Publicado em 25/11/2024 às 10:00:00,
atualizado em 25/11/2024 às 10:22:29
A morte de Gugu Liberato (1959 - 2019) completou 5 anos na última quinta-feira (21), e o SBT e a Record prepararam documentários para homenagear o apresentador que fez história na TV. A plataforma da emissora fundada por Silvio Santos produziu um trabalho interessante, que vale ser assistido, mesmo que seja chapa branca. Na Record, o doc é um resumo da vida do apresentador, sem entrar em detalhes. Em ambos os documentários, a polêmica da herança e a exposição da vida amorosa de Gugu foram evitadas.
Gugu foi um gênio da televisão, e tanto a Record quanto o SBT enfatizaram essa faceta. O SBT tinha vantagem sobre o concorrente PlayPlus pelo uso ilimitado do acervo da emissora, que mostrava o auge da trajetória do artista. Gugu, Simples Assim, da Record, focou mais na passagem do apresentador pelo canal da Barra Funda.
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Os 5 episódios do +SBT de cerca de 35 minutos cada: "Eu e meu patrão", "Eu, e Gugu", "Eu, Toninho", "Eu, Augusto" e "Meu Lugar no mundo" faz em detalhes a história do lendário apresentador.
O documentário é mais detalhado, mas senti falta de alguns contextos na narrativa. Por exemplo, afirma que Gugu deu espaço para sertanejos na televisão, o que é verdade. No entanto, deveriam contar que a criação do Sabadão Sertanejo foi uma necessidade diante do avanço da Record, que passou a incomodar a audiência do Viva Noite com o Especial Sertanejo, apresentado por Marcelo Costa.
Como especialista em análise de audiência, Gugu cortou o Viva Noite pela metade e, no lugar, passou a dar espaço para os sertanejos. Esse detalhe não desmerece o apresentador, mas destaca ainda sua habilidade na busca pelo Ibope. Traçar a história de Gugu no SBT sem contextualizar com a história da televisão é um erro.
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O doc ainda fala da guerra de audiência, sem se aprofundar muito e tentar trazer histórias curiosas e inéditas dessa época. Foi básico e preguiçoso. Não exibiram os comerciais icônicos do SBT destacando a vitória no Ibope do Domingo Legal sobre o Domingão. Deveriam ter entrevistado algum diretor da Globo na época falando sobre esse período.
Aqui no NaTelinha, o jornalista Alberto Lucheti, que dirigiu o Domingão entre 1998 e 2002, contou histórias incríveis de bastidores da época, como a disputa por gravadoras e o dia em que a Globo vetou Ricky Martin por causa de Gugu. O documentário também nem mencionou a importância do grupo É o Tchan nesse contexto de disputa pelo Ibope.
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O doc também não deu detalhes de como Silvio Santos agiu quando seu pupilo se transferiu para a Record e passou a exibir a famosa chamada “Enquanto Gugu prepara a mudança”, quando tirou o apresentador do horário nobre e passou para o meio-dia.
Sobre a polêmica história do PCC, o documentário sugere que foi uma farsa e também não menciona os problemas que a emissora enfrentou. Na Record, esse episódio foi tratado de forma categórica: "Foi uma farsa".
Outro ponto no documentário do +SBT é que, mesmo após o fim da guerra de audiência com Faustão após a entrevista com o PCC, algum tempo depois, Gugu estava conseguindo dar a volta por cima e passou a incomodar o Fantástico em seus últimos anos no SBT. Tanto que recebeu um convite milionário da Record. A emissora não contrataria alguém em baixa. Esse contexto da história foi um erro não se retratado.
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Tanto a produção do PlayPlus quanto a do +SBT não abordaram assuntos pessoais ou a disputa polêmica pela herança. Um ponto interessante foi a alfinetada do +SBT sobre sua concorrente, indicando que Gugu não estava feliz na Record e que preparava seu retorno à emissora em 2020.
A produção do SBT é competente, mas senti falta de coragem. Em diversos momentos, se não tivessem esse cuidado excessivo, não teriam diminuído o mito; pelo contrário, mostrariam o quão importante Gugu foi para a história da TV. O do PlayPlus foi superficial. Ambos valem ser assistidos, mas Gugu significou muito mais para TV do que as duas produções mostraram.
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