Publicado em 02/06/2022 às 04:59:00,
atualizado em 02/06/2022 às 11:39:18
Pat (Paolla Oliveira) e Moa (Marcelo Serrado), protagonistas de Cara e Coragem, trabalham como dublês e, logo na estreia da novela das sete, já surgiram estrelando uma cena de ação. Bruno Santana, Mayra Suzart e Luiz Mosquito, dublês da vida real, comemoram o destaque que a trama tem dado à profissão. "Eu achei maravilhoso a Globo mostrar quem são as pessoas que realmente fazem as cenas de risco, que protagonizam esse tipo de cena perigosa. Querendo ou não, a gente está mostrando mais o nosso trabalho. Geralmente, a gente fica por trás das câmeras, só entra quando é em uma cena perigosa, uma queda de altura, uma capotagem, um corpo em chamas... A Globo tá dando uma força na nossa profissão", diz Bruno, em conversa com o NaTelinha.
O dublê ainda lamenta o fato de a profissão não ser tão reconhecida no Brasil quanto é, por exemplo, em Hollywood. "Aqui, pra gente capotar um carro, a gente cobra R$ 50 mil. Em Hollywood é US$ 100 mil. Um corpo em chamas aqui fica em torno de R$ 10 mil, em Hollywood eles cobram US$ 15 ou US$ 20 mil, porque é uma cena perigosa, vai o gel, vai a roupa antichamas...", conta, ressaltando que tudo isso exige uma grande preparação. "No Brasil vemos contratantes sem nenhuma informação sobre o risco que temos para executar uma cena, mas acredito que, com a visibilidade dessa novela, a nossa profissão será mais valorizada. Nós damos o sangue", completa Mayra.
A preparação que eles destacam inclui vários cursos, além de musculação, jiu-jitsu, karatê, corrida, boa alimentação e preparo psicológico. "Eu treino 24/48", diz Bruno. Os três eram atletas, até que se encontraram como dublês. "No meu primeiro teste como dublê executei uma queda de escada e acertei de primeira. Foi bem gratificante saber que tinha potencial", lembra Mayra.
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"Eu sempre fui um cara de esportes de ação, como skate, bike, surf... Acabei virando patinador profissional na modalidade street e, por causa disso, fui chamado pra participar de uma cena de um filme. Aí me interessei muito, comecei fazer o curso e hoje atuo como dublê de ação", detalha Luiz Mosquito.
Mosquito e Mayra dizem que as situações de maior risco pelas quais já passaram envolvem "o corpo em chamas", mas Bruno lembra de outro caso. "O salto de carro em movimento eu era acostumado a fazer 10, 15, 20, 30 vezes em um dia, treinando. Sou acostumado a fazer até a 80 km/h. E aí a gente foi gravar uma matéria, estava chovendo e eu não vi que a porta estava molhada. Assim que eu abri o carro, pisei na parte de ferro da porta, escorreguei e bati a costela. Na mesma hora eu fiquei sem ar [risos]. Levantei, limpei a porta, o carro acelerou, aí fiz normal e saiu tudo certo. Esse foi um erro que eu tive depois de 15 anos como dublê, 15 anos sem ter uma costela quebrada sequer, ou algo do tipo. Nunca tive. A importância da preparação do dublê é pra esse tipo de situação. Todos os meus dublês eu preparo pra receber pancada. Porque se o corpo do dublê é duro, se ele cair de um carro a 50km/h dificilmente ele vai sentir dor", explica ele, que é fundador da equipe Dublês & Atores, centro de treinamento que forma e oferece mão de obra especializada para produções de TV e cinema e campanhas publicitárias.
Em Cara e Coragem, Pat e Moa foram contratados por Clarice (Taís Araújo) para pular de paraquedas em um lugar de difícil acesso e resgatar uma pasta com uma fórmula que pode ser revolucionária para o bem ou para o mal. Na trama de Claudia Souto, os dublês só aceitaram a ideia porque negociariam um valor altíssimo como pagamento. Bruno Santana, dublê da vida real, lembra de um convite desse tipo. "Eu já recebi propostas assim, de meio milhão a R$ 900 mil, por trabalhos perigosos que poderiam vir a causar algum dano, mas dificilmente isso iria acontecer porque primeiro eu vou averiguar o lugar e montar uma estratégia de segurança em cima disso, com plano A, plano B, plano C", pontua ele.
"Uma das situações mais engraçadas que eu vivi como dublê foi quando uma produtora contratou a minha equipe e falou que iriam fazer uma queda de altura e o lugar era gigante. Aí levei todo o material, corda, colchões, caixas de papelão, entre outras coisas, pra fazer uma queda de um lugar alto. Cheguei lá, eram dois metros e pouco [risos]. Falei 'gente, vocês nos fizeram criar uma mega estrutura e no final nem precisava de tudo isso'. Mas a gente finalizou o trabalho e saiu todo mundo dando risada, pensando que era um lugar mega alto", completa.
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