Publicado em 31/10/2019 às 04:56:07
A filha do apresentador Bolinha (1936-1998), Vitória Cury, prepara uma série de homenagens póstumas ao icônico artista das camisas coloridas. Dentre os projetos, estão previstos para 2020 um documentário, biografia, bloco de Carnaval, um musical e shows com artistas que ganharam projeção nacional no Clube do Bolinha, que na década de 90 era exibido nas tardes de sábado e alcançava a maior audiência da programação da Band.
Com previsão de estreia para julho do ano que vem, o que vem se destacando entre as homenagens é a produção do documentário pela Cathedral Films, liderado pelo diretor Bruno Ravignoli. De acordo com Vitória Cury, o roteiro pretende revelar histórias inéditas e segredos dos bastidores do programa do Bolinha.
"Os artistas que estavam passando por dificuldades ele dava apartamentos para eles morarem. Isso ninguém fala. Quando meu pai morreu, três vieram falar comigo", adianta a filha do apresentador ao NaTelinha.
Ela completa: "O documentário é pra não deixar morrer a memória dele, nunca. A experiência de vida desse homem, a lição de vida, independente de ser meu pai, a vida dele fora da TV era muito mais bonita. Então, tem diretores e assessores que acreditaram muito no meu projeto. Há nove anos que estou lutando por tudo isso. Começou com o Instituto Edson Bolinha Cury, que já está na Câmara Municipal pra ser votado. Estamos reivindicando um espaço físico em Santos, onde ele tanto viveu".
Bolinha morreu em 1998 devido a complicações de um câncer no aparelho digestivo. Seu programa exibido pela Band ficou no ar durante 21 anos e se destacou com os quadros de Calouros e o Eles e Elas, onde abria espaço para apresentações de dublagens com travestis e drag queens.
"O livro, documentário, bloco de Barnaval, o musical, o grupo das Boletes, a caravana dele, que está voltando, graças a Deus, todas essas ações eu tirei de mim mesma, de experiência de vida. Os fãs, que agradecem muito, não deixaram eu cair na depressão. Eu sinto aquele carinho e meu respeito. Isso me faz reviver todas as histórias que vivi com ele. Após a perda do meu pai, que era meu porto seguro em todos os sentidos, eu tive vontade de nunca mais começar mais nada", desabafa Vitória Cury.
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Nesta quinta-feira (31), ela dá o pontapé inicial nas homenagens ao seu pai. Vitória estreia o show 20 anos sem Bolinha no Centro Cultural Olido, em São Paulo, às 19h, com entrada franca. Entre os convidados, se apresentarão no palco os cantores Dudu França, Ângelo Máximo, Ovelha e as Boletes originas.
"Eu queria montar um show a cada mês. Porque o público quer muito rever os artistas que trouxeram tantas alegrias na vida dele. Eu preciso deixar esse legado. Eu preciso que gerações futuras se espelhem num homem que foi tão digno, tanto na profissão e na vida pessoal. Eles precisam saber quem foi meu pai. A televisão brasileira deve isso à ele. Meu pai foi um lutador e batalhador pela profissão. Amor, garra. Quando eu digo isso, eu falo desde o comecinho, lá em Araçatuba... Dele fazendo propaganda na rua e sendo Rei Momo aos 16 anos. Ele fazia show em praça pública levando artistas da época, como Nelson Rodrigues, Cauby Peixoto e Dalva de Oliveira. Isso com 20 anos. Tinha uma cabeça muito além do se tempo. Eu tenho muito orgulho de ser filha dele", destaca.
Mesmo sendo um dos principais artistas na história da emissora, a Band nunca procurou Vitória Cury para produzir uma homenagem ao apresentador. À reportagem, ela explica que isso lhe deixa "extremamente chateada" mas que tem esperança que a Band, em algum momento, reconheça a importância do seu pai.
"Eu fico extremamente chateada. Eu ainda tenho esperança que a Band reconheça o grande artista que foi meu pai dentro da televisão brasileira. Principalmente dentro da família Band [Saad]. Eu creio sim, que eles vão fazer alguma coisa em homenagem à ele", encerra.
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