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Raio-X da crise: Emissoras sofrem com recesso e cortam pessoal desde 2015

Canais enfrentam problemas financeiros após a recessão; mais recente foi a RedeTV!

Emissoras enfrentam crise - Foto: Montagem
Por Naian Lucas

Publicado em 23/10/2019 às 05:19:00

A RedeTV! vive nesta semana mais uma grave crise. A direção da emissora cortou as horas extras dos funcionários de todos os setores, gerando um clima preocupante, cheio de tensão e até com aviso de greve. Mas problema financeiro não é exclusividade do canal de Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho.

Em 2013, o país entrou em recessão e as emissoras passaram a conter despesas, demitindo profissionais, negociando salários menores, evitando estrear novos programas e até suspendendo investimentos em diversos setores, como dramaturgia e entretenimento, com mais força a partir de 2015.

A RedeTV! tem sido o maior exemplo de como a situação está difícil para os veículos de comunicação, incluindo as maiores emissoras da TV aberta no Brasil.

O ano de 2019 chegou cercado de expectativas, por conta do novo governo. Mesmo assim, a direção do canal decidiu contratar um serviço de consultoria da empresa HR4 Human Resources para apontar caminhos na redução de despesas na folha do departamento pessoal.

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A decisão deixou profissionais da emissora insatisfeitos e definiu que poderá realizar uma paralisação. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo realizou uma assembleia em que ficou decretado estado de greve da categoria na RedeTV!. Ou seja, seguindo a lei, os funcionários deram o prazo de 48 horas para a emissora se mexer, caso contrário, prometem cruzar os braços para valer na quinta (24).

Procurada pelo NaTelinha, a emissora enviou comunicado confirmando que todas os setores foram atingidos com o fim das horas extras, desde domingo. Mas nega os altos salários de PJs estejam atrasados.

Confira como a crise atingiu as outras emissoras:

Record

A crise na Record iniciou em 2014 e a direção do canal adotou uma política de corte de gastos e demissões, com isso, a emissora garantiu lucros entre 2015 a 2017. Entretanto, balanço contábil divulgado no começo de abril indicou que a empresa do bispo Edir Macedo fechou o ano passado com prejuízo de quase R$ 23 milhões.

A Record sofreu com a queda de receitas publicitárias e o loteamento de horários para a Igreja Universal não foi suficiente para conter o rombo. Em contrapartida, o prejuízo foi justificado por conta de maiores investimentos em produções, como duas novelas simultâneas. Vale lembrar ainda que o canal não demitiu funcionários em larga escala.

Já em 2016, aconteceu o contrário: a Record anunciou a demissão de cerca de dois mil funcionários, causando pavor no mercado. Foi neste período que houve a terceirização de suas novelas em contratos com as produtoras, com a intenção de diminuir custos.

Apesar de em 2019 ter reformulado o jornalismo, a Record não realizou grandes investimentos em contratações e apresentou poucas novidades na programação, como o The Four e o Top Chef. De resto, a emissora manteve investimentos em programas já conhecidos.

A dramaturgia estreou Topíssima e Jezabel praticamente ao mesmo tempo, contudo, adiou a próxima trama bíblica, Gênesis, ficando para o ano que vem.

Globo

Nos últimos cinco anos, a Globo viu seu faturamento cair em 15% e sofreu com prejuízo operacional de meio bilhão de reais em 2019, o que obrigou a direção a enxugar a folha salarial, evitando novos prejuízos.

A emissora tem conversado com medalhões e proposto redução de salário, como ocorreu com Galvão Bueno. Vale lembrar que, a fim de aplacar a queda nos rendimentos de seus contratados na área esportiva, houve liberação para a realização de comerciais, o que era proibido até então. Apenas a área esportiva conseguiu tal liberação.

Ana Maria Braga, Luciano Huck, Fátima Bernardes, Fausto Silva, Aguinaldo Silva, Pedro Bial e William Bonner devem passar pelo corte que girarão entre 20% e 40%, conforme noticiou o NaTelinha. Além disso, muitos empregados estão saindo do contrato PJ (Pessoa Jurídica) para CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

O canal ainda perdeu muitos nomes, principalmente na área de jornalismo. Só em 2019, deixaram a Globo Ivan Moré, Glenda Kozlowski, Cris Dias, Mari Palma, Fernanda Rocha, Phelipe Siani, Sergio Aguiar, Márcio Canuto, entre outros.

Na dramaturgia os cortes também vêm ocorrendo, tanto que muitos atores e diretores estão apenas sendo contratados por obras, exemplo disso foi Bianca Bin. O canal tem compreendido que o mercado não está aquecido e não enxerga necessidade de ter um casting vasto de artistas exclusivos.

SBT

O SBT teve uma diminuição de receita de quase 13% de 2015 a 2018, mas conseguiu manter as contas equilibradas entre 2017 e o ano passado. O canal se viu na obrigação de realizar uma política de diminuição de gastos, cortando funcionários e despesas fixas a fim de manter a saúde financeira da empresa.

A direção da emissora de Silvio Santos também freou novas contratações, diminuiu verbas de produção do setor de entretenimento, evitou que viagens em coberturas de eventos – com exceção ao jornalismo – e ainda realizou manutenções em alguns pontos visando economias na conta de luz e água.

Em 2019, o SBT passou a investir um pouco mais em sua programação e antigas atrações, como o Domingo Legal e o programa Eliana. Patrícia Abravanel, Programa da Maísa e Famílias Frente a Frente também receberam investimentos e passaram a fazer parte da grade. A ressalva é que todos os novos programas da casa somente estrearam após estarem totalmente comercializados, nova regra imposta pelo patrão.

Apesar disso, a emissora também foi impactada pela recessão e anos sem lucro. No último dia 17, a direção do canal fez uma série de cortes de pessoal, inclusive demitindo a repórter Kallyna Sabino.

Outros setores passaram pelo processo de demissões naquela mesma semana. Antes mesmo de estrear, profissionais de Patinho Feio, novela prevista para substituir As Aventuras de Poliana, foram desligados.

Dois funcionários comerciais também acabaram entrando no time de desempregados, bem como gente da área operacional do Programa do Ratinho, Domingo Legal e Esquadrão da Moda.

Band

O começo do ano trouxe uma batalha judicial envolvendo a família Saad. O presidente Johnny Saad correu o risco de perder a presidência da emissora, já que Márcia, Marisa e Maria Leonor quiseram retirar o irmão do cargo. A briga parou na Justiça e o atual mandatário conseguiu se manter no poder.

A Band vem sofrendo com problemas financeiros desde 2015, demitindo pessoal e cortando despesas. Para estrear atrações, a direção avisou tudo dependia do setor comercial, ou seja, quando as cotas de propaganda estiverem compradas.

O Aprendiz e o reality show de jornalismo de Ana Paula Padrão são dois exemplos disso, mas com histórias diferentes. O programa apresentado por Roberto Justus vendeu as cotas de publicidade rapidamente e ainda garantiu uma segunda temporada, mesmo com audiência média de apenas um ponto.

Já a atração proposta por Ana Paula Padrão continua sem previsão de estrear, correndo risco até de ir para a gaveta, mesmo a Band tendo lançado um teaser divulgando a produção.

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