Publicado em 11/04/2023 às 04:00:00,
atualizado em 11/04/2023 às 14:15:08
A Globo decidiu voltar com o Linha Direta sete meses antes de adotar sua nova política editorial, de evitar dar fama para assassinos. O novo programa que terá Pedro Bial como apresentador pode colocar em xeque a nova conduta da emissora. Sucesso nos anos 2000, o formato do Linha Direta era dramatizar crimes que tiveram grande repercussão nacional e encontrar criminosos foragidos exibindo a foto na tela com um telefone para denúncia.
O retorno do Linha Direta foi comunicado pela Globo em outubro do ano passado, portanto, antes da nova linha editorial, durante o Upfront 2023, evento para anunciantes e agências de publicidade.
A atração virou um fenômeno de audiência nos anos 2000 e foi inspirada nos programas americanos Yesterday, Today and Tomorrow e The Unsolved Mysteries. Porém, durante o período que foi exibido, entre 27/05/1999 e 06/12/2007, o Linha Direta dividiu opiniões.
De um lado, era defendido por entidades ligadas aos Direitos Humanos por sua utilidade pública de encontrar assassinos e bandidos, por outro, era apontado por críticos de TV e criminalistas de promover a espetacularização de crimes violentos na televisão em busca de audiência, como Cidade Alerta e Programa do Ratinho.
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Em março, sobre o retorno do Linha Direta, Pedro Bial deu a seguinte declaração ao UOL: “Esse programa vai evocar o Linha Direta lá de trás, mas também anunciar as novas possibilidades de um programa que envolve true crime, justiça e impunidade no Brasil”.
De acordo com o Memória Globo, o formato do Linha Direta era exibir “dois casos policiais, mostrando a cobertura jornalística na ocasião em que os crimes tinham sido cometidos, o processo de investigação e sua reconstituição baseada em depoimentos. Linha Direta contava com uma central telefônica disponível 24 horas por dia e, a partir de 2000, com uma página na Internet para receber denúncias de telespectadores, sempre com garantia de sigilo total”.
No dia 06 de abril, no dia da tragédia da creche em Blumenau (SC), onde quatro crianças foram assassinadas, o Grupo Globo soltou um comunicado dizendo que estava adotando uma nova política editorial na cobertura de massacres seguindo orientação dos maiores especialistas de crime. O problema é se for seguir a risca a nova conduta da emissora, o formato original do Linha Direta está ameaçado. A essência do programa é a exposição do assassino para ele ser localizado pelos telespectadores.
"Os veículos do Grupo Globo tinham há anos como política publicar apenas uma única vez o nome e a foto de autores de massacres como o ocorrido em Blumenau. O objetivo sempre foi evitar dar fama aos assassinos para não inspirar autores de novos massacres. Essa política muda hoje e será ainda mais restritiva: o nome e a imagem de autores de ataques jamais serão publicados, assim como vídeos das ações", avisou William Bonner na edição do Jornal Nacional.
“A decisão segue as recomendações mais recentes dos mais prestigiados especialistas no tema, para quem dar visibilidade a agressores pode servir como um estímulo a novos ataques. Estudos mostram que os autores buscam exatamente esta ‘notoriedade’ por pequena que seja. E não noticiamos ataques frustrados subsequentes, também para conter o chamado ‘efeito contágio’.”
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O novo Linha Direta tem apresentação de Pedro Bial, direção artística de Monica Almeida, direção geral de Gian Carlo Belotti, e direção de gênero de Mariano Boni. A redação final é de Pedro Bial e Marcel Souto Maior e a produção de Anelise Franco. A atração estreia no dia 04 de maio, às quintas-feiras, e vai ao ar após Cine Holliúdy.
O NaTelinha entrou em contato com a emissora solicitando explicações sobre como o programa será produzido sem ferir a nova política editoria do Grupo Globo. A emissora não se manifestou.
Confira o Linha Direta exibido no dia 24/05/2000:
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