Filho de Wagner Montes se emociona ao lembrar do pai em chegada à Record: “Tá comigo”
Apresentador se emocionou ao comentar do legado do jornalista
Publicado em 10/03/2020 às 05:06
Wagner Montes Filho foi contratado recentemente pela Record e agora seguirá caminho na emissora que consagrou seu pai, Wagner Montes, que faleceu em janeiro do ano passado. O novo repórter acredita que o pai continua presente e até se emocionou ao falar da importância do jornalista em sua vida pessoal e profissional, precisando interromper por alguns instantes entrevista exclusiva concedida ao NaTelinha.
“Meu pai tinha uma frase meio que assim: ‘O que atrapalha a fé é a religião’. Desde que ele falou que entraria de mão dada comigo... Acredito que ele tá comigo...”, disse ele com a voz embargada e chorando.
“Desde o dia que ele avalizou, que ele falou: ‘segue isso aqui’, eu senti que ele estava do meu lado. Estava do meu lado de forma presencial quando estava vivo, mas ele segue no meu coração, segue do meu lado. Tenho certeza que toda vez que vou gravar alguma coisa, eu falo: ‘vai na frente’. Lógico que coloco Deus na frente sempre, mas eu falo pro meu pai: ‘Esteja comigo, me oriente’. Que não seja desta forma, até porque a gente coloca Deus na frente, mas eu sempre paro e penso: ‘O que meu pai pensaria disto?’, mas não do assunto, porque o assunto quem tem que comentar sou eu, afinal de contas, agora é comigo, mas o que ele pensaria da minha postura? Eu acho que, independente do que ele ta aqui ou não estar, meu papel, como filho, é dar orgulho pro pai. Então creio que ele está nos olhando, creio que ele faz parte do meu dia-a-dia, creio que ele estará ao meu lado mais uma vez facilitando a minha vida, porque acho que quando é de verdade a gente sente. Tenho certeza que ele está do meu lado”, afirmou.
A emoção e a reverência em torno do nome de Wagner Montes mostraram o quanto ele admirava seu pai. Mas ele também acredita que o comunicador estaria muito feliz em ver o sucesso dele.
“Se ele estivesse aqui, ele falaria: ‘Só seria contratado se eu quisesse’. Ele ditava o tempo, mas ele com certeza estaria feliz, assim como liguei pra Sônia e falei que tinha sido contratado pela Record, ela chorou muito. E ela falou, porque eles eram pessoas parecidas, apesar do meu pai ser um cara muito xucro, eles eram parecidos. Eu conseguir ver na reação dela como seria a reação dele. Então é bem gratificante, bem bacana”, comentou.
Só que ele não esconde que chegará para trabalhar na Record cheio de responsabilidade por carregar o nome de Wagner Montes, mas nada que o incomode ou o deixe assustado.
“Como sempre cito, é uma responsabilidade muito grande pelo nome que carrego. É a mesma coisa que o filho do Pelé jogar no Santos. É a emissora que meu pai foi muito feliz, não foi a que ele começou, mas foi a de fato que ele trabalhou e foi muito feliz. Carregar o nome Wagner Montes é sim uma responsabilidade muito grande, mas tive a maior das escolhas, na minha opinião, que foi frequentar a emissora durante muito tempo ao lado dele, então vi tudo da produção até, de fato, a apresentação. Então, lógico, sigo tenso, me preparando para o que a emissora tem pra mim, mas a palavra é gratidão, porque é o reconhecimento da família, da importância que meu pai teve pra emissora. O carinho vem lá de trás, agora só oficializou. Esse reconhecimento serei grato eternamente, única coisa que tenho que fazer é dar jus ao nome e a confiança dele”, declarou.
Antigamente, o jornalista explicou que se incomodava com a comparação com Wagner Montes, mas hoje sente orgulho e entende que é privilegiado em carregar o nome do jornalista.
“Antigamente, até que incomodava, porque quando você é mais novo, bem mais novo, você não tava tão preocupado como que iria passar, porque tinha seus pais pra custear, então é tudo muito fácil, mas hoje não mais. Tenho muito orgulho de onde eu vim, de ter um pai que fez quase 45 anos de televisão e ninguém tem nada de ruim pra falar dele, pelo contrário, é a parte boa ele deixou pra mim, que é a transferência de carinho. Onde eu vou, onde meu irmão vai, o povo mostra o amor que têm pelo meu pai eles transferem pra gente, então isso não incomoda em nada, é uma vantagem que tenho, assim como o nome, tenho consciência disso. Tem muita gente boa no mercado que não tem a oportunidade porque não tem essa história que meu pai tem na emissora, então é tudo mais difícil e sou muito grato por isso. Só tenho isso como lado positivo”.
Aprendizados
Wagner Montes Filho garante que seu pai era uma referência e recebeu muitos conselhos para chegar ao cargo que hoje irá ocupar na Record. “Sempre respeitei muito as colocações e posições do meu pai, lógico que quando você é mais novo, seu pai vai te orientando: ‘vai aqui,vai ali’, mas eu tive o prazer de antes de nos deixar de ter o aval dele, de ter o apoio, das orientações dele, ou seja, como eu era de outro ramo, eu tive tempo de mostrar que sou capaz de fazer, o caminho que gostaria de seguir e pegar com ele todas as orientações em vida pra que eu pudesse fazer o meu papel”, afirmou.
“Ele sempre deixou bem claro que a caminhada começa com o primeiro passo e a melhor coisa que a vida nos dá é o começar por baixo, porque a gente entende o valor de cada passo, então ele me preparou tempo suficiente pra matar isso no tempo, mas é lógico que tenho muita coisa pra aprender e, pelo que freqüentei e vivi de Record, pelo que escutei e recebi de carinho da emissora, eles estão dispostos a ensinar, então tudo isso é uma coisa bem positiva”, acrescentou.
Mas esse apoio não veio de maneira fácil. Wagner explicou que seu pai era rígido com ele e Diego Montez, seu irmão, exigindo o máximo deles para alcançar seus objetivos na vida.
“Ele sempre foi muito ríspido, ele sempre foi muito critico e uma vez eu perguntei pra ele: ‘olha, por que você dá tanta pancada na gente, em mim e no meu irmão?’. E ele disse: ‘a vida é uma guerra diária e eu não vou viver pra sempre’. É aquela história de antigamente que, se você apanhar na rua, você vai apanhar em casa. As pessoas não podem encostar em você, mas eu posso. Então se o filho sofrer uma pressão do pai e você pensar: ‘Por que meu pai tá fazendo isso?’, tudo que fizeram de mal pra você, com certeza você saberá administrar melhor, porque quando é na carne, na família, quando você fica tentando entender, você ficará mais forte para o mundo. Lógico, hoje, maduro, com saudades, eu entendo tudo o que ele falou”, revelou.
E esses aprendizados o fizeram enxergar que é um profissional de sorte. “Eu até brinco que não dei sorte porque sou filho do Wagner Montes, porque carrego o nome, ele falava no ar que ‘o verdadeiro Wagner Montes é você, depois de mim’. Então, o nome dele era Wagner Montes do Santos e ele dizia ‘depois, hora que eu quiser, você será o Wagner Montes’. Ele sabia, ele preparou tudo isso e, quando digo que sou sortudo, eu to falando do Wagner Montes pai, não to falando mais do apresentador. Lógico, durante anos ele foi um dos maiores apresentadores e tals, mas tem muita gente boa, mas o verdadeiro Wagner Montes, aquele que me deu o nome, na época ainda tava em baixa, que ajudou foi a Sônia [Lima], que chamo de mãezona com muito carinho, mas se ele me deu o nome lá é porque Deus já tinha preparado alguma coisa pra chegar aonde ele chegou, quanto na minha. Então não tenho do que reclamar, nunca”, contou.
Cópia?
Wagner Montes popularizou a palavra ‘escracha’ e cogitou-se a possibilidade do seu filho continuar com o bordão. Mas o rapaz garantiu que irá trilhar seu caminho e terá suas próprias falas.
“O escracho virou uma marca, inclusive que ele poderia ter usado bem mais, mas não. O escracho, o eterno escracho é meu pai. Os meus bordões surgiram naturalmente, não pretendo entrar com nada combinado, tipo ‘vou pensar numa coisa legal’. Tinha coisa que a gente falava do nada. Tinha gente que falava: ‘Me dê um limão e eu faço uma limonada’. Eu não, eu falava: ‘Me dê um pelo que a peruca faço eu’. Então assim, essas coisas, que o tornou o Wagner Montes, que tornou o escracho isso foi sair de supetão, então isso não. Isso é dele, já tenho um monte de coisa que aprendi dele, mas não tem nenhum problema com escracho, tanto que sou chamado de ‘escrachinho’ em um monte de lugar”, disse.
“Olha, vou dizer um negócio, quando você quer conquistar espaço, você tem tanta ideia, ideia que funcionaria, não funcionaria. Vou ser bem sincero: estou indo e vou deixar Deus ser Deus. Tenho ideias, não vou ser hipócrita, penso qual caminho devo seguir. Isso existe? Existe, mas eu acho que vou deixar acontecer, porque assim deu certo com meu pai e acho que dará certo comigo, junto com minha equipe e junto com a Record”, ressaltou.
Dificuldades
Faz mais de um ano desde que Wagner Montes faleceu e seu filho explicou como foram os últimos meses desde que seu pai morreu. “Não vou dizer dos últimos doze meses, mas vou falar dos últimos anos que acompanhei, junto com a Sônia e o Di [Diego Montez], as pessoas que nos rodearam e acompanharam essa fase ruim, que acabou resultando na perda do meu pai, foi um ano muito conturbado, porque é uma pessoa que você tá cuidando, tem uma rotina, fico imaginando a Sônia... A gente acordava e ia encontrar ele, sabia o que ia fazer e a gente fica meio sem chão quando ele parte. Sem chão profissionalmente, porque eu tinha meu pai para me orientar, me defender, sem chão em casa, porque o jeito dele escrachado era o que dava vida pra casa. Então quando você perde, você olha pra um lado e olha pro outro... Eu até falo da história do buraco, porque eu levava meu pai pra emissora, não toda hora porque tinha uma equipe que sou grato, porque como eu falei, o bom fica e o ruim administra. Eu levava ele pra emissora e caia sempre no mesmo buraco, aí ele falava: ‘Vamos pagar o cara do buraco, porque ele puxa na hora que você passa’. E quando eu tava indo pra emissora, agora, como contratado, a emissora que levava meu pai, vi o tal buraco e passa um filme na sua cabeça. Foi um ano muito difícil, tudo que ele deixou, graças a Deus, foi uma situação tranquila. Por que cito esse? Porque poderia ser mais difícil, não posso ser hipócrita. O difícil é a dor da perda”, falou.
“Quando as coisas começam a acontecer, como o sucesso do meu irmão, meu pai preparou de fato tudo pra gente. Minha hora chegou, chegou pro meu irmão e isso foi ajudando. E o carinho das pessoas... eu imaginava, porque aonde a gente passava o carinho das pessoas era grande, mas o acolhimento das pessoas, desde o mais humilde até o mais poderoso. Isso vai ajudando, mas foi difícil e fez eu me pegar mais a minha família, ao meu filho, a minha esposa, a minha mãe, a Sônia... Eu tinha perdido minha mãe seis meses antes, Sandra Pedrosa, mas chamo a Sônia de mãe, porque ela foi como uma mãe pra mim”, continou.
“Era uma nova fase, eu coloquei na minha cabeça que seria um ano de muito trabalho, um ano de vitória, um ano que ele gostaria de estar assistido, de estar acompanhando, estar presenciando, mas quando a gente entrega na mão de Deus o resultado é só um, a Record me abraçou e acho que daqui pra frente é só alegria”, finalizou.