Publicado em 09/08/2021 às 08:59:32,
atualizado em 09/08/2021 às 09:20:20
A Globo estreia Nos Tempos do Imperador na próxima segunda-feira (09) e a trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão entra em cena recheada de expectativas, também pudera, é a primeira produção totalmente gravada no período de pandemia da Covid-19. Com elenco estelar, comandado por Selton Mello no papel de Dom Pedro II, o folhetim das 18h promete ser carregado de emoção e ação para envolver o telespectador.
Tratada como uma espécie de continuação de Novo Mundo (2017), a novela irá retratar outro momento histórico do país, o império do Brasil, sob a tutela de Dom Pedro II, filho de Dom Pedro I (Caio Castro). A trama será ambientada no Rio de Janeiro, no momento em que o Brasil busca uma identidade e mostrará momentos reais da história do país, com boa parte de personagens que realmente existiram e foram estudados nos livros.
"A novela Nos Tempos do Imperador é uma sequência da ideia de 'Novo Mundo'. A diferença entre as duas histórias é que agora já temos um Brasil estabelecido desde a Independência, feita por Dom Pedro I. Agora, temos personagens de fato brasileiros, netos dos portugueses que vieram para cá. Falar de Dom Pedro II já era um desejo meu e do Alessandro. Nós escolhemos destacar na novela as coisas que ele fez, como a relação dele com o ensino, com a cultura, e o patrocínio à ciência. Esse olhar para projetar um novo Brasil. Apesar de ter cometido alguns erros e de não ter conseguido levar à totalidade seu plano de abolição, Dom Pedro II tem coisas importantíssimas. E todos os personagens ficcionais nascem do resultado desse momento, de como estava a economia, das dificuldades desses novos brasileiros", explica a autora Thereza Falcão.
A autora, aliás, deu uma entrevista exclusiva ao NaTelinha, ao lado de Alessandro Marson, e a dupla explicou que o projeto é para uma trilogia, em que a primeira história, Novo Mundo, acompanharia a vida de Dom Pedro I, a segunda - Nos Tempos do Imperador - mostraria a trajetória de Dom Pedro II e uma eventual terceira produção será focada na princesa Isabel.
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O folhetim vem com um elenco de peso, como Letícia Sabatella, no papel da Imperatriz Tereza Cristina, além de Mariana Ximenes, como a Condessa de Barral. Mas também há espaço para nomes como Gabriela Medvedovski, que viverá a mocinha Pilar e Michel Gomes, o mocinho Jorge. Mas a grande atração da história será o retorno de Selton Mello, que pediu para interpretar o protagonista da obra.
E por falar em Selton, o papel de Dom Pedro II mostrará um lado falho, humano do Imperador, segundo os próprios autores. "Numa obra longa como uma novela, é muito mais fácil conseguir mostrar várias facetas de um mesmo personagem. Ao longo dos mais de 100 capítulos de 'Nos Tempos do Imperador', acho que conseguimos mostrar várias contradições de Dom Pedro II, inclusive optamos por tratar de algo que não é a melhor parte da história dele, a Guerra do Paraguai. Para falarmos dessa guerra, tivemos que expor algumas contradições e algumas coisas não tão heroicas que ele foi obrigado a fazer. Apesar de estarmos fazendo uma ficção histórica, de não ser um documentário, tentamos nos manter fieis ao espírito do Dom Pedro II", afirma Alessandro Marson.
Por sua vez, o ator conta sobre o processo de composição. "Eu não me lembrava, da época da escola, de tantos detalhes da história do Dom Pedro II. Quando li alguns capítulos que o Vinícius (Coimbra, diretor artístico) me mandou, no começo, fiquei muito intrigado. Ele foi um personagem tão importante na história do Brasil e não foi tão retratado quanto Dom Pedro I. É um personagem que eu lia e ficava muito encafifado sobre o que ele estaria pensando ao dizer ou viver certas coisas. Li várias biografias e é muito interessante que essas obras não têm respostas para muitas coisas. A Thereza e o Alessandro seguiram também essa pegada de levantar mais perguntas do que respostas, o que eu acho muito interessante, pois cumpre o papel da arte, que é levar entretenimento e reflexão, favorecendo a imaginação do expectador e a curiosidade histórica."
As mulheres terão espaço na próxima novela das 18h, a começar pela Imperatriz Tereza Cristina, que não é muito falada nos livros de história, mas ganhará força em NOs Tempos do Imperador. Interpretada por Letícia Sabatella, a personagem irá viver muitas emoções. "A Teresa Cristina foi a última Imperatriz, ela sofreu com o fim do Império, com esse confisco da imagem do Dom Pedro II e dela. Ela virou uma figura meio apagada, mas, poxa, como assim uma pessoa que estudava Arqueologia, que se responsabilizada pela escavação de sítios arqueológicos importante e tinha uma coleção dentro do museu, lia, tentava se aproximar do povo, gostava de artes... como ela pode ser tratada como alguém ignorante? A Teresa Cristina foi realmente apaixonada pelo Brasil", analisa a atriz.
Quem vai ganhar espaço é a Condessa de Barral, tratada como o grande amor da vida do Imperador e que, na novela, será vivida por Marian Ximenes. "Eu não conhecia a minha personagem e tive o prazer de conhecê-la através dos olhos de Thereza e Alessandro, e de um livro da Mary Del Priore sobre a Barral. A Condessa é uma mulher muito impressionante, muito forte. Tem traços muito contemporâneos: tem delicadeza, gentileza, mas sobretudo firmeza. Ela é uma abolicionista e tem uma relação linda com os negros. No engenho dela, todos os negros são livres", conta Mariana.
Já Gabriela Medvedovski, protagonista de Viva a Diferença (2017) e de As Five (2020), estará em sua primeira novela na pele da destemida Pilar, jovem que sonha se tornar a primeira médica do Brasil. "Acho que a trama, no geral, traz os elementos históricos de uma maneira muito inteligente, transformando-os em questionamentos sobre o que vivemos hoje. É inevitável comparar a situação da Pilar, por exemplo, com uma mulher que quer ser dona do próprio destino e que muitas vezes não consegue porque é silenciada, o que acontece até hoje. Nós, mulheres, quando não somos silenciadas, pagamos um preço muito alto para conseguirmos ser ouvidas. Acho que a Pilar, de alguma maneira, simboliza um pouco de cada mulher que lutou para ser escutada e que abriu os caminhos para estarmos aqui hoje", reflete Gabriela Medvedovski.
Se o público pode acompanhar na faixa das 21h um anti-heroi de encher os olhos com a reprise de Império, o intérprete do Comendador estará em Nos Tempos do Imperador como o grande vilão. Caberá a Alexandre Nero fazer o contraponto a Dom Pedro II e representando a classe reacionária do país na época.
"Ele é um personagem ficcional, mas talvez seja o mais real da novela. Esse cara está aí, eventualmente em mim, em nós... Talvez seja o personagem mais sem dualidade que eu já fiz. A gente sempre tenta humanizar os personagens para que as pessoas percebam os dois lados, porque ninguém é só bom ou só malvado. Mas ele é a personificação do mal, o que é bacana para a novela que ele seja. É importante que fiquei claro que ele fala coisas tão absurdas que não tem como defender", ressalta Nero.
Entre os cenários que compõem a trama está a Pequena África, lar histórico da comunidade afro-brasileira na Região Portuária do Rio de Janeiro. A atriz Dani Ornellas, que vive Cândida, a Rainha da Pequena África, comenta sobre a importância dessa representatividade. "Pessoas das quais hoje nós falamos tanto, como Tereza de Benguela, Luisa Mahin e outras mulheres líderes quilombola, não estão nos livros de História. A Teresa conduziu um quilombo com quase mil pessoas entre pretos, indígenas e brancos e liderou esse quilombo durante muito tempo. Onde está essa história? Por que eu não cresci ouvindo e lendo isso? Para mim, a Cândida é a oportunidade de dar voz a histórias que são minhas e que não foram contadas para mim", comemora.
A novela de Thereza Falcão e Alessandro Marson iria estrear em março de 2020, por isso entrou em produção em 2019, mas justamente na semana em qe a trama iria ao ar, a pandemia da Covid-19 obrigou a Globo a suspender as produções e escalar reprises para todas as faixas. A novela só voltaria aos estúdios meses depois e a cúpula de dramaturgia decidiu que a trama somente entraria no ar após estar completamente gravada, num modelo inovador implementado pelo canal.
"Sinto que, por conta da pandemia, nesse momento tão difícil do Brasil, estamos todos muito sensíveis, muito impactados, mas também estamos todos muito sensibilizados pela própria novela. Emoção é uma coisa que todo mundo pode esperar muito de 'Nos Tempos do Imperador'. É uma novela que está emocionando a nós, que estamos fazendo, e que vai além do entretenimento a que uma novela se propõe. Ela tem cultura, nos faz refletir sobre a nossa história, sobre nossas escolhas. Todos estamos muito emocionados e acho que essa emoção vai passar para o público", torce Vinícius Coimbra, diretor artístico da trama.
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