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Malhação: Primeira protagonista avalia os 25 anos do seriado teen: "Evoluiu!"

Juliana Martins diz que jovens não são mais ingênuos e confessa ter chorado muito na despedida da Bella

Juliana Martins foi a primeira protagonista de Malhação - Foto: reprodução
Por Taty Bruzzi

Publicado em 02/11/2020 às 05:30:00

O ano era 1995, quando a internet ainda não havia chegado ao Brasil e o telefone celular era privilégio de poucos, a TV Globo colocou no ar o primeiro seriado teen nacional, escrito por Andréa Martolli e Emanoel Jacobina, e com elenco quase todo formado por jovens atores, muitos deles estreantes na televisão.

25 anos depois de ir ao ar o primeiro episódio, Malhação passou por muitas transformações, se adequou à modernidade, mas sem deixar de lado temas polêmicos e dilemas do cotidiano da mocidade.

Em comemoração à data, desde o dia 21 de setembro que a primeira temporada voltou ao ar pelo canal Viva. Em conversa exclusiva com o NaTelinha, Juliana Martins, intérprete da Bella, avalia de forma positiva as mudanças que o seriado sofreu nesse tempo.

"Ter saído do universo da academia é bom para o programa. Estar em uma escola é muito melhor. Jovens que estudam são mais interessantes para o futuro de um país. Então, foi uma mudança muito positiva", diz.

A atriz chama a atenção para o fato de naquela época a novelinha ser o único canal de informação. "A cabeça do jovem hoje está mais aberta, tem outros questionamentos, questionamentos mais profundos. Eu acho que Malhação está acompanhando isso e trazendo para novas tramas", observa.

"É natural que Malhação evolua com isso também e não seja tão único canal. Talvez isso tire a essência de uma possível inocência que tinha, mas os jovens não são mais inocentes. Hoje, tem muita informação. Ainda bem!", opina.

Juliana chama a atenção para o perfil da Bella, sua personagem, que namorava o Romão (Luigi Baricelli), um campeão de Jiu Jitsu preconceituoso, machista e muito ciumento.

"A Bella era íntegra, justa, moderna de pensamento até, mesmo sendo há 25 anos. Embora ela namorasse com o Romão [risos]. Vendo hoje, meu Deus do céu! A Bella jamais namoraria com o Romão nos dias de hoje. Ela teria muito mais esclarecimentos para ver que ele é um panaca", analisa.

Sobre ter algo em comum com a personagem, a atriz não sabe dizer. Mas ela se recorda que na época da escolha do elenco o diretor Roberto Talma (1949-2015) buscava atores que tivessem a mesma essência dos seus personagens.

"Por sermos jovens, fazendo um programa pra jovens, um programa todo feito por jovens. Ele foi muito por essa linha, de a gente emprestar as nossas características", conta.

"Eu me considero uma pessoa doce, e eu acho que a Bella tinha uma doçura. Hoje, ela seria uma ótima jovem e com um bom futuro. Hoje, a Bella está uma mulher muito interessante", prevê.

Juliana confessa ter ficado muito feliz com a notícia da reprise. E como o trabalho foi há muitos anos, ela consegue assistir sem analisar se está bem ou não no papel de protagonista.

"Consigo ver sem julgamentos. Porque quando eu assisto algum trabalho meu na TV ou mesmo quando eu filmo uma peça, geralmente eu estou fazendo o trabalho. E aí, eu vejo com um olhar de melhorar, de aperfeiçoar", explica.

"Malhação foi há muito tempo. Não é nem um trabalho que eu fiz há três anos. Foi há 25 anos. Eu consigo ver com ternura e carinho. E adoro! Revendo agora, eu acho o programa muito legal", se derrete.

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Quando a primeira temporada foi ao ar Juliana já era uma atriz veterana. Sua estreia na televisão foi em A Gata Comeu (1985) e mesmo tendo trabalhos anteriores ao seriado, ela reconhece que Malhação foi muito importante para sua carreira.

"Participar de Malhação foi um momento muito especial. Eu sou lembrada até hoje. Especialmente, porque foi o início. Era um formato novo, os jovens se identificavam demais", lembra.

"Era uma referência para os jovens na época", ressalta. "Não tinha internet, não tinha Google [risos]. Era um veículo muito real de identificação dos jovens", reforça a atriz de 46 anos

Talvez, por isso, ela assuma que se despedir da personagem foi muito difícil. "Nossa, eu chorei demais! Fiquei completamente desconcertada", confessa. "A Bella fez a primeira temporada e o início da segunda. Normalmente, os atores não sofrem tanto, porque se a gente for sofrer demais a cada personagem que a gente faz, haja terapia", admite.

Já sobre manter contato com parte do elenco, Juliana diz que sim. "A gente se fala, têm algumas pessoas mais próximas, já teve grupos de whatsapp, temos muito carinho por todo mundo que participou", fala.

Longe da TV desde 2018, seus trabalhos mais recentes foram a novela Jesus, da Record e o seriado infantil Detetives do Prédio Azul, no Gloob, a atriz diz ter feito muito teatro, mas acabou tendo que dar uma pausa por causa da pandemia do Covid-19.

"Fiz o Lago dos Cisnes (2018 e 2019), um monólogo infantil lindo, eu usava sapatilha de ponta, ficou super bonito", se emociona. "Esse ano eu ia começar a viajar com a peça "Eu Te Amo", de Arnaldo Jabour, que já faço há 10 anos", explica.

"Ia estrear com o Heitor Martinez em Florianópolis, no início de abril, passar o ano viajando, tinha uma turnê toda marcada. Tudo cancelado e sem previsão", lamenta. Agora, ela diz estar se reestruturando para o próximo ano.

Questionada sobre como imagina o trabalho do ator no "novo normal", ela se mostra otimista. "Esse ano foi uma loucura para o setor cultural que foi o primeiro a parar e retornou muito pouco e de uma maneira que não se sustenta", analisa.

"É muito difícil contar uma história sem toque, mas acho que a gente vai se adaptando. Da maneira que dá, fazendo monólogos, peça com distanciamento", lista, Juliana.

"Isso não vai ser para sempre, tudo vai retomar, acredito que no ano que vem, no meio do ano, tudo esteja normal, já tenha a vacina... Eu acho que a gente vai, de alguma maneira, se adaptando e fazendo um pouco. Não dá para fazer arte como era, mas fazendo um pouco", acredita.

A atriz finaliza a conversa destacando a importância da cultura nesse período de quarentena. "A cultura e os artistas, nós não somos cuidados pelo Governo, somos alvo, mas é aquilo, a cultura conta a história de um povo, faz o povo pensar, faz uma sociedade crescer, enfim...", respira.

"Não vai durar, a gente sempre vai adiante e a quarentena veio para provar muito isso. Que foi a salvação da saúde mental de todo mundo. Foram músicas, livros, filmes, séries, novelas peças de teatro online, poesia... É isso", conclui.


Fique por dentro dos próximos capítulos de Malhação: Viva a Diferença e outras produções acessando o canal de Novelas do NaTelinha.

Quer saber mais? Confira o resumo semanal de Malhação: Viva a Diferença de 02/11/2020 a 06/11/2020.

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