Estilo próprio

Há 25 anos, Record estreava minissérie trash baseada em testemunhos de fiéis da Igreja Universal

A Filha do Demônio teve cinco episódios


Patrícia de Sabrit em cena de A Filha do Demônio
Patrícia de Sabrit foi a protagonista de A Filha do Demônio - Reprodução/Record

Em 03 de março de 1997, após 20 anos sem investir em teledramaturgia, a Record dava início às produções bíblicas com a minissérie A Filha do Demônio. A produção foi a primeira de 10 obras exibidas dentro de uma faixa chamada Série Verdade, que, às 20h, transmitia histórias baseadas em testemunhos de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, instituição religiosa liderada por Edir Macedo, dono da emissora paulista.

Com direção geral de Atílio Riccó, a minissérie mostrou Mário (Luiz Carlos de Moraes) barganhando com o Diabo (João Vitti). O camelô, que vendia pentes na Praça da Sé, em São Paulo, negociou a alma de sua filha, Ana (Patrícia de Sabrit), em troca de dinheiro e mulheres. Enquanto o pai lucrava com o acordo, que lhe rendeu US$ 100 mil e algumas amantes, a menina cresceu infeliz e agressiva. Possuída pelo demônio, se envolveu com a prostituição, o vício em álcool e o tráfico de drogas. Apenas com a confissão de que sua alma foi vendida, a jovem tem a chance de mudar de vida.

Os cinco episódios de A Filha do Demônio nem de longe lembram as novelas bíblicas que o canal produz atualmente. Em uma crítica para a Folha de S. Paulo, em 05 de março de 1997, Marcelo Rubens Paiva falou sobre a precariedade da obra. "Com suas limitações, não dá para imitar a Globo. Não há recursos para uma produção sofisticada. Resolveu, então, partir para um estilo próprio, escancarando. Está de parabéns. E engole em seco aquele que imaginava que o gênero havia se esgotado", opinou, se referindo ao estilo trash que definia a produção.

"Os cenários são escarnecidos. Os efeitos especiais, grotescos. Os diálogos, impagáveis. Habituado a um padrão de novela de alta qualidade e rotatividade, o espectador brasileiro está à frente de um dilema: Isso é para ser levado a sério?", observou o escritor. A mesma publicação destacou que a minissérie chegou a atingir 5 pontos de audiência, o que equivalia na época a cerca de 400 mil telespectadores na Grande São Paulo. "É tão ruim que é ótima", definiu ele.

Com A Filha do Demônio, Record chocou com bizarrices em horário nobre

Alguns trechos de A Filha do Demônio estão disponíveis na web e provam que a minissérie tinha tudo para agradar os amantes do genêro trash. Dando liberdade para o Diabo, a trama mostrou um bebê acordando no berço com o corpo todo coberto por minhocas e vermes, uma garota matando um cachorro e bebendo o sangue do animal e o próprio demônio se alimentando do sangue de uma mulher morta em um ritual satânico.

Confira a abertura de A Filha do Demônio:

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