Violência

Repórter da Globo é hostilizado ao vivo em SP e transmissão é cortada

O jornalista Arthur Costa, da TV Vanguarda, teve sua entrada ao vivo interrompida por manifestantes


Arthur Costa
O repórter Arthur Costa foi hostilizado por manifestantes. Foto: Reprodução/TV Vanguarda
Por Diogo Cavalcante

Publicado em 29/01/2021 às 20:31,
atualizado em 29/01/2021 às 21:43

Mais um profissional de imprensa foi agredido (veja vídeo abaixo) no exercício de suas funções nesta sexta-feira (29). A vítima foi o jornalista Arthur Costa, da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo no Vale do Paraíba, em São Paulo. O repórter estava ao vivo, no Jornal Vanguarda, repassando as informações de um protesto contra o fechamento do comércio na Rodovia dos Tamoios, em Caraguatatuba (SP), quando começou a ser hostilizado por manifestantes.

O apresentador, Ademir Ribeiro, chamou o repórter ao vivo durante o jornal. No início da entrada, o clima estava ameno. Mas enquanto Arthur falava, alguns manifestantes começaram a gritar frases de efeito, como “Globo lixo”, e a se aproximar dele. A imagem do local foi substituída por VTs gravados mais cedo, com o áudio do jornalista ao fundo.

Os gritos foram ficando mais intensos e em coro, até que um manifestante fala em cima do repórter - não é possível saber se ele teve o microfone tomado ou se a voz estava alta - e começou a bradar “Seja parcial! Seja parcial nessa p****. Coloca os curados também, p****”, fazendo referência às curas clínicas pela Covid-19. Arthur desistiu da entrada. “Infelizmente, vou ter que entregar para o estúdio”, disse. A transmissão foi cortada.

O NaTelinha entrou em contato com o repórter, através de sua rede social, mas não conseguiu um retorno até a publicação deste texto.

Violência contra jornalistas cresceu em 2020, segundo Fenaj

O episódio ocorrido com Arthur reforça a percepção extraída do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil de 2020, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). O documento, divulgado na última terça-feira (26), mostra que a classe profissional sofreu 428 ataques durante o ano - número 105,77% maior que em 2019, quando foram registrados 208.

A violência mais frequente foi a tentativa de descredibilizar a imprensa. Em 2020, foram 152 casos registrados - 35,51% de todo o quantitativo de ocorrências. Destes, 142 foram executados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. 

Censuras e agressões verbais/ataques virtuais aparecem na segunda e terceira colocação do ranking. No caso de censuras, foram contabilizados 85 casos. Já de agressões verbais e ataques virtuais, 76.

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