João Emanuel Carneiro expõe expectativas para Mania de Você e fala de personagem de Adriana Esteves: "Maluca"
Autor volta ao horário nobre da Globo em 9 de setembro, prometendo uma trama bem movimentada
Publicado em 06/08/2024 às 11:07,
atualizado em 06/08/2024 às 11:29
Autor de clássicos como Da Cor do Pecado (2004), A Favorita (2008) e Avenida Brasil (2012), João Emanuel Carneiro se prepara para voltar ao ar com a próxima novela das nove da Globo, Mania de Você, cuja estreia ocorrerá em 9 de setembro.
"Esta novela trata de obsessões amorosas. Colorida, passada num resort, sobre amor e poder. Talvez capte este espírito do tempo, das pessoas inquietas no amor. Me interessa muito contar a história do jovem. A vida dele pode virar qualquer coisa. É uma página em branco ainda. E eu estou numa fase bem jovem", explica o autor à coluna Play, do jornal O Globo.
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"É uma história bem ousada. São personagens interessantes, ao mesmo tempo contraditórios e multifacetados. O vilão Mavi faz coisas atrozes, mas é um amor. Tem várias coisas provocativas para o telespectador. Por exemplo, os vilões Luma e Mavi são traídos pelos mocinhos. Geralmente é o contrário. [O 'quem matou?'] será de outra forma, não se estenderá até o final", adiantou João Emanuel Carneiro, citando o personagem de Rodrigo Lombardi, Molina.
"Mércia (Adriana Esteves) vai ser o contrário da Carminha. É submissa e maluca, autodestrutiva. Acho que funciona do mesmo jeito sem o Murilo. Escrevi pensando nele, mas as mudanças de elenco acontecem, ainda mais hoje, com questões de contratos", avaliou o escritor.
Além de Esteves, Carneiro fez questão de contar Thalita Carauta no elenco. "Eu pedi. Ela é única. Faz drama e humor, e nenhum fica prejudicado. Vai ser a Leidi, uma demônia engraçada, que chantageia a chantagista Ísis (Mariana Ximenes, que engana a sogra, Berta, papel de Eliane Giardini)", contou JEC.
O dramaturgo também falou da possibilidade de apostar em um casal gay, dessa vez com Mariana Santos e Vanessa Bueno. "Walcyr (Carrasco) fez mais pela causa. Fiz pouco. Não sei (o motivo)... Talvez pudor, censura interna. Está em tempo de eu fazer mais para corrigir esse erro. O Brasil é um país muito conservador. Você invade a casa das pessoas com a novela. Não é uma coisa que elas põem no streaming, que escolhem assistir. Elas estão assistindo. Você precisa ter um filtro grande", declarou.
João Emanuel Carneiro fala sobre streaming e duração de novelas
Sobre a possibilidade de voltar a escrever para o streaming, repetindo o sucesso de Todas as Flores, João Emanuel Carneiro não descarta. "Faria outra novela, sim. Porque é menor. E a pressão é muito menor. A pressão da TV aberta é viciante por um lado. A aposta do pôquer. Todas as flores foi uma obra semiaberta. Me agrada que a obra aberta da TV fique cada vez mais fechada. A ideia de que, após o lançamento, a empresa vai intervir para tornar a história mais bem-sucedida nunca deu certo. Há novelas com muitos personagens, e o autor vai vendo no ar o que deu certo. A minha é mais concentrada. Se deu errado, deu errado. Se deu certo, deu certo. Não tem mil apostas", disse.
Quanto a duração das novelas, ele é bem sincero. "Um inferno. Tem dia que você acha que vai dar certo, tem dia que acorda em crise. É um julgamento diário por seis meses. Pouca gente consegue sair inteira. É um teste violento. Você aprende muito a apanhar, né? Todos os dias. E você pode ver dez críticas positivas, mas, quando tem uma negativa, só se lembra da negativa. Quando surge uma crítica ruim, tem sempre alguém para ligar e dizer: 'Que injustiça aquilo. Você viu?'", revelou.
A opinião do público, inclusive, é algo que precisa ser considerado. "Eu acho que tem que usar, mas não levar ao pé da letra. Tem que entender as demandas das mulheres que estão nesses encontros. Elas vão sempre dizer: 'Não gosto de violência, não gosto de tristeza, o casal tem que ser feliz'. Se você faz o casal feliz no capítulo 20, acabou a novela. Todas dizem a mesma coisa. Eu fui muito contra novelas bíblicas no passado, na Record. Fui a um grupo de discussão, na época de Os Dez Mandamentos, acho, e falaram: 'A gente tem que assistir lá, porque contam a história dos nossos avós, que vieram com Pedro Álvares Cabral e Moisés'. Nunca esqueço essa frase", relembrou.
"Acho que o plot de A Favorita, por exemplo, dificilmente alguém teria coragem de fazer hoje em dia. Por 80 capítulos, não saber quem está dizendo a verdade, se a vilã ou a heroína, é tão radical. Dificilmente alguma TV do mundo faria. Elas ficaram mais preocupadas com pesquisa e resultados desde o começo. Assim, arriscam menos, são menos ousadas nesse sentido", avaliou.
João também falou dos remakes, que voltaram com tudo na Globo. "Acho interessante. Mas de uma novela minha mesmo. Dos outros, não. Já pensei muito nisso. Da Cor do Pecado, Cobras & Lagartos, A Favorita, Avenida Brasil... Daria para fazer um spin-off também", afirmou.