaltis e prorrogação. Eu sou um narrador que não penso em poupar voz num jogo de futebol, numa corrida ou em qualquer outro evento esportivo, mas é preciso dominar as técnicas porque você pode chegar aos pênaltis”, conta Téo em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
Na década de 1990, a Band era o canal do esporte e fez grandes coberturas de competições internacionais, inclusive o torneio continental. Na época, Luciano do Valle recebeu o apelido de “a voz da Libertadores” e, após duas décadas, Téo é quem carrega esse título. Por conta disso, ele revela que a responsabilidade é ainda maior.
“Luciano do Valle é uma referência. Eu costumo dizer que ele é o eterno capitão da narração brasileira. Então qualquer coisa que ligue ao Luciano do Valle, você tem uma responsabilidade maior. Você ser narrador de uma televisão tão grande como o SBT, num momento tão especial, como o SBT está vivendo no esporte, essa já é uma responsabilidade pra lá de amplificada. Mas eu gosto de responsabilidade, eu gosto de desafio e, quanto maior o desafio, mais eu gosto. Isso só me dá garra, determinação, vontade e ainda a possibilidade de estudar cada vez mais para fazer um bom trabalho”, declara.
“Eu não sabia sobre o Luciano ter sido a voz da Libertadores, mas fico orgulhoso de saber que hoje se fala isso de mim em relação ao Luciano, mas é o que estou dizendo: esse momento do SBT com o esporte já é uma responsabilidade monstruosa. A minha forma de agradecer ao Luciano por esse momento é trabalhar e é isso que estou fazendo”, acrescenta.
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Em 2005, o São Paulo venceu o Athletico-PR e conquistou o tricampeonato da Libertadores. No ano seguinte, o Internacional ganhou do tricolor paulista e conquistou a América pela primeira vez. De lá para cá, não houve mais final brasileira, mas finalmente isso acontecerá. Palmeiras e Santos, que fizeram história na década de 1960, voltaram a rivalizar desde 2015, quando decidiram as finais do Campeonato Paulista e Copa do Brasil, com narração de Téo José pela Band.
Agora os dois clubes vão desempatar esse confronto em decisões nos últimos cinco anos. Com todos esses ingredientes, o narrador deixa claro que não se sente pressionado. Pelo contrário, ele apenas fica mais motivado para ser a voz de um grande espetáculo.
“Não muda nada, porque uma final de Libertadores é uma final de Libertadores. Uma final de Libertadores no SBT é uma final de Libertadores no SBT. Eu sei que são duas torcidas gigantescas, são dois times de uma tradição enorme. É a primeira vez que vamos ter uma decisão com dois times paulistas fora de São Paulo em torneio internacional. É a quarta decisão de jogo final entre Santos e Palmeiras, então tem uma série de coisas envolvidas nisso. É a terceira final só entre duas equipes brasileiras na Libertadores. Isso que é importante, decisão de Libertadores deste tamanho. Uma final de Libertadores é grande, com dois times brasileiros fica gigantesca. Pra não dizer que não muda, a motivação aumenta, mas só dá mais responsabilidade e dá o indicativo que preciso trabalhar, trabalhar e trabalhar”, confessa.
E ele garante que o foco é apenas fazer um grande trabalho junto com a equipe do SBT. Quando questionado sobre o Ibope, o locutor não desdenha dos números, mas sua preocupação com audiência só começa após o fim do apito final. Enquanto a bola está rolando, suas atenções são para a final.
“A audiência é consequência do evento, que é grandioso porque temos uma decisão entre Palmeiras e Santos, uma decisão de Libertadores da América, então é algo grandioso, e nós, da equipe do SBT, temos a consciência que precisamos trabalhar bastante. A gente tem que aceitar e é pra isso que vamos trabalhar. Essa expectativa de fazer um grande trabalho para que a gente possa, de alguma forma, um evento tão grandioso como é uma final de Libertadores e no templo do futebol que é o Maracanã. A audiência vai ser consequência disso tudo, por isso não me preocupo com os números antes do evento e durante o evento. Vou pensar em audiência depois do evento, então eu me preocupo agora em trabalhar, tá bem preparado em todos os sentidos junto com a minha equipe para que possamos fazer um trabalho do tamanho do evento, que é gigantesco. Que a gente possa contribuir de alguma forma para que essa audiência possa alcançar o índice que as pessoas estão esperando. Já eu estou esperando um bom trabalho, um grande jogo. Depois a gente pensa em audiência”, reflete.
Em junho, o SBT surpreendeu ao fechar acordo com o Flamengo e exibir a final do Campeonato Carioca. Téo ainda trabalhava no Fox Sports, mas recebeu o convite para narrar a partida e teve o aval da sua antiga emissora para aceitar o chamado. Pouco tempo depois, o canal de Silvio Santos revelou que exibiria a Libertadores e a conversa com o locutor precisou mudar.
Desta vez, o SBT não estava disposto a ter José apenas como empréstimo. A emissora fez uma proposta e ele não pensou duas vezes para acatar o pedido. O profissional deixou o canal pago esportivo e virou o número um da empresa de Silvio Santos.
“Tenho o maior carinho pelo Fox Sports, porque abriu as portas em um momento difícil, mas eu nunca escondi de ninguém que o SBT é a minha casa. Quando recebi a proposta para fazer o Fla-Flu primeiro, final do Campeonato Carioca de 2020, eu fui com uma alegria enorme. Eu sabia que era apenas um jogo, mas fui muito feliz. Quando recebi a proposta de estar nesse projeto atual do SBT, a minha conversa não durou nem três minutos, tanto que só falei de salário depois que já tinha aceitado a proposta. Outro dia, escutei do Vanderlei Luxemburgo dizendo o seguinte: ‘Receber um convite do Vasco não era um convite, mas uma convocação’. É o que eu digo: ser chamado pelo SBT não é um convite, mas uma convocação. Convocado, eu tenho que ir”, declara-se.
E ele se mostra ansioso com novos eventos no SBT. Téo explica que há uma movimentação da direção da casa para que outros campeonatos sejam exibidos na tela da emissora e seu desejo é poder emprestar sua voz para contar cada detalhe ao público dos acontecimentos desses torneios.
“Eu vejo uma movimentação da diretoria do SBT em busca de outros grandes eventos e eu estou na torcida. Além da Libertadores, que tá sendo um sucesso total, a gente possa ter outros eventos e trabalhar para que esses eventos sejam um sucesso. Mas sobre isso [compra de campeonatos esportivos], eu não sei, porque isso fica com a diretoria. A gente sabe que a diretoria está em busca de oportunidades e torço para que essas oportunidades apareçam e o SBT tenha condições de tê-las num futuro bem próximo. Mas o foco total é na Libertadores e no Arena SBT, nosso programa de segunda-feira, comandado pelo Benjamin Back”, concluiu.
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