Publicado em 12/03/2024 às 21:30:00
O projeto Nas Garras da Lei recebe por mês cerca de 9 mil chamados envolvendo maus tratos à equinos, porém a maioria deles não resiste aos ferimentos. Protagonista de uma história de violência, o cavalo Grego foi escolhido para representar o grito de basta contra as atrocidades a esses animais.
Resgatado em 2022, Grego recebeu atendimento médico e foi adotado pela ONG Renovar Equoterapia, que tem as suas atividades no batalhão da Polícia Militar no munícipio de Mesquita, na Baixada Fluminense. Após superar as sequelas das agressões, o animal ganhou uma ocupação: atua na reabilitação de crianças especiais e idosos.
Em parceria com a Renovar, os integrantes do grupo Nas Guarras da Lei promovem palestras online, lives e outras ações envolvendo advogados, veterinários e protetores, em prol da conscientização dos tutores que fazem uso da tração animal. São realizadas também operações para o resgate de cavalos em estado de vulnerabilidade.
"Ao contrário do que as pessoas pesam por causa do seu tamanho, a saúde dos equinos é muito frágil. E qualquer tratamento para eles tem custo elevado. São animais que estão sendo renegados, explorados e são tão dóceis", conta o policial civil Rafael Cazes, idealizador do grupo.
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O pequeno Bernardo, de 8 anos, foi diagnosticado com transtorno do espectro autista e hipotonia congênita quando tinha um ano de idade. Desde então, ele já passou por uma série de terapias, mas nenhuma foi tão eficiente para melhorar a parte motora quanto a equoterapia.
“Ele não conseguia subir escadas e nem interagia com a intensidade que faz hoje, após começar a equoterapia. Ele evoluiu muito com o tratamento, num aspecto global, está mais amoroso, tranquilo, com maior autonomia”, conta a servidora pública Suelyn Porto de Oliveria, mãe do Bernardo.
O principal responsável pela evolução na saúde de Bernardo é Grego, que após um longo tratamento veterinário para curar as marcas dos maus tratos, foi treinado e integrado no atendimento às crianças especiais pela Renovar.
"Quando acolhemos o Grego, pensamos que ele não fosse resistir aos ferimentos, tinha uma ferida grave no seu dorso. Mas conseguimos salvá-lo e hoje ele está completamente recuperado e adaptado às atividades que vem desempenhando. Ele nunca mais vai passar por um sofrimento dessa natureza, porque ficará para sempre na nossa família. Falar deles [se referindo aos animais resgatados], não dá para ser pouco. O nosso trabalho busca sempre contribuir, com muito amor e respeito, com todos que precisam da reabilitação, integrando esses dois polos, o animal e o ser humano", comenta Vivian Bortolini, fisioterapeuta e coordenadora do projeto.
Num período de sete meses, Grego e Bernardo passaram por adaptações e, aos poucos, foram criando laços e afeição. “Em casa, o Bernardo passou a emitir o som dos passos do Grego, pedia para brincar de cavalinho e foi emboçando uma alegria que a gente nunca tinha visto antes”, comemora Suelyn.
Segundo a mãe, nos dias de terapia o menino fica ansioso para chegar ao batalhão e durante o trajeto de carro vai cantando e brincando, algo que não fazia antes. “Fomos, inclusive, chamados na escola dele e os professores comentaram a melhora no comportamento, no foco e no rendimento, o que vem ajudando demais no aprendizado”, relata a mãe da criança.
Moradores do município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, os pais de Bernardo descobriram a equoterapia através de uma pesquisa nas redes sociais.
“Vimos que a Renovar funciona em um batalhão da PM, o que nos deu mais confiança. E com o tempo, fomos constatando os resultados extremamente positivos, especialmente pelo contado dele com os animais, a natureza. A equoterapia consegue tratar a criança de uma forma global, o que é espetacular”, diz Suelyn.
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Grego foi resgatado no dia 11 de novembro de 2022, por Rafael Cazes. O policial retornava de uma diligência no Meier, na Zona Norte do Rio, quando avistou o cavalo transportando três menores. O animal estava sendo espancado e ainda carregava uma carroça, completamente debilitado e com vários ferimentos.
Grego foi levado para a Fazenda Modelo e os menores apreendidos e enquadrados por ato infracional análogo ao crime de maus tratos, além das sanções administrativas previstas na Lei Municipal 7194/2016, que proíbe carroças puxadas por animais.
Desde 2020, o programa já salvou mais de 600 animais por meio de operações policiais de resgate, algumas delas resultou na prisão de tutores que foram enquadrados nas leis de defesa dos animais. O projeto conta com o trabalho de policiais civis, militares, bombeiros, agentes penitenciários e de profissionais de outros setores, como advogados e veterinários. Todos os profissionais são voluntários e atuam fora dos seus expedientes de trabalho.
As operações especiais não recolhem animais em vias públicas, tendo como missao coibir práticas de maus tratos denunciados pela população. “Desde 2009, venho fazendo esse tipo de ação nas horas vagas. Mas o projeto engatou mesmo em 2020, após sanção de uma lei mais punitiva. A partir desse momento, tivemos condições de fazermos algo eficaz contra os maus tratos”, explica Rafael Cazes.
Em setembro de 2020, o governo federal sancionou a Lei 14.064/20, aumentando a pena para maus tratos contra cães e gatos. A legislação determina que a prática de abuso, maus-tratos, ferimento ou mutilação a esses animais domésticos, considerados as principais vítimas de crimes, deve ser punida com pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa e proibição de guarda.
O decreto alterou a Lei Ambiental 9.605/98, criando um item específico para as espécies. “Nunca imaginamos que fossemos viver para ver isso, ainda falta caminhar em direção às leis que protejam os equinos e outros animais que sofrem nas mãos dos tutores. É uma discussão complexa e muito rica, mas iniciamos essa evolução muito bem”, considera Cazes.
A partir da nova legislação, o Nas Garras salvou mais de 600 animais, principalmente na Baixada Fluminense e São Gonçalo, na Região Metropolitana. Após as operações policiais, os animais resgatados são encaminhados aos cuidados veterinários em clínicas parceiras. Na sequência, os pets ficam hospedados em locais que dão apoio ao programa. “Nosso projeto é caro e 90% das doações vem dos próprios voluntários e dos servidores da Segurança Pública”, conta o agente.
O acompanhamento do grupo continua após a adoção. “Depois do resgate e primeiros cuidados, a gente começa o monitoramento do animal, levamos parte deles para feiras de adoção, na qual filtramos o perfil do adotante. Fazemos visitas a eles após a adoção”, comenta. Além disso, o grupo assessora delegacias distritais e especializadas em casos que envolvem resgate de animais.
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