Publicado em 01/04/2020 às 04:59:00
O empresário e apresentador Roberto Justus, querendo amenizar o impacto negativo das suas declarações sobre ser favorável a reabertura do comércio e o isolamento vertical em tempo de coronavírus, retornou às redes sociais no último final de semana e disse que foi mal compreendido pelo público.
"As pessoas foram muito injustas comigo porque sou uma pessoa que pensa sim no ser humano, que preza pelas pessoas e sempre se preocupou em ser íntegro e correto com todos", disse Justus na postagem.
E completou em outro trecho: "Acho que foi bom colocar em prática métodos urgentes para conter a proliferação da doença. Analisando e pesquisando porque a gente vai aprendendo todo dia, passei a acreditar que a melhor forma realmente é esse isolamento momentâneo, principalmente para evitar um colapso no sistema de saúde. Esse que talvez seja o maior problema neste momento, que pode causar muito mais mortes".
Mas antes da repercussão, Roberto Justus, que aguarda o sinal verde para gravar a nova temporada de O Aprendiz na Band, tinha outra opinião sobre o tema.
"Não ter aglomerações? Ok! Não ter jogos de futebol, as grandes festas, shows? Ok! Não é pra botar muita gente junta. Mas vamos isolar nossos idosos e as pessoas que têm problemas de saúde para que não se contaminem e vamos liberar o resto. Porque o saudável, quando pega o vírus, para ele é uma gripe, não é uma coisa tão grave pra quem é saudável e tem boa imunidade. E ele ainda vai criar anticorpos", defendeu.
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Roberto Justus foi uma dos publicitários mais geniais do mercado brasileiro. Criou campanhas e impulsionou inúmeras marcas. Porém, ele não foi capaz de fazer a gestão da própria imagem como artista neste momento que o mundo enfrenta uma pandemia. Ele afagou seus amigos empresários, mas se distanciou do público e se jogou num abismo como artista.
A coluna não está avaliando sua opinião, mas faz um questionamento de postura dele como um produto de mercado. Se a declaração de Roberto Justus é certa ou errada, o futuro e a história irão contar.
Mas fica a dúvida. Numa época de tanta censura aos meios de comunicação que não pode críticas abertas a determinadas camadas da sociedade, será que anunciantes vinculados ao Aprendiz vão se perfilar tão independentes e arrojados como Justus sobre convicções econômicas? Muitos já mudaram o discurso e quem ficou de calça-curta?
Será que se Roberto Justus estivesse ainda trabalhando no meio publicitário, ele indicaria para seus clientes patrocinarem um programa de Roberto Justus, um artista alinhado com Bolsonaro e que ganhou alto índice de rejeição por opiniões sobre métricas de mortes de seres humanos nas redes sociais?
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