Fim do amor?

Record não deve renovar contrato de Marcílio Moraes

Autor ficou por quase quinze anos na emissora


Marcílio Moraes, sentado e com a mão no queixo, posa para foto
Marcílio Moraes deve deixar a Record

A Record não deve renovar o contrato de Marcílio Moraes. O autor de "Vidas Opostas" (2006) tem seu vínculo terminando junto à emissora no mês de julho e o casamento de quase 15 anos deverá chegar ao fim. Procurado, o próprio confirmou essa grande possibilidade.

De acordo com o apurado pelo NaTelinha, a cúpula da Record pretende encerrar o vínculo do dramaturgo e não deve fazer nenhum movimento para renovar seu contrato. Isso porque a emissora entende que não há mais espaço na casa para ele.

As críticas que Marcílio tem feito à emissora também ajudaram a criar receio na hora de se pensar sobre um novo contrato. A direção de dramaturgia estaria entendendo que o novelista não fala a mesma língua do canal e não compreendeu as mudanças da casa nos rumos nos últimos anos.

Uma fonte do setor ouvida pela reportagem aponta que o autor tem um alto salário para o que vem apresentando: apenas projetos de séries. Seus vencimentos girariam em torno de R$ 150 mil mensais quando está fora do ar.

Os novos rumos da dramaturgia da Record, segundo pessoas ligadas ao departamento, é a Igreja Universal. Muito mais que as tramas bíblicas, a igreja está profundamente ligada às decisões para aprovação de séries e novelas. "Topíssima", recém-estreada no novo horário da casa, mesmo não sendo bíblica, tem como uma de suas inspirações o livro "Casamento Blindado", escrito pela filha de Edir Macedo, Cristiane Cardoso, que apresenta "A Escola do Amor".

Porém, existiria uma pequena possibilidade de reviravolta. Os bons resultados obtidos por "Topíssima" fizeram a Record pensar em manter de forma fixa o segundo horário para novelas inéditas e, com isso, seriam necessários mais autores e Marcílio conhece muito bem o horário. Ainda assim, essa chance é remota, já que o novelista não se encaixa nessa proposta "familiar" da nova dramaturgia da emissora.

Mas não causaria grande estranheza para o autor essa convocação, caso ela ocorresse, visto que, além de "Vidas Opostas", Marcílio fez para o horário alternativo de novelas da Record, "Essas Mulheres" (2005).

O NaTelinha falou com o próprio Marcílio, que explicou sua situação atual. "De fato, meu contrato com a Record está por terminar. Sobre a renovação, ainda não fui procurado pela direção da Record para tratar do assunto. Como acontece há 14 anos, minhas ideias, meu conhecimento e minha experiência continuam à disposição da empresa e dos fãs da Record", disse.

Marcílio confirmou ainda que está aguardando uma posição da emissora sobre um último projeto que apresentou para ser avaliado. "O último projeto que escrevi foi a série 'Pigmaleão do Brejo', que está nas mãos da alta direção da emissora", concluiu.

Procurada, a Record não respondeu às mensagens até a publicação da matéria.

Marcílio Moraes

Autor em ascensão na Globo nos anos 90, Marcílio trocou a casa pela Record em 2005, quando o canal de Edir Macedo passou a investir pesado em dramaturgia. Tratado como o número 2 da emissora, depois de Lauro César Muniz que, coincidência ou não, foi uma espécie de mentor dele na Globo, Marcílio escreveu três novelas na Record.

Além de "Essas Mulheres" e "Vidas Opostas", o dramaturgo foi o responsável por "Ribeirão do Tempo" (2010). Das três, a que contou com maior sucesso foi justamente "Vidas Opostas" que se transformou num fenômeno de audiência e crítica.

Desde 2010, no entanto, escreveu apenas apenas duas séries, "Fora de Controle" (2012) e "Plano Alto" 2014). Nenhuma delas deu grande resultado de audiência e não conseguiram renovação para uma segunda temporada.

Na Globo, Marcílio foi responsável por obras como "Sonho Meu" (1994) e, ao lado de Lauro César Muniz escreveu o fenômeno de crítica e público "Roda de Fogo" (1986). Um ano antes, ele foi colaborador de Aguinaldo Silva e Dias Gomes em "Roque Santeiro"

Medalhões fora da Record

Com a possível saída de Marcílio Moraes, a Record fecha um ciclo de rescisão contratual de seus medalhões que contribuíram para levantar a dramaturgia da casa neste século.

Lauro César Muniz, considerado um dos maiores novelistas de todos os tempos, deixou a emissora paulista em 2015, após ter escrito três produções para o canal. Depois dele foi a vez de Carlos Lombardi ter seu contrato encerrado. O novelista, contratado a peso de ouro em 2012, mas lá, escreveu apenas uma trama, "Pecado Mortal" (2013). Ele ficou na nova casa por apenas 5 anos.

Antes de todos, quem deixou a emissora foi Tiago Santiago. Dono dos maiores sucessos de audiência da Record, o autor ficou no canal entre 2004 e 2009, quando aceitou convite de Silvio Santos e foi para o SBT.

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