Publicado em 21/11/2021 às 10:00:31
Quando Cauã Reymond foi anunciado como o protagonista de Um Lugar ao Sol, ainda quando a novela de Lícia Manzo tinha o nome provisório de Em Seu Lugar, muita gente torceu o nariz. Também, pudera, o ator vinha de trabalhos consecutivos como o mocinho das tramas e parecia não ter força narrativa para interpretar esse tipo de papel, já que invariavelmente os transformava em personagens chatos. Mas na nova novela das 21h, Christian é qualquer coisa, menos mocinho e isso ajudou seu intérprete a se reconectar com a carreira.
Desde a estreia do folhetim, é possível enxergar um Cauã maduro e que controla bem as nuances do roteiro, diferente de papeis recentes do ator, como em Avenida Brasil (2012), quando ele transformou seu Jorginho num personagem chato e que era praticamente indefensável. Importante ponderar, seja naquela trama ou em A Regra do Jogo (2015), com seu Juliano, uma espécie de repeteco do jogador do Divino.
Dessa vez, Cauã mergulhou na oportunidade de se reconectar com a arte de interpretar e fugiu do piloto automático, aproveitando que Christian passa muito longe de ser um personagem cheio de valores e com praticamente nenhum defeito moral. A começar pela primeira semana, quando brincou ao dar vida a dois personagens, brilhando imensamente como Renato, um jovem inconsequente e, sobretudo, divertido - aqui o ator lembrou trabalhos voltados para o humor, como em Da Cor do Pecado (2004) e Malhação (2002).
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Nestes primeiros momentos, Cauã teve a chance de dar vida a dois distintos: não um pobre e um rico, como virou meme nas redes, mas um retraído e um libertário. Mas Renato era apenas uma espécie de alter ego, já que saiu de cena logo nos primeiros capítulos da trama e, a partir daí, Christian ganhou outra personalidade. Agora ele segue sendo dois: O jovem pobre e tímido que tinha um sonho e o homem duro, capaz de qualquer coisa para atingir seu objetivo.
Os pequenos trejeitos de Christian imitando Renato são sutis e mostram um ator atento ao seu trabalho e que não está ali apenas para fazer o seu e ir embora. Cauã está completamente mergulhado naquele universo e cada detalhe conta, inclusive sua respiração diferente quando está se passando por Renato e o alívio ao bater um papo mais descontraído com Ravi (Juan Paiva).
Se em trabalhos anteriores Cauã Reymond parecia que havia se tornado um ator artificial e dominado pelo estilo industrial da televisão, isso ficou para trás. Ainda que não tenha emplacado na audiência, se, ao final, Um Lugar ao Sol não servir para muita coisa - e aparentemente vai, porque é uma novela interessante - ela já terá tido uma conquista importante: lembrar a todos que Cauã é muito mais que um rostinho bonito, é um ator e tanto, quando desafiado.
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