Mudanças no ar

Jovem Pan muda tudo para se distanciar da ultradireita

Emissora busca se manter com jornalismo conservador, mas quer fugir do Bolsonarismo

Rafael Colombo virou a grande aposta na nova fase da Jovem Pan News - Foto: Reprodução/JP
Por Sandro Nascimento

Publicado em 29/09/2023 às 04:44:00

A Jovem Pan News completa três anos no próximo mês e se organiza para conseguir perder o rótulo de canal de ultradireita. Tendo sua credibilidade chamuscada nas últimas eleições presidenciais, a emissora da família Carvalho passou a realizar demissões e contratações estratégicas para sinalizar ao mercado que deseja mudar. Em paralelo, busca um acordo com o Ministério Público Federal (MPF) para evitar a execução de uma ação cível pública que cassa três concessões de rádio e impõe uma multa de R$ 13,4 milhões.

Os novos rumos na Jovem Pan News começaram a ser desenhados no início de 2023, quando em janeiro passou a demitir comentaristas que ficaram marcados no mercado como “bolsonaristas”, dentre eles Paulo Figueiredo, Zoe Martinez e Rodrigo Constantino. Antes, os jornalistas Alexandre Garcia, Guilherme Fiuza e Augusto Nunes também já tinham sido dispensados.

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Em agosto, Antonia Fontenelle e Tiago Pavinatto deixaram a emissora. E agora em setembro, Adalberto Piotto foi demitido. O NaTelinha apurou que as saídas destes nomes fazem parte de um planejamento da JP para sinalizar ao mercado que pretende se manter como um canal conservador, mas não radical de direita.

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Como o segundo passo desta estratégia, a Jovem Pan foi ao mercado em busca de novos rostos no vídeo. Em março, contratou o jornalista Evandro Cini e na última segunda-feira (18) estreou um Jornal da Manhã repaginado, das 06h às 10h. Para a missão, contratou o jornalista Rafael Colombo, que deixou a CNN Brasil em agosto após três anos. A reportagem do NaTelinha apurou que novas contratações estão na mira.

Em fevereiro, a Jovem Pan já tinha mudado seu diretor de jornalismo e trouxe André Ramos também da CNN Brasil, onde exercia a função de diretor-geral em São Paulo. Uma postura mais equilibrada e com menos críticas ao Governo Lula já são percebidos em programas como Linha de Frente, Três em Um e os Pingos Nos Is.

Mesmo passando por essas mudanças, a Jovem Pan News não perde a segunda colocação de audiência entre os canais de notícias, conforme medição da Kantar Ibope Media. Em agosto, no ranking geral Pay TV, a emissora ficou na 28ª posição, à frente da CNN Brasil, que permaneceu na 36º. Porém, a audiência não é prioridade dentro do canal neste momento. A ordem é colocar a casa arrumada.

Enquanto reorganiza sua programação, a JP tenta um acerto com o Ministério Público Federal (MPF) para evitar a perda de três concessões de rádio e pagar uma alta multa de R$ 13,4 milhões. Nos bastidores, existe a tendência de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) que deve sair até novembro e colocará um ponto final na questão.

No início de setembro, um fantasma passou a rondar a Jovem Pan, com a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal. De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, o militar contou como era a relação de Bolsonaro com mídias favoráveis ao governo durante sua gestão.

De acordo com fontes ouvidas pelo NaTelinha, a direção da Jovem Pan não entrou em pânico com essa possibilidade. O canal avalia que qualquer responsabilidade respigará aos profissionais que estavam na frente do vídeo e não ao comando da emissora.



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