Publicado em 20/07/2022 às 05:49:00,
atualizado em 25/07/2022 às 20:33:13
Em 28 de dezembro de 1992, uma tragédia abalou a equipe da novela De Corpo e Alma, que havia estreado em 3 de agosto daquele ano. Daniella Perez, a Yasmin da trama, foi assassinada com 18 golpes de faca por Guilherme de Pádua, seu colega de elenco, que interpretava o motorista de ônibus Bira. Nos sete dias que sucederam o crime, Gloria Perez, autora do folhetim e mãe de Daniella, deixou para Gilberto Braga (1945-2021) e Leonor Bassères (1926-2004) a responsabilidade de escrever os capítulos e apresentar uma alternativa para o desaparecimento dos dois personagens.
Na novela das oito, Yasmin era uma bailarina apaixonada por Caio (Fábio Assunção). Porém, com as desavenças que existiam entre as duas famílias, que eram inimigas, a jovem acabou tendo um rápido envolvimento com Bira, um homem bruto e machista que era próximo dos familiares da moça. Horas antes do crime, os atores gravaram uma cena em que a dançarina termina o namoro com o rapaz.
Na semana seguinte à morte da filha, Gloria Perez voltou ao trabalho e retomou a condução da novela. Uma viagem de estudos foi a solução encontrada pelos autores para explicar a saída de Yasmin da história, já Bira simplesmente deixou de existir. Ao final do primeiro capítulo sem Daniella, os atores e o diretor Fábio Sabag (1931-2008) prestaram uma homenagem à atriz com depoimentos gravados. Já no episódio que encerrou a trama, Stênio Garcia leu uma carta escrita pela autora e dedicada a sua filha.
Após o crime que tirou a vida de Daniella, a autora incluiu mais dois assuntos polêmicos na novela: a morosidade da Justiça e a inadequação do Código Penal. O caso repercutiu tanto e gerou uma comoção tão grande que a escritora colheu mais de um milhão de assinaturas na tentativa de mudar a Lei de Crimes Hediondos, a lei 8.072/90, e conseguiu, assim o homicídio qualificado passou a ser considerado crime hediondo.
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"Gente de todo o país escrevia, pedindo as listas, que eram passadas em repartições, escolas, shows, nas ruas mesmo. E chegavam a nós pelo correio. Nessas condições inimagináveis para a geração de hoje, conseguimos, em apenas três meses, reunir 1.300.000 assinaturas - a lei só pedia 1.000.000. E as levamos ao Congresso", lembrou Gloria, em uma publicação feita em 2017, quando a morte de Daniella completou 25 anos.
Na próxima quinta-feira (21), estreia na HBO Max o documentário Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez. As principais imagens da série sobre o assassinato de Daniella Perez trazem vídeos caseiros feitos pela mãe da atriz. “A vida parecia uma estrada linda, aberta. A gente só via coisas boas no horizonte. De repente, tudo isso explodiu, foi sugado”, diz a escritora, em depoimento para a produção. “A verdade é uma só, versões são muitas”, acrescenta ela.
Ao contrário de diversas novelas que já ganharam reprises no Vale a Pena Ver de Novo ou no Canal Viva, De Corpo e Alma (1992) nunca teve uma reapresentação, apesar de ter conseguido alcançar mais de 50 pontos de audiência quando foi exibida e ter sido vendida a diversos países, como Chile, Paraguai e Bolívia.
As informações são de que a trama nunca foi reprisada a pedido da própria autora, Gloria Perez, que teve o trabalho marcado pela maior tragédia de sua vida, o assassinato de sua filha, Daniella, de apenas 22 anos. Uma reprise, além de resgatar lembranças dolorosas à escritora, também colocaria o assassino, Guilherme de Pádua, em evidência.
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