Silvia Pfeifer lembra polêmica em O Rei do Gado e comenta volta à passarela após 25 anos
Com a reprise da novela, a atriz está ao ar na Globo como Léia, mulher que trai o marido e acaba vítima de violência do próprio amante
Publicado em 29/11/2022 às 05:11,
atualizado em 29/11/2022 às 10:53
A Léia de O Rei do Gado é um dos papéis de Silvia Pfeifer mais lembrados pelo público. Com a reprise da novela da Globo em Vale a Pena Ver de Novo, a polêmica personagem voltou ao ar. Nesta entrevista ao NaTelinha, a atriz de 64 anos relembra a repercussão da trama e comenta também seu retorno às passarelas após 25 anos de seu último desfile.
Vários fatores fizeram com que a personagem de O Rei do Gado permanecesse no imaginário do público, segundo Silvia Pfeifer. “A Léia era uma mulher colorida, não só pelo visual, mas como personagem. Era muito forte. Havia ainda o fato de eu ter aparecido completamente diferente dos outros papéis que eu tinha feito até então.”
“Foram várias polêmicas em torno da personagem. A Léia foi muito questionada em suas atitudes, por ser uma mulher rica, casada, envolvida com um cara de outra classe social que, ela veio descobrir depois, era um garoto de programa.”
Silvia Pfeifer
O cabelo loiro à la Marylin Monroe e o figurino sensual também deixaram uma marca. Vinda de uma carreira vitoriosa como modelo, Silvia garante que não interferiu na concepção do visual de Léia. “Logo que fui chamada pelo Luiz Fernando Carvalho [diretor da novela], ele já me mostrou a imagem pronta daquela mulher, e eu achei genial.”
“Só participo [da concepção do visual das personagens] quando sou questionada ou requerida para isso. Eventualmente, digo ‘Você não acha que essa ou aquela roupa ficaria melhor’. Acho que quem tem que fazer isso é o figurinista e o diretor. Posso conversar, mas a concepção deve vir deles”, defende a atriz.
Silvia Pfeifer teve noção da importância de abordagem feita por O Rei do Gado quando cenas de violência começaram a ir ao ar
Casada com o protagonista Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), Léia mantém um caso com Ralf (Oscar Magrini). “Se fosse o inverso [o marido traindo a mulher], seria algo mais ‘permitido’ na época”, destaca Silvia Pfeifer. Além do adultério, a trama aborda a violência contra a mulher, já que o amante passa a agredi-la no decorrer da história.
“A violência contra a mulher era pouco debatida na TV naquela época, e foi de suma importância essa abordagem em O Rei do Gado”, pontua Silvia. Ela destaca a mensagem deixada pela trama de que o problema não estava restrito às classes sociais menos abastadas. “Mulheres com a condição social da Léia também apanham”, frisa.
“Léia era uma mulher de um nível social altíssimo que apanhava, se sujeitava àquilo. Inicialmente por amor, depois entram todas as questões típicas. Por que essa mulher não sai de uma relação doentia? Havia uma interdependência, um conflito com os filhos. Ela também já não ocupava o mesmo lugar que ela tinha, estava com menos dinheiro. E o medo paralisa muito.”
“É importante fazer com que o público reflita sobre questões de comportamento e de princípios, de valores. Depois que essas cenas violentas começaram a ir ao ar, tive noção real disso, por conta da reação e dos comentários das pessoas. Que a gente continue sempre questionando coisas importantes para melhorar como sociedade e como seres humanos.”
Silvia Pfeifer
Modelo de sucesso na década de 1980, Silvia Pfeifer voltou às passarelas aos 64 anos
No início do mês, Silvia Pfeifer retornou às passarelas na São Paulo Fashion Week. “Gosto de voltar ao meio em que trabalhei, reencontrar pessoas e conhecer profissionais novos desse métier. Claro que meu trabalho agora é ser atriz, mas eu vou curtir retornar sempre que eu puder e que entrar na minha agenda.”
O desfile aos 64 anos seria impensável na década de 1980, época em que ela despontou como modelo. “É ótimo mostrar a pluralidade de idade, de gênero, de beleza e de etnia, que fazem parte da moda de hoje, bem diferente da minha época, quando esse era um universo bem mais limitado e restrito.”
Atualmente, ela está envolvida com o programa Sons e Poesias, exibido aos sábados, entre 18h e 19h, na BPM Rádio Brasil, uma estação virtual. A cada bloco de quatro músicas, um texto é recitado pela artista. O projeto foi idealizado por ela e desenvolvido em parceria com o DJ Andrey Brandão.
“Essa ideia veio durante a pandemia. Lia muita poesia. Quando tentava ler um livro inteiro, com uma história só, mal conseguia ir até o fim. Interrompia, não prestava atenção… Então fiquei cada vez mais apaixonada pela poesia.”
Silvia Pfeifer
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