Polêmica

De Neto a Vampeta: Comentaristas discutem caso de racismo contra Gerson do Flamengo

Craque do clube carioca acusou jogador do Bahia de ter sido racista


Gerson em jogo do Flamengo
Gerson disse que foi vítima de racismo - Foto: Reprodução

No último domingo (20), o jogador Gerson, do Flamengo, acusou Indio Ramirez, do Bahia, de ter sido racista ao falar a frase “Cala boca, negro”. Diversos programas esportivos se posicionaram contra a atitude do atleta tricolor, como Mauro Cezar Pereira e Neto. Contudo, o fato mais polêmico envolveu Vampeta, comentarista do Mesa Redonda, da TV Gazeta, que minimizou a denúncia do ídolo flamenguista.

“Mas eu não vi para tanta coisa (sobre o Gerson). Eu jogo bola ali na Vila Maria, lá tem de tudo... Coreano, boliviano, chinês... ‘Ô coreano, toca a bola", 'ô boliviano, toca a bola', ‘ô chinês, toca a bola’... E aí? Se todo mundo for para a televisão por essas causas”, declarou o ídolo corintiano.

Apresentador do tradicional programa, Flávio Prado não gostou do comentário do colega e afirmou que “ofensa é uma coisa muito pessoal". Benjamin Back, convidado da atração, ficou ao lado de Flávio.

“É diferente. Quando você tem uma liberdade com a pessoa, é lógico que você não vai ligar. É totalmente diferente. Então você falar ‘po negão’ para um cara que é seu amigo, ele sabe que não tem nada. Mas você virar para um cara que você não conhece no meio do jogo e falar ‘ô seu macaco’... Tá maluco, cara?”, afirmou Benja. “O futebol não pode ser um universo paralelo”, completou o contratado do SBT.

“O mundo parou naquele lance do Neymar e não deu nada. Agora teve um lance de novo com o Paris Saint-Germain contra um time turco, mas os dois já se entenderam. O futebol está muito mimimi...”, retrucou Vampeta, causando desconforto na bancada.

Neto e Mauro Cezar comentam caso de Gerson

Neto abriu Os Donos da Bola nesta segunda-feira (21) defendendo Gerson e criticando o comportamento do jogador do Bahia. Ele relembrou que cuspiu em um árbitro negro quando era jogador de futebol e enfatizou que aprendeu muito com sua atitude.

“Não é normal [ser racista]. Não pode mais isso. Eu cuspi no rosto do José Aparecido na década de 1990 e, se fosse hoje, eu não estaria trabalhando mais em lugar nenhum. E de maneira correta. Já fui massacrado e passei aos meus filhos não fazerem isso, porque eles têm que ser melhor do que o pai. A gente tem que respeitar o ser humano, independentemente da raça, da grana. O mundo mudou e a gente tem que mudar com o mundo. Não dá mais pra gente desrespeitar as pessoas”, disparou.

Já Mauro Cezar, durante o Linha de Passe, da ESPN Brasil, chamou Mano Menezes de técnico “ultrapassado”. Ele ressaltou que Ramirez é de outro país, mas deveria ter aprendido que no Brasil existem leis que incriminam ações de racismo. “Sem noção”, afirmou o jornalista.

O Globo Esporte do Rio de Janeiro mostrou todos os detalhes do jogo nesta segunda e abriu espaço maior para abordar o caso de racismo. O programa convidou o diretor do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, para explicar a atitude de Mano Menezes.

“Mano Menezes ironizou a acusação de racismo feita pelo Gerson. Mano Menezes mostrou que, uma sociedade racista, a palavra da vítima vai ser sempre estar em dúvida. Isso é muito prejudicial na luta contra o racismo. Precisamos ouvir mais as vítimas”, disse Marcelo.

Entenda o caso

Flamengo e Bahia protagonizaram um jogo bem movimentado, terminando com a vitória do rubro-negro por 4 a 3, porém com várias discussões em campo. No final da partida, Gerson foi chamado para dar entrevista ao SporTV e acusou Ramirez de ter sido racista, além de pedir respeito para Mano Menezes.

“Tenho vários jogos pelo profissional e nunca vim na imprensa falar nada porque nunca tinha sofrido preconceito, nem sido vítima nenhuma vez. O Ramirez, quando tomamos acho que o segundo gol, o Bruno fingiu que ia chutar a bola e ele reclamou com o Bruno. Eu fui falar com ele e ele falou bem assim para mim: ‘Cala a boca, negro’. Eu nunca falei nada disso, porque nunca sofri. Mas isso aí eu não aceito”, contou o atleta.

Áudios exibidos pelo Grupo Globo flagraram Gerson revoltado em campo e acusando Ramirez de racismo. Durante o bate-boca, Mano Menezes minimizou a denúncia do jogador do Flamengo. “Virou malandragem”, disse o técnico, que foi demitido do Bahia.

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