Publicado em 05/06/2022 às 08:17:38,
atualizado em 05/06/2022 às 10:36:34
Ramón Valdés faleceu em 9 de agosto de 1988, aos 64 anos de idade, vítima de um câncer que começou nos pulmões e rapidamente se espalhou pelo estômago, atingindo também a medula. Ainda que Chaves esteja fora do ar, ele é lembrado até hoje pelo personagem e também pela pessoa que foi. O ator que morreu jovem, viu sua relação artística com Roberto Gómez Bolaños (1929-2014) começar muito antes da série começar.
Algumas curiosidades acerca da vida do ator é que sua amizade e parceria com Bolaños começou no programa Super Gênios da Mesa Quadrada em 1968. Àquela altura, Valdés já havia estado em mais de 40 filmes, naquela que foi a era de ouro do cinema mexicano. Também atuou em diversas novelas, e a partir de 1968, participou de vários programas com Chespirito, vendo sua popularidade crescer. Ele integrou, afinal de contas, o programa mexicano mais bem-sucedido desde então.
O intérprete de Seu Madruga parou de trabalhar com Bolaños quando ele formalizou seu relacionamento com Florinda Meza. Ele aproveitou a ocasião para dedicar mais tempo a sua família. Mas, em 1981 decidiu voltar. No primeiro episódio, protagonizou uma das cenas mais emocionantes: um encontro com sua filha Chiquinha.
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Poucos sabem, mas sua última viagem ocorreu cerca de três dias antes de falecer. Ele foi fotografado andando com muitas dificuldades andando no Aeroporto de Lima, no Peru, e já estava visivelmente mais magro e abatido. Mesmo doente, isso não lhe impediu de trabalhar até onde e quando conseguisse.
O ator fumava uma grande quantidade de cigarros diariamente. O câncer foi descoberto em 1985 e precisou fazer uma cirurgia para reduzir o órgão a um terço do seu tamanho original. Mesmo assim, continuou fumando e fumava também nas gravações dos programas que fazia parte. Ele passou imune, aliás, a um decreto da Televisa, que proibia todos os funcionários de fumar nas dependências do conglomerado. O eterno seu Madruga continuou fumando.
Sobre a saída do seriado Chaves, há duas versões: a mais comum é que ele saiu em soliedariedade a Carlos Villagrán, que também estava deixando o programa. Outra versão é contada por seu neto, Miguel Valdés, que saiu para evitar atrito com Florinda Meza, que estava assumindo o comando da direção e passando a inteferior no conteúdo.
Logo depois, o ator foi para a Venezuela gravar a série Federrico ao lado de Villagrán. Devido aos péssimos índices de audiência, ele acabou participando apenas da primeira temporada. Em 1987, contudo, retornou a parceria com o amigo no programa Ah, que Kiko!, cuja última participação foi gravada no cemitério. A última cena foi feita sob efeito de névoa e macabra. A saúde já estava bastante debilitada e mais mais que o normal.
Carlos Villagrán sempre diz que ele jamais parou de fazer piadas. Na última conversa com o amigo, disse que os dois se encontrariam. "Lá em cima?", perguntou o intérprete de Quico. "Não, besta, lá embaixo", rebateu Valdés. "Abaixo te espero!", brincou.
Quando recebeu a notícia, Villagrán ficou muito impactado, igual a todos do elenco. Mas apenas uma pessoa compareceu ao enterro: Angelines Fernández. O restante dos amigos estavam em turnê fora do país. Ela passou cerca de duas horas chorando ao lado seu caixão.
O eterno seu Madruga veio de uma família repleta de artistas. "Los Valdés" eram como foram conhecidos. Seu irmão Germán era reconhecido na época de ouro do cinema mexicano como "Tin Tan", enquanto Manuel "El Loco" e Antonio "The Mouse" seguiram seus passos.
Ainda que a série tenha algumas referências ou piadas de que ele fosse feio, o chamando até de "chimpanzé reumático", Ramón era um galã mexicano. Ele dizia que depois do cigarro, seu vício eram as mulheres. Casou-se três vezes, e teve 10 filhos.
Alguns bordões que não estavam no script como "só não te dou outro porque" ou "que que foi, que que foi, que que há?" foram ele mesmo quem criou.
Seu último trabalho foi em 1987, no Peru, onde gravou um comercial de um famoso doce local. Chiquinha, a Maria Antonieta de las Nieves, disse que o viu em Lima na ocasião e não imaginou que fosse morrer tão pouco tempo depois.
Nos últimos dias de vida, ele precisou ser sedado devido às fortes dores que sentia em decorrência de problemas causados pelo câncer. O falecimento foi confirmado no dia 9 de agosto de 1988, aos 64 anos, no Hospital Santa Elena, na Cidade do México.
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