Publicado em 07/06/2021 às 06:20:05,
atualizado em 07/06/2021 às 10:40:34
A nova direção artística da Globo já bateu o martelo e não irá manter a política histórica de contrato fixo com novelistas, como foi desde que o canal passou a investir em novelas, ainda nos anos 60. A partir de agora, roteiristas terão contrato por obra e somente receberão após o projeto ser aprovado, exceção aos medalhões que continuarão no casting fixo.
Segundo apurou o NaTelinha, a Globo entende que manter autores com salários estratosféricos não é uma política producente num momento de crise mundial e também pela nova dinâmica do mercado. Como o Brasil não abre espaços para novelas, não existe risco real da emissora carioca perder grandes nomes ou projetos para a concorrência, uma vez que não há concorrência - embora a Netflix tenha confirmado interesse em investir nesse filão.
Uma fonte afirmou à reportagem que a direção artística da emissora encomendou um estudo econômico, que mostrou uma economia que pode chegar na casa do bilhão apenas com a nova política de contrato por obra para autores num prazo de cinco anos. Evidentemente que não é algo tão matemático porque há contratos em vigor, que se encerrarão em momentos diferentes, portanto ainda resta tempo até que todos os roteiristas - exceção aos medalhões - não tenham seus vínculos renovados com a casa. Mesmo assim, os valores agradaram, principalmente, porque a direção entende que abre caminho para maiores investimentos em outros produtos.
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A mesma fonte confirmou, no entanto, que não passa pela cabeça de José Luiz Villamarim ou de Ricardo Waddington a chance de parar de investir em novelas. Tanto o diretor de entretenimento quanto o de dramaturgia entendem que o formato é o carro-chefe do canal e deverá continuar sendo pelas próximas décadas. Por isso é que haverá abertura para contrato por obras, que também poderá ser vantajosa para os autores.
Após uma política de redução salarial drástica, os novelistas irão ganhar mais por contrato por obra, segundo apurou o NaTelinha. Enquanto atualmente o teto de um autor de novela das 18h gira em torno dos R$ 60 mil, no novo formato ele poderá se aproximar da casa dos R$ 100 mil se for um trabalho solo. Os números também agradaram os roteiristas que foram consultados sobre a possibilidade de mudança na relação profissional.
Com isso, como a Globo não pretende ter mais vínculo empregatício com a classe, ela poderá voltar a fazer contratos por PJ sem que haja risco da Receita Federal fazer apontamentos e até sugerir multas, já que o trabalho de um roteirista passará a ser compreendido como atividade-meio e não atividade-fim. O departamento jurídico da Globo, segundo uma fonte confirmou, entende que o roteiro puro e simples não é a novela, que precisa de várias etapas até ser finalizada e, por isso, sem contrato fixo, poderá haver acordos via Pessoa Jurídica, o que diminuirá a incidência de impostos.
Ainda não está claro qual será o tempo de contrato quando a emissora aprovar um projeto enviado por um autor. Um estudo recente do canal indica que o ideal é até três anos, mas há quem defenda uma janela menor, de apenas dois anos de contrato. Neste último, o ritmo de trabalho seria mais ágil porque, após a aprovação do projeto, a novela, em tese, já entraria em pré-produção e não haveria longas filas de espera entre novelistas.
Além disso, também está em estudo a possibilidade de pagamento. Atualmente, o autor de contrato fixo já recebe seu salário mensal para desenvolver projetos que poderão virar sinopses ou não. A partir de agora, o autor terá de desenvolver tudo sem garantia de salário, por isso há dúvidas de qual será o momento da assinatura de contrato. Parte da direção defende que o roteirista deverá desenvolver a sinopse toda e a Globo faria a compra do material - com um pagamento polpudo já de início - e há quem defenda a assinatura do contrato com um argumento, o que levaria o autor a desenvolver a sinopse já contratado, o que obrigaria um contrato maior.
Embora a política da dramaturgia da Globo seja a de liberar, os medalhões não deverão entrar nestes cortes neste momento. Nomes como Gloria Perez, Walcyr Carrasco e João Emanuel Carneiro não correm risco de ficarem sem vínculo porque a emissora entende que eles são fundamentais para manter o principal horário - e que paga as contas - o das 21h.
Mas tirando isso, Elizabeth Jhin não foi a primeira e não será a última a deixar o canal após o encerramento do contrato. Nomes badalados também se preparam para deixar a casa, assim como outros não tão conhecidos. Uma fonte confirmou à reportagem que o banco de colaboradores, que chegou a mais de 100, conta neste momento com menos de 30 e deverá ficar ainda mais enxuto nos próximos meses. A ideia, neste caso, é que colabores, sem exceção, trabalhem apenas por obra.
Procurada, a Globo não respondeu.
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