Publicado em 10/04/2012 às 20:15:29
A Record encerrou na noite da última segunda-feira (09) “Vidas em Jogo”. A novela, que foi escrita por Cristianne Fridman e colaboradores, terminou com quase um ano no ar, mais de 240 capítulos exibidos e com o título de terceira produção mais longa da história da dramaturgia do canal.
“Vidas em Jogo” acumula altos e baixos. Inúmeros pontos fortes e fracos podem se destacar e de grande amplitude. Os acertos foram grandes e os erros também. Uma novela com vários contrastes.
Entre os acertos de “Vidas em Jogo”, podemos começar pela sua produção, dirigida por Alexandre Avancini. O diretor, junto a sua equipe, conseguiu manter o fôlego da novela do primeiro ao último capítulo. A agilidade e a técnica são alguns dos pontos de grande surpresa. As cenas de ação do folhetim foram muito bem produzidas. E, se ao mesmo tempo que os cenários não foram o ponto forte – ainda mais quando se comparado aos da Globo, o que é feito involuntariamente -, destaca-se a grande qualidade das cenas externas. Uma das últimas, que foi uma gravada em um galpão onde Wellington (Rick Tavares) está se drogando e é encontrado por Carlos (André di Mauro), que aproveita a situação e revela que é seu pai, chamou muita atenção pela grande qualidade e que neste ínterim não deveu nada às mais nobres produções da Globo.
O texto de “Vidas em Jogo”, de modo geral, foi bastante satisfatório. A autora conseguiu o que poucos autores conseguem e criou diversas histórias no decorrer de pouco mais de 11 meses de produção. Todos no elenco tiveram espaço e foram protagonistas da novela em determinados momentos. Esta foi uma das maiores qualidades da autora, afinal poucos conseguem criar e desenvolver tão bem tramas dentro de uma só durante um período tão longo. E, ao mesmo tempo, atores acabam se sentindo desprestigiados por não terem atenção – o que nem de perto chegou a ocorrer dessa vez. A discussão de temas dos mais profundos, como a AIDS, HIV, até os mais comuns em novelas, como traição, foram bastante pertinentes e tiveram resoluções satisfatórias.
Já entre os pontos negativos de “Vidas em Jogo” tem-se o principal: a duração. A trama, que se aproximou de um ano, foi ruim para todos e foi uma prática benéfica apenas à Record. Ninguém ganha com uma novela tão longa. Os atores perdem, afinal há um grande desgaste e por ficarem presos a uma produção, sem poder desenvolver outras, como cinema e teatro de maneira mais confortável. Os produtores também se perdem pelo cansaço, assim como os autores, colaboradores e etc.
Outro ponto bastante questionável de “Vidas em Jogo” foi a ausência de responsabilidade social em determinadas cenas. O assassinato de uma catadora de papel, por exemplo, foi totalmente desnecessário e de péssimo gosto. Na história, a catadora era testemunha de um sequestro e, após muito empenho, acabou se convencendo a colaborar com a Justiça. Só que ao colaborar com a Justiça, ela acabou sendo assassinada com um tiro no peito. Qual é a necessidade de uma morte dessas? Muitas pessoas deixam de denunciar crimes no Brasil por medo de represálias, mesmo com a Justiça tentando oferecer o máximo de apoio e proteção. E a novela, que deveria ser a primeira a incentivar, ajudou a desencorajar pessoas que estão na mesma situação da catadora.
A segunda morte questionada foi a do ex-traficante Sandro (Breno Guedes). Ele era um dos traficantes de uma favela na qual Belmiro (Ricardo Petraglia) e Hermezina (Bia Montez) buscavam por craques de futebol. O rapaz acabou cedendo e tentou fazer o que poucos tem coragem: deixar o tráfico e se inserir na sociedade como uma pessoa de bem. Só que, capítulos depois, Sandro foi assassinado por um velho convencido após se negar a voltar a praticar roubos e furtos. Mais uma vez a novela desencorajou quem está em uma situação similar de prosseguir na tentativa de deixar o tráfico e seguir uma vida de bem.
De modo geral, “Vidas em Jogo” foi uma novela considerada sob medida para a Record. Uma trama popular, atual, com vilões marcados, reviravoltas e em uma super-produção.
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