Caça-níquel

Com denúncias de fraude e pressão de youtuber, Band tira "Top Game" do ar em Curitiba

"Top Game" é um dos programas caça-níqueis da moda


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"Top Game" é extinto em Curitiba - Reprodução/TV Bandeirantes

O programa caça-níqueis "Top Game", produzido pela G2P, teve sua exibição cancelada esta semana na Band em Curitiba. No lugar, a emissora colocou o "Entrevista Coletiva", da TV local.

O formato é bastante conhecido do público e se perpetua há 20 anos com diferentes nomes e apresentadores. No entanto, ele é o mesmo: o telespectador é persuadido por rostos bonitos a ligar e a desembolsar R$ 5,99 por minuto para ganhar "prêmio incríveis". O desafio? Encontrar um erro na tela, dando letra e número, nada muito complexo.

Antes, no entanto, é necessário passar por um "concurso cultural", com perguntas simples. "Fernando Collor sofreu impeachment em 2016: verdadeiro ou falso?" ou "gato é um felino?". A busca é para que quem esteja vendo em casa, não desanime e acumule pontos, na busca para entrar ao vivo e faturar o prêmio maior.

A proliferação desses games, apesar de afundar o Ibope das emissoras, enche seus respectivos bolsos, e esvaziam os dos telespectadores.

Atualmente, os programas de maior cartaz são o "Top Game", que saiu do ar em Curitiba, "Game Phone", exibido diariamente pela Band nacional, e "Master Game", que nesta semana deu lugar a Sônia Abrão na RedeTV!. Os dois últimos com produção da Avatar Tecnologia.

Desde o último mês, o youtuber Rogério Betin vem se especializando em denunciar esse tipo de programa. Seu vídeo mais famoso beira as quatro milhões de visualizações.

Em seu canal, ele testa o sistema desses games e põe em xeque sua credibilidade. "No mês passado, liguei a televisão e estava passando na Band esse tipo de programa. Foi no início de junho. Fiquei pensando: espera aí, tem alguma coisa errada. Vamos dar uma investigada", conta Betin, que não parou mais desde então.

Sucesso na web, Rogério revela em entrevista exclusiva ao NaTelinha que foi procurado pelo jurídico da Avatar Tecnologia, produtora do "Game Phone": "Uma pessoa me procurou, me ofereceu para ir até São Paulo conhecer o programa, a gravação de um programa ao vivo. Eu disse que não tinha nada em São Paulo, mas eles disseram que me mandavam a passagem". Ele aceitou o convite e espera a oportunidade de saber como funciona o game por trás das câmeras e toda sua dinâmica.

Com denúncias de fraude e pressão de youtuber, Band tira \"Top Game\" do ar em Curitiba
Rogério Betin em seu canal no Youtube ligando para o "Top Game" e "Game Phone"

Apesar disso, Rogério nega que eles o convençam sobre a idoneidade do game. "Eu sei que eles fizeram coisas erradas, eu tenho provas disso", enfatiza.

Ainda que com um formato batido, continua atiçando os telespectadores a ligarem. Para o youtuber, o motivo é simples: "Querem ganhar dinheiro sem fazer nada. E o Brasil é o país dos analfabetos, dos semi-analfabetos. O programa é uma armadilha".

Em alta na internet, vem a visibilidade. E em um dos vídeos, Betin tenta mostrar a suposta farsa desses games, mas é "surpreendido". O youtuber entrou duas vezes ao vivo e faturou, pelo menos em tese, R$ 4.500. Agora, espera receber o prêmio.

Por conta dessas transmissões cada vez mais populares, Rogério e seus seguidores acreditam que chamaram a atenção do "Game Phone", atração do qual espera o dinheiro. E por conta disso, eles já estão antenados em seu canal e o premiaram para que deixasse de bater com tanta frequência.

Com centenas de denúncias no site Reclame Aqui, Rogério opina sobre a razão desse tipo de programa se perpetuar no ar: "A corrupção. É muito fácil identificar as fraudes dele. Eu que sou uma pessoa comum tenho identificado. Outra, é por causa da ingenuidade das pessoas. Esse programa faz uma lavagem cerebral na pessoa. O que acontece? Eles forjam, fraudam uma cena, onde muitas pessoas ligam e erram. Ele prepara uma armadilha. No Brasil, a maioria das pessoas são analfabetas, ou analfabetas funcionais. Tem donos de TV, juízes, promotores, até gente do Ministério Público, quem sabe".

Há cerca de duas semanas, Rogério conta que o "Game Phone" mudou um pouco seu formato, passando a atender mais pessoas que o habitual e distribuindo prêmios. Trocando em miúdos, o que estava diante da tela, e antes os telespectadores erravam de maneira "inocente", agora é acertado diariamente.

Rogério avisa que quem quiser conversar com ele, basta entrar em seu canal nas noites de sexta-feira, a partir das 20h até às 21h, onde responderá as dúvidas dos internautas ao vivo e falará mais acerca desses programas.

Na última segunda (3), o "Top Game" foi transmitido por 10 minutos e interrompido na sequência pela Band Curitiba. Em contato com o NaTelinha, foi dito que o programa sequer era para ter ido ao ar. Foi um erro técnico. Posteriormente, por outro meio, a emissora informou que houve uma "suspensão contratual".

A reportagem enviou alguns questionamentos para a Avatar Tecnologia e a G2PTV. Entretanto, até o fechamento desta matéria, não houve resposta.

O NaTelinha também procurou a Band nacional para saber como anda o contrato com o programa "Game Phone" e as reclamações do público, mas até o momento não houve uma posição oficial.

Atualização às 11h39:  A Avatar Tecnologia, produtora do "Game Phone", trocou o nome do programa para "Super Bônus" nesta quarta-feira (5). A mudança já consta na grade da Band, que confirmou a informação. 

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