A reprise da novela A Viagem no Vale a Pena Ver de Novo tem se mostrado um grande sucesso, superando a audiência de suas antecessoras e reafirmando o interesse do público brasileiro em temáticas espíritas. A trama, escrita por Ivani Ribeiro e exibida originalmente em 1994, aborda de forma sensível e envolvente conceitos como vida após a morte, reencarnação e comunicação com espíritos, inspirada na filosofia de Allan Kardec e em obras psicografadas por Chico Xavier, como Nosso Lar e E a Vida Continua.
O folhetim, que já está em sua sétima exibição na TV, contando originais, reprises no Vale a Pena Ver de Novo e no extinto Canal Viva, alcançou a quinta maior audiência desde 2020 no horário, à frente de títulos como Tieta, O Clone e Mulheres Apaixonadas.
O sucesso da novela de Ivani Ribeiro demonstra que o público continua cativado por histórias que exploram o universo espiritual, um tema que, na época de sua exibição original, chegou a aumentar em 50% a venda de livros espíritas no Brasil.
O interesse do público e o afastamento da Globo
Apesar do comprovado apelo das produções com temática espírita, a Globo tem demonstrado um afastamento desse tipo de enredo em suas novas produções. De acordo com informações, a emissora teria orientado seus autores a não investirem mais em tramas espíritas, privilegiando as evangélicas.
continua depois da publicidade
Essa mudança de rumo é atribuída a uma preocupação da Globo em se conectar com o crescente público evangélico no Brasil, que representa uma parcela significativa da população.
A saída da única escritora do casting da Globo que há anos se dedicava a novelas com temática espírita, Elizabeth Jhin, reforça a percepção de que a emissora não pretende investir nesse segmento tão cedo. Sua última trama com essa temática, Espelho da Vida (2018), apesar de ser cultuada pelos fãs, não alcançou grande audiência na época.
continua depois da publicidade
No entanto, o sucesso contínuo de A Viagem e o bom desempenho de filmes espíritas, como Nosso Lar 2, que levou um grande público aos cinemas, sugerem que a Globo pode estar subestimando o potencial desse nicho.
A decisão da emissora de colocar as novelas espíritas na geladeira e flertar com o público evangélico pode estar fazendo com que a emissora perca a oportunidade de inovar e contar histórias com outros prismas, que sempre a destacaram ao longo dos anos.
continua depois da publicidade
Ainda que a Globo afirme apoiar a liberdade religiosa e considerar a diversidade de crenças um patrimônio cultural do país, a denúncia no Ministério Público por intolerância religiosa em novelas, feita por lideranças de religiões de matrizes africanas, levanta questionamentos sobre a direção atual da dramaturgia da emissora.
Vamos torcer para que possamos, em breve, assistir novas produções com este mote.
Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.