Publicado em 09/08/2022 às 04:57:00,
atualizado em 09/08/2022 às 09:09:31
Na novela Além da Ilusão, Olívia (Débora Ozório) continua sofrendo desde que soube da impossibilidade de ter filhos. A personagem entrou em pânico com a notícia dada pelo médico, após ter levado um tiro e se sente sem saída, com a mãe de seu marido, Tenório (Jayme Matarazzo) sugerindo que ele deveria se desquitar. Mas esse sofrimento acontece nos anos 40 porque a saída única é a adoção, que ainda não era tão popular no Brasil. Se a trama da Globo se passasse atualmente, haveria outros planos, inclusive a barriga solidária.
Com a cirurgia de histerectomia, Olívia não pode mais ser mãe biológica e sua única saída seria a adoção. O casal ainda não decidiu qual caminho tomará, mas ele teria outras opções nos tempos atuais. Diferente do que mostrou Glória Perez em Barriga de Aluguel (1989), o Brasil proibiu esse tipo de recurso através da Lei 2.168/17. Essa é a mesma lei em que o Conselho Federal de Medicina autoriza a Barriga Solidária, desde que seguindo regras. A principal é de que não pode haver nenhum tipo de comercialização da prática, ou seja, não é possível pagar para que uma mulher engravide. Mas é preciso a autorização do Conselho e mesmo um parente de até quarto grau pode servir para a reprodução assistida.
Diferente da falta de solução em Além da Ilusão, no Brasil a barriga solidária vem ganhando cada vez mais espaço. O humorista Paulo Gustavo e o médico Thales Bretas lançaram mão exatamente desse recurso. Geneticamente, os filhos são do casal foram gerados por barriga de aluguel, fora do Brasil. Outro casal famoso que recorreu ao método foi a atriz Adriana Garambone e Arthur Papavero. Ela estava com dificuldade de engravidar porque os embriões não conseguiam fixar em seu útero. Depois de cinco anos de tentativas, o casal aderiu ao método através de uma agência no Nepal.
Na novela das 18h não seria possível o uso da reprodução assistida, já que ela não existia nos anos 40, mas atualmente é o caminho do futuro. Especialista em reprodução humana pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e diretor da Clínica Pró Nascer, no Rio de Janeiro, o médico João Ricardo Auler esclarece que em caso de barriga solidária é utilizada a fertilização in vitro, técnica de reprodução assistida que consiste na união do espermatozoide com o óvulo em processo laboratorial resultando na formação do embrião, que é posteriormente introduzido no útero na barriga solidária.
Antes desse procedimento, ocorre a coleta dos óvulos, que ficam congelados por tempo determinado pelo casal. O procedimento de congelamento de óvulos engloba, além da coleta, o uso de medicamentos e exames laboratoriais e de imagem necessários à avaliação médica preliminar.
Para as mulheres em idade fértil que querem evitar a barriga solidária, o especialista faz uma recomendação. “A mulher que pretende congelar os óvulos, deve fazer esse procedimento o quanto antes porque há uma queda de fertilidade após os 25 anos reduzindo as chances de uma gravidez naturalmente. Para se ter uma ideia, as chances de engravidar de forma natural dos 30 aos 35 anos é de 15%; dos 36 aos 40, cai para 9% e acima dos 40 anos gira em torno de 3%. Daí a importância de congelar os óvulos ainda jovens, preferencialmente no ápice da idade reprodutiva”, explica.
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