Publicado em 12/07/2023 às 09:32:51
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu uma representação ética contra a campanha publicitária de 70 anos da Volkswagen, na qual a cantora Elis Regina, que morreu em janeiro de 1982, aos 36 anos, aparece cantando, enquanto dirige uma Kombi através de uma ferramenta da Inteligência Artificial (IA).
Na propaganda Elis surge ao lado de sua filha, a cantora Maria Rita, que aparece dirigindo um modelo mais moderno da Kombi. Elas cantam juntas a música "Como Nossos Pais", passando uma ideia de que a cena foi real, quando, na verdade, foram utilizados recursos tecnológicos e até uma dublê de Elis.
A Deepfake é uma ferramenta considerada perigosa, pois é capaz de trocar rostos de pessoas em vídeos e sincronizar com os movimentos da boca e olhos para dar esse efeito de uma cena real.
Em nota enviada à CNN, o Conar afirma que a representação foi motivada por queixas de consumidores. “O Conar abriu hoje, 10 de julho, representação ética contra a campanha ‘VW Brasil 70: O novo veio de novo’, de responsabilidade da VW do Brasil e sua agência, AlmapBBDO.
Os consumidores estão questionando se é ético utilizar IA visando dar a impressão que uma pessoa que já morreu está viva, como a propaganda. Algumas questões abordadas têm relação com “respeito à personalidade e existência da artista, e veracidade”.
A representação ainda estuda se a propaganda da Volkswagen pode causar confusão entre ficção e realidade para algumas pessoas, principalmente crianças e adolescentes, que não conhecem Elis Regina ou sua história. Isso também é uma reflexão para novos comerciais do futuro, já que a tendência é que a IA seja cada vez mais utilizada.
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Apesar de toda a polêmica, Maria Rita, que tinha apenas 4 anos quando Elis Regina morreu, aprovou o resultado e comentou nas redes sociais.
"A Volkswagen tá completando 70 anos de Brasil. e, para comemorar, me convidou para participar de uma campanha linda, de arrepiar… além disso, eu realizei meu sonho. foi um momento mágico" escreveu ela no Instagram.
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Apesar do reencontro de mãe e filha ter emocionado muita gente, a campanha gerou polêmica nas redes sociais. Muitos se incomodaram com o uso da música utilizada, que era um protesto contra a ditadura militar no Brasil (1964-1985).
A Volkswagen foi apontada como cúmplice da repressão e assinou em 2021 um acordo com o compromisso de destinar R$ 36,3 milhões a ex-empregados presos, perseguidos ou torturados, assim como a iniciativa de promoção de direitos humanos.
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