Publicado em 22/08/2017 às 14:33:55
Nesta terça-feira (22), comemora-se o Dia do Folclore Brasileiro.
Personagens conhecidos que estão no imaginário popular não faltam, tais como o Saci-Pererê, Curupira, Boitatá, Mula Sem Cabeça, Lobisomen, Boto, Vitória-Régia, O Negrinho do Pastoreio, dentre outros. Mas, há espaço para o folclore nacional na TV?
A pergunta é retórica. Logicamente, a resposta é sabida: Claro que não, não há espaço.
Com a extinção em massa dos programas infantis nas duas últimas décadas, onde até a Globo cancelou por completo a sua grade dedicada às crianças em meados de 2015 - a "TV Globinho" apagou a luz para dar lugar ao "É de Casa"-, pouco restou. O SBT, embora não tenha abandonado o segmento, apenas reproduz desenhos enlatados, e a TV Cultura respira com suas intermináveis reprises.
"A Força do Querer", novela das nove da Globo, até tenta botar a cabeça do telespectador em meio ao folclore. Afinal, Ritinha, personagem de Isis Valverde, segundo sua mãe, é filha do Boto. É pouco.
Atrações que estimulem o lúdico ou ressalte nossa cultura, ficou no passado. Só para resgatar os mais recentes, "Sítio do Pica-Pau Amarelo", "Turma do Pererê", "Castelo Rá-Tim-Bum", "Cocoricó" (que já teve inúmeras referências) passam longe da programação atual, e qualquer derivado também.
Folklore, que é a soma de povo (folk) + saber (lore) não é comprado pelo povo. Muito de seu espaço (na realidade, a falta de) é fruto do desinteresse do próprio brasileiro pela sua história, pelo seu folclore.
Nos últimos anos, a TV tem reforçado especiais, e a mídia como um todo, sobre o Haloween, uma importação de consumo comercial dos Estados Unidos. E que nós, por alguma razão, "celebramos".
Aliás, dia 31 de outubro, além do Dia dos Bruxas (ou Haloween) é também o Dia do Saci. Adivinhem qual prevelece em pleno território brasileiro? Pois é.
O folclore brasileiro ficou restrito às salas de aula, que tem a missão de continuar transmitindo nossos valores, tradições e costumes.
É claro, você pode dizer que a televisão não tem essa obrigação, e de fato, não tem, o que também cabe discussão já que se trata de uma concessão pública. No entanto, ela é um dos reflexos da sociedade, e o que se vê na TV, representa quem assiste. Será que somos bem representados?
Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há 12 anos e assina a coluna Enfoque NT há seis, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br | Twitter: @tforatto
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