Discussão e alerta

Ex-participante do The Voice Kids reacende debate: Competições infantis na TV são saudáveis?

Para ela, formato deveria ser proibido


Bel com o microfone na mão cantando no The Voice Kids
Bel no The Voice Kids - Reprodução/TV Globo

A cantora Bel Sant'Anna, que participou do The Voice Kids no ano passado, falou sobre sua experiência no reality da Globo e expôs o quanto a competição mexeu com seu psicológico e autoestima, afetando até mesmo seu desejo de cantar. O discurso reacende a discussão: até que ponto é saudável crianças disputarem na TV?

Na opinião da ex-participante do reality musical, o programa deveria ser proibido. "Não só porque as crianças estão sendo usadas para entretenimento alheio, mas eu já senti na pele como é estar lá e não me fez bem. Ninguém abusou de mim ou coisa do tipo, me trataram muito bem em vários aspectos, o que eu estou falando é sobre a mecânica do programa", inicia ela.

A cantora classificou a competição como algo "duvidoso" pelo mais puro entretenimento, e desabafou: "Fui desqualificada nas batalhas e perdi toda a minha autoestima, tudo o que fazia eu querer cantar, toda a mágica que a música tinha pra mim foi embora porque eu pensava que não era boa o suficiente pra continuar. Alguém lá dentro me designou ruim demais para seguir no show".

Bel também relatou ter passado um ano inteiro parada sem tocar piano, aquecer a voz ou até mesmo cantar no chuveiro. "Até hoje tenho muita insegurança", destacou. De acordo com ela, ainda, as psicólogas da Globo pouco faziam.

A emissora, por sinal, exibe a grande final da quinta temporada do The Voice Kids neste domingo (11), com Kauê Penna, Maria Eduarda Ribeiro ou Paulo Gomiz na decisão.

Competições podem ser estimulantes, diz psicólogo

Segundo o psicólogo Alexander Bez, a competição na infância, geralmente ligada aos esportes e atividades físicas, podem ser estimulantes e bastante positivas. "Entretanto, o segredo está na preparação psicológica caso a criança perca. Competições como o The Voice Kids são entendidas como saudáveis, pois estimulam a determinação e acabam expondo que nem sempre a criança irá ganhar, mas ela deve persistir", diz ao NaTelinha.

Para ele, cabe aos pais orientarem e deixarem claro que se trata de uma diversão, sempre com um respaldo emocional. A ajuda de um psicólogo também é importante: "O papel do especialista é analisar cada criança e buscar as melhores soluções para sanar as frustrações e ansiedade de cada competidor mirim. Avaliar se a criança possui fragilidades psicológicas e se a competição está ocasionando sequelas emocionais".

Caso não exista preparo psicológico e emocional, a chance de frustração é grande, de acordo com Bez. "Esse tipo de competição não só permite a criança a desfrutar essa ambientação competitiva, mas também a prepara para a vida. Para não ter o elemento da baixa autoestima, frustração e sensação de inferioridade a preparação para derrota é necessária", conta.

Enquanto para Bel o The Voice Kids deveria ser proibido, o psicólogo discorda: "A vida nos proporciona diversos tipos de competição, ao instigar esse espírito competitivo, desenvolve melhor o sistema cognitivo, aprimorando pontos necessários para o desenvolvimento. Além de mostrar a criança que nem sempre ela irá vencer, evita a permanência do conceito de perfeição".

Um fator que pode ser determinante para o psicológico da criança é a inclusão do ingrediente "parabenizar". "Isso deve ser amplamente difundido, exaltar o talento dessas crianças mesmo durante a derrota é fundamental. Levar a competição como uma diversão e oportunidade de mostrar o trabalho desses pequenos artistas para o Brasil e mundo é interessante também, mesmo que não ganhem é importante ressaltar que eles foram selecionados entre várias outras crianças e tiveram oportunidade de fazer novos amigos e entrar com tudo no mundo musical", encerra.

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