Publicado em 15/10/2023 às 13:00:00,
atualizado em 15/10/2023 às 14:49:14
Desde que Fuzuê teve seu elenco anunciado muita gente comentou o fato de Lília Cabral retornar para uma novela de comédia após muitos anos fazendo drama. Agora, com a produção no ar já há algum tempo, o que se anunciava ao ver a lista de atores e atrizes da trama das sete da Globo, acabou se confirmando: ela virou a dona da história.
Não, não é que sua personagem seja a protagonista ou sequer tenha o principal roteiro em desenvolvimento. Aliás, o papel nem vem demonstrando grande importância, a não ser pelo grau de parentesco com a vilã de Marina Ruy Barbosa, além de pequenas pontas soltas do passado, mas que até o momento não ganharam envergadura para chamar de um grande plot.
Mesmo assim, com sequências que em nada lembram os momentos mais icônicos de sua intensa carreira, Lília Cabral está abraçando a personagem com o mesmo profissionalismo de sempre. Trata-se de uma atriz experimentada e que já defendeu tipos inesquecíveis como a Marta de Páginas da Vida (2006), a Maria Marta de Império (2013) ou até mesmo a Catarina de A Favorita (2008), mas que também lidou com fracassos retumbantes, como em O Sétimo Guardião (2019).
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Fuzuê não é um sucesso e caminha para sucumbir à viuvez de sua antecessora, o arrasta-quarteirão Vai na Fé. A novela não é ruim, mas não conseguiu atrair o público que seguiu por longos meses a história da evangélica Solange (Sheron Menezzes). Isso poderia ser um empecilho para o elenco da trama se concentrar e entregar-se mais. E até é, ao menos para alguns.
Não para Lília. Ela se entrega a cada sequência da mesma forma que faria em papéis tão importantes e com audiências bombásticas. Nesta semana, a atriz se consolidou como a dona da novela das sete, mostrando um grande timing para todo tipo de sequência, tanto cômica quanto dramática.
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Não se trata de roubar a cena porque Cabral vem sendo generosa com colegas, principalmente com Marina e com Giovana Cordeiro, a intérprete da mocinha. Em cenas com as duas, ela sempre permite que as duas brilhem, entregando o protagonismo da narrativa. Acontece que ambas não estão no mesmo nível de envergadura, embora possam chegar um dia e fica nítido que Lília está muito mais à vontade no papel.
Sua composição é madura e o resultado em cena é enxergar uma artista que tem plena consciência dos atributos de sua personagem e que não ultrapassa nenhuma vez a linha tênue entre a entrega e o exagero. Em toda a sua trajetória artística, Lília permaneceu firme no limite desta linha e quase sempre acerta. Em Fuzuê tem acertado mais uma vez.
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