Publicado em 28/07/2025 às 17:50:00,
atualizado em 28/07/2025 às 18:31:37
O luto materno é a maior dor do mundo: com certeza todo mundo já ouviu falar disso.
A dor de perder um filho é a maior dor que um ser humano pode sentir. E foi o que aconteceu com a apresentadora Tati Machado que perdeu seu filho na 33a semana de gravidez. Em entrevista ontem ao Fantástico, e hoje no programa Mais Você da Rede Globo, ela abriu o coração e emocionou o Brasil.
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Seja o filho grande, adulto, criança, bebê ou ainda no ventre, perder um filho é algo que não segue o ritmo natural da vida. Esperamos sempre ir antes deles e quando acontece o oposto, a vida desaba e o coração sangra.
Para entender como podemos lidar com o luto materno, conversei com a psicóloga perinatal especialista em luto, Natália Aguilar.
1- Como lidar com o luto materno?
A pergunta sobre como lidar com o luto materno pode abrir dois caminhos de respostas: O primeiro é sobre como a mãe ou os pais que estão passando por esse luto, por essa perda perinatal, estão lidando. O segundo é sobre como as pessoas ao redor estão enfrentando essa situação.
Falando primeiro da mãe e do pai, é essencial incluirmos o pai nessa experiência. É importante que eles se nutram de muito conhecimento, inclusive sobre desfechos não esperados durante a gestação. Na nossa sociedade ocidental, não se fala sobre a morte. Existe a crença de que falar sobre ela é atrair sua presença, mas isso é apenas uma crença. A morte acontece independentemente de ser mencionada ou não.
Por isso, é fundamental buscar informações sobre gestação, parto, pós-parto e sobre os possíveis desfechos inesperados. A gestação, na maioria das vezes, é um acontecimento muito especial para a mulher e para o casal. No entanto, do ponto de vista médico, ela é considerada uma situação de risco. Tanto é que existe a classificação entre gestação de risco habitual e de alto risco. Só pelo fato de estar gerando um novo ser, a mulher já se encontra em uma condição de risco. Apesar de parecer simples, esse é um processo muito complexo.
Quando ocorre uma perda perinatal, o primeiro passo é compreender que, na maioria das vezes, essa perda está mais relacionada a uma fatalidade do que a algo que a mulher tenha feito ou deixado de fazer. Muitas mulheres sentem uma culpa muito intensa, por acharem que o corpo falhou, que poderiam ter feito algo diferente ou que exageraram em alguma atitude. A culpa costuma estar muito presente. No entanto, é preciso entender que muitas dessas perdas não são explicadas nem mesmo pela medicina. E carregar essa culpa só torna a travessia do luto ainda mais difícil.
Já em relação às pessoas ao redor, é fundamental que validem essa dor. Chamar o bebê pelo nome, permitir momentos de despedida e, no caso dos profissionais de saúde, adotar uma postura empática e respeitosa, são atitudes que fazem diferença. É essencial validar a existência desse bebê e seguir os protocolos disponíveis. Se não houver protocolos na instituição, é importante tentar criar algo possível dentro da realidade do local.
Os familiares devem ser uma rede de apoio funcional, sem atitudes invasivas. Um exemplo muito comum é desmontar o quarto do bebê antes da mãe chegar em casa, com a intenção de poupá-la da dor. Porém, isso pode ser interpretado como uma grande invasão. Sem querer, pode-se invalidar a existência do bebê ao retirar seus pertences, como se ele nunca tivesse existido. Essa decisão cabe aos pais. É diferente quando a mãe pede ou quando a família pergunta se ela deseja que algo seja feito. Mas, se ela disser para não mexer ou se não disser nada, o melhor é não mexer em nada.
Manter o quartinho do bebê pode ser algo importante para essa travessia, pois estar ali, entre os objetos, pode ajudar a mãe no seu processo de luto. A família deve respeitar esse espaço, estar disponível para escutar, apoiar, oferecer suporte e viver esse luto junto, pois a dor atinge a todos.
É essencial não tratar essa experiência como se não tivesse existido.
Assim como temos histórias de nossos avós, tios ou pais que já se foram e falamos deles, precisamos permitir que essa mãe também fale sobre seu bebê, que conte histórias, ainda que tenham sido poucos os dias de sua existência. Validar essa vida, por menor que tenha sido o tempo, é uma forma de acolher essa dor.
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2- Existe alguma maneira para tentar minimizar a dor de uma mãe que perdeu seu filho?
Olha, eu acredito que não existem formas de minimizar essa dor. E, na verdade, nem deveríamos tentar fazer isso, porque é uma dor imensa, imensurável. Perder um filho, ainda bebê, é algo que não se pode medir.
Talvez seja mais adequado reformular essa pergunta: como podemos ser redes de apoio funcionais? Porque, diante dessa dor profunda, desse buraco enorme que se abre na vida dessa mãe, dessa mulher, dessa família, o que mais precisamos é estar presentes de forma acolhedora.
Quanto mais tentamos jogar "panos quentes", evitar o assunto, fingir que não aconteceu, ou dizer "não vamos falar disso para não fazer sofrer", mais dor essa mulher pode sentir. O que realmente ajuda na travessia do luto é o reconhecimento da dor, a validação dessa experiência.
É fundamental criar espaços para memória, para despedida, para o acolhimento. As instituições precisam respeitar isso. Um exemplo é não colocar mulheres que perderam seus bebês nas mesmas alas da maternidade em que outras mães estão com seus recém-nascidos. É preciso reconhecer que aquele bebê existiu.
Enquanto profissionais de saúde, é importante oportunizar rituais de despedida, a construção de memórias, oferecer tempo e espaço para que essa família se despeça da forma que considerar adequada.
Essas são atitudes que não eliminam a dor, mas que podem ajudar no enfrentamento do luto. Porque sim, a dor continuará sendo grande, mas é possível atravessá-la com mais amparo, respeito e humanidade.
3- Que tipo de apoio e de quem ela precisa?
Acredito que, principalmente, o apoio da família e dos amigos seja essencial. Claro que pode haver momentos em que essa mãe sinta necessidade de ficar mais sozinha. Em outros, ela pode querer conversar, principalmente com pessoas que já passaram por algo parecido. É muito comum que mulheres enlutadas busquem grupos de pertencimento, porque frequentemente sentem que ninguém compreende verdadeiramente a dor delas. E essa sensação é real.
A maioria das mães enlutadas relata falas que desrespeitam ou invalidam sua dor, como:
"Você é nova, vai engravidar de novo"
"Ainda bem que foi no comecinho"
"Nem deu tempo de se apegar"
Essas falas, além de insensíveis, ignoram uma realidade importante: esse bebê não "nasceu" apenas no ato da concepção, mas muito antes, na idealização da gestação, da maternidade, do vínculo emocional que já estava sendo construído.
Portanto, o apoio necessário é aquele que valida essa perda, que reconhece a existência desse bebê e que acolhe a dor dessa mulher. Esse suporte pode vir da família, de amigos, de grupos de apoio com outras mães enlutadas e, quando necessário, de profissionais da saúde mental.
Se esse luto começa a se transformar em um processo mais complicado, é fundamental buscar ajuda profissional. Isso significa acompanhamento psicológico, e em alguns casos, também psiquiátrico.
4- Mas como saber quando o luto se torna complicado?
Apesar de o luto ser um processo atemporal, algumas referências apontam que, a partir de seis meses até um ano após a perda, se a pessoa ainda estiver em intenso sofrimento, com dificuldade de realizar atividades básicas como levantar da cama, se alimentar ou manter a higiene pessoal, pode ser sinal de que o luto não está sendo elaborado de forma saudável.
Nesses casos, a intervenção profissional é essencial para que essa mãe possa atravessar essa dor com o cuidado necessário.
5- Qual o papel do pai nessa situação?
É primordial. Com certeza, o papel do pai é essencial nesse contexto. E essa pergunta é muito importante, porque precisamos, sim, incluir o pai no processo de luto. O pai é um cuidador primário, assim como a mãe. A única diferença é que ele não gesta, não amamenta, mas ele é pai.
Muitas vezes, toda a dor e atenção são direcionadas exclusivamente à mãe. Os cuidados e preocupações se voltam apenas para ela, e acabamos esquecendo de olhar para esse pai, que também perdeu um filho.
O pai tem um papel fundamental, mas mais do que isso, é importante pensar que o mais saudável seria que esse processo fosse vivenciado em conjunto, como duas pessoas que perderam seu filho. Quando eu percebo que há alguém ao meu lado sofrendo tanto quanto eu, me sinto acolhido, validado. Sinto que a vivência com meu filho foi real, que existe alguém com quem posso compartilhar essa dor.
Por isso, o pai precisa estar incluído nesse momento. Não apenas como alguém que vai suprir todas as necessidades da mãe, mas também como alguém que tem o direito de expressar suas emoções, de mostrar seus sentimentos diante da perda do filho.
6- É comum esse tipo de ocorrência como a da Tati Machado? Perder um bebê aos 8, 9 meses de gravidez?
Se essa pergunta for feita a um médico, estatisticamente, ele provavelmente dirá que não, que não é comum. No entanto, dados da Organização Mundial da Saúde indicam que, todos os anos, cerca de 2 milhões de bebês nascem sem vida no mundo. Esse número, particularmente, me choca muito. Estamos falando de 2 milhões de mães, 2 milhões de pais e inúmeras famílias enlutadas pela perda de seus bebês.
Diante disso, não dá para dizer que é um evento raro. É algo que acontece, sim, com mais frequência do que imaginamos. Pode ser raro do ponto de vista estatístico, mas para quem vivencia, é tudo. Para essas famílias, essa perda muda absolutamente tudo.
Portanto, sim, essas perdas acontecem, e acontecem muito mais do que se fala. Justamente por isso, precisamos de protocolos mais eficientes e de mais espaço para discutir esse tipo de luto. É fundamental que esse tema seja mais debatido na sociedade, para que o luto perinatal seja reconhecido e validado como a dor profunda que é.
Avançamos em alguns pontos nos últimos tempos, mas ainda temos um longo caminho a percorrer no que diz respeito ao respeito, à escuta e à validação do luto perinatal.
A verdade é que quando uma mãe perde um filho ela tem sua vida dilacerada e ela nunca mais será a mesma.
Por isso é preciso acolhimento e empatia sempre.
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