Para Eliane Giardini, O Clone afastou estigma sobre muçulmanos: "O povo aprendeu a amar"
Novela foi lançada dias após ataques de 11 de setembro e fez sucesso em vários países; trama volta ao ar nesta segunda (4)
“Quando houve o ataque [em 11 de setembro, nos EUA], nós já estávamos quase estreando. Foi uma surpresa para todos”, relata Eliane Giardini: Fotos: Reprodução/Instagram e Divulgação/TV Globo
Publicado em 04/10/2021 às 08:29:00, atualizado em 04/10/2021 às 10:04:23
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Personagem de Eliane Giardini, Nazira era porta-voz das tradições muçulmanas em O Clone, novela que volta ao ar nesta segunda-feira (4), na Globo. À espera de um bom casamento, a solteirona amargurada e dramática tinha tudo para despertar antipatias, mas conquistou o público, contribuiu para a identificação da audiência com a cultura islâmica e se tornou um dos papéis mais marcantes da atriz na TV.
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, Eliane Giardini lembra que O Clone foi lançada poucos dias após os ataques terroristas ao World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001. “Quando houve o ataque, nós já estávamos quase estreando. Foi uma surpresa para todos”, recorda a atriz. Na época, a tragédia acendeu o alerta da emissora, que temia rejeição à abordagem na novela das oito.
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“Ficamos receosos, claro, mas a novela abordava o cotidiano de pessoas comuns, o que foi fundamental, naquele momento, para não se generalizar. Acho que contribuiu muito para a consciência de que não são todos terroristas. E o povo aprendeu a amar aquela cultura, fazendo o devido recorte.”
Sucesso atemporal, O Clone é uma das novelas brasileiras mais vendidas para o exterior
No Brasil, O Clone passou longe de afugentar o público. Ao contrário, foi um sucesso de audiência e caiu na boca do povo. Expressões populares entre os marroquinos da novela tomaram as ruas. O sucesso se estendeu em vários países pelo mundo; a novela de Glória Perez, com direção de Jayme Monjardim, é uma das mais exportadas da Globo e ganhou até um remake na Colômbia, El Clon, lançado em 2010.
“Fiquei muito feliz ao saber da reprise, 20 anos depois. É uma grande novela, que fez muito sucesso em todos os lugares em que passou, independentemente do tempo. Tem tudo para repetir o sucesso agora.”
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Eliane Giardini
A atriz lembra que a preparação foi intensa para dar veracidade aos personagens. “Estudamos danças, culinária, palestras, improvisações… Fizemos uma viagem no início das gravações com o elenco todo do núcleo muçulmano para Fez, no Marrocos. Isso foi determinante para o entrosamento dos atores com esse universo tão rico.”
Megera cômica, Nazira ganhou um final lúdico e rendeu prêmio importante a Eliane Giardini
Na história, Nazira infernizava a vida das cunhadas Jade (Giovanna Antonelli) e Latiffa (Letícia Sabatella), em defesa da submissão exigida às mulheres em relação aos maridos. Ao longo da trama, tenta se casar, mas nada consegue. No último capítulo, tem um final feliz e lúdico (alerta spoiler): sai voando, montada em um cavalo alado com Miro (Raul Gazolla), por quem nutria uma paixão platônica.
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A sequência está entre as cenas mais lembradas da novela. O desfecho teve a aprovação da intérprete: “Achei coerente com a trajetória da personagem, que buscava na fantasia uma realização que não teve na vida real”.
Pelo papel, a veterana foi eleita a melhor atriz de TV pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), em 2002. “A gente sempre dá o melhor possível e o impossível. Quando acontece o reconhecimento é a finalização mais gratificante. Prêmios, então... São muito bem-vindos”, resume.
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O trabalho mais recente de Eliane Giardini na TV foi na segunda fase de Amor de Mãe. Agora, ela ensaia seu retorno aos palcos em uma peça com o Marcos Caruso, repetindo a dobradinha de sucesso da novela Avenida Brasil (2012). Em janeiro de 2022, eles estreiam em Portugal. Em junho, a atriz começa a gravar Olho por Olho, próxima novela de João Emanuel Carneiro para as 21h.
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