Aniversário

Boni, todo-poderoso da TV, completa 85 anos

Executivo criou o "padrão Globo" de qualidade


José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, desfila na Marquês de Sapucaí em 2017
José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, desfila na Marquês de Sapucaí em 2017 - Foto/Reprodução/TV Globo

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, completa 85 anos nesta segunda-feira (30). Um dos expoentes da história da televisão brasileira, o executivo foi responsável por implantar o famoso "padrão Globo" de qualidade, que alçou a Globo à liderança de audiência (e tentou ser copiado pela concorrência).

Boni chegou à Globo em 1967, a convite de Walter Clark (1936-1997), com quem já havia trabalhado na extinta TV Rio. Juntos, conceberam o formato básico da programação da Globo até hoje, com a grade do horário nobre formada por três novelas, o Jornal Nacional entre a segunda e a terceira, e uma atração especial a seguir.

Vice-presidente de operações da Globo, Boni promoveu também importantes mudanças artísticas e apostou em uma dramaturgia mais realista, sobre o cotidiano brasileiro contemporâneo. Para isso, contratou o diretor Daniel Filho e os autores Janete Clair (1925-1983) e Dias Gomes (1922-1999), com quem trabalhou na rádio Clube do Brasil, quando tinha apenas 15 anos.

Nascido em Osasco (SP), Boni mudou-se para o Rio de Janeiro para iniciar sua trajetória na comunicação. Ao conhecer Manoel de Nóbrega (1913-1976), tornou-se seu secretário pessoal e redator na rádio Nacional, desta vez em São Paulo. Aos 17 anos, foi contratado pela rádio e TV Tupi, sua primeira experiência na TV. Também trabalhou na rádio Bandeirantes e nas extintas Excelsior e Paulista (precursora da Globo).

"Boni e eu temos uma ligação, uma amizade muito grande. Chegamos a trabalhar juntos em 1957, quando ele deixou a Tupi. Havia uma acordo entre Tupi e Paulista que se um ator ou diretor deixasse uma emissora para ir trabalhar na outra teria que ficar um ano parado. Boni entrou nesse circuito e eu, por fora, pagava um cachê para ele roteirizar o programa", recordou o diretor Nilton Travesso em entrevista ao NaTelinha, em setembro.

Boni, todo-poderoso da TV, completa 85 anos

Boni e a rede nacional de televisão

Na Globo, Boni realizou o sonho de implantar a rede nacional de televisão, que havia tentado na Tupi. A ideia seria viabilizada em 1969, quando a Embratel inaugurou o seu sistema de microondas. Em 1º de setembro daquele ano, o Jornal Nacional foi primeiro programa regular transmitido ao vivo para todo o país. 

O executivo também participou ativamente da criação de dois dos programas mais lembrados da história da Globo: TV Mulher (1980-1986) e Fantástico, lançado em 1973 e ainda no ar.

"Em 1974, Boni me chamou para participar do primeiro Fantástico colorido. Fui para o Rio, onde morei durante uns anos, mas eu dizia: 'Boni, vamos fazer algo em São Paulo? Vamos montar um núcleo?'. A minha vida toda foi em São Paulo. Ele respondeu: 'Se eu montar núcleo em São Paulo, fica meio distante para controlar tudo'. Eu insisti, até que um dia ele falou: 'Tudo bem, vamos montar um núcleo em São Paulo, o que você quer fazer?'. Foi aí que nasceu a TV Mulher", relembrou Nilton Travesso.

Boni permaneceu como vice-presidente de operações na Globo até o final de 1997, quando foi substituído por Marluce Dias da Silva. Tornou-se consultor da emissora até 2001. Há 17 anos, é sócio da TV Vanguarda, afiliada da Globo no Vale do Paraíba (interior de São Paulo).

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