Publicado em 01/12/2013 às 20:50:26
Confesso que poucas vezes me vi tão interessado em uma novela como “Pecado Mortal”. Estreada há mais de dois meses pela Record, é uma trama mais que redonda: direção excelente – Alexandre Avancini em um ótimo momento -, elenco muito competente e correto, texto afiadíssimo e ótimo de Carlos Lombardi. Assisto ao folhetim regularmente e não consigo achar defeitos nele. Então, porque tem marcado entre 5 e 7 pontos no Ibope da Grande São Paulo?
Tentei encontrar respostas nesta última semana e cheguei a cinco pontos.
Primeiro: a Record não divulga a novela tão bem. Não vejo uma campanha agressiva de marketing, ou de divulgação, até mesmo em sua grade.
Segundo: a edição. Por mais que a trama seja muito bem escrita e tenha uma direção excelente, a edição, várias vezes, não deixa ganchos que, para o telespectador mais atento, são vistos facilmente.
Terceiro: com “Amor à Vida” alongada, "Pecado Mortal" entra no ar bem tarde. Mas bem mesmo. Ou é fácil para o telespectador acompanhar uma trama que começa às 22h45, 22h50, muitas vezes? Lógico que não.
Quarto: atração anterior entrega com baixo Ibope. Faz tempo que “CSI: NY” não dá conta do recado, sempre perdendo para o “Programa do Ratinho”, entregando com cerca de 4 a 5 pontos. Não tem santo que faça milagre.
Mas o quinto ponto é o primordial pra mim: um certo preconceito com as novelas da Record. Ouvi cerca de 30 pessoas do meu cotidiano e perguntei para elas: “Vocês têm assistido Pecado Mortal?”. Ouvi as mais variadas respostas, de “tenho visto, mas não acompanhado, porque começa tarde”, até “que novela é essa?”.
Mas o que mais ouvi foi: “Não é a nova novela da Record? Por favor, Gabriel, novela da Record é sempre ruim. Prefiro 'Amor à Vida' e a 'bicha má' do Félix”. Ok, até concordo que Félix é um grande personagem, mas a trama de Walcyr Carrasco é bem aquém, quando comparada ao folhetim da Record.
Foi criado um preconceito, que confesso, não sei explicar, em relação às novelas de outras emissoras. É aquela máxima “novela boa, só na Globo”, que muita gente segue à risca, e que eu discordo veementemente. Não faltam exemplos de tramas ruins na emissora carioca e exemplos bons na Record, no SBT, e nas outras.
É uma máxima que, infelizmente, existe e não vai ser fácil mudá-la.
Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. Além do “Antenado”, é responsável pelo “Documento NaTelinha”. Converse com ele. Twitter: @bielvaquer
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