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"La La Land" resgata a era de ouro dos musicais da década de 50


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Fotos: Divulgação
Já nas primeiras cenas de "La La Land – Cantando Estações" eu entendi o porquê para o filme ser apontado como o grande favorito a levar o Oscar este ano. Aliás, até agora a produção vem faturando todos os prêmios a que foi indicada.
 
Na última edição do Globo de Outro, o longa dirigido por Damien Chazelle (Whiplash - 2014), ganhou sete estatuetas (melhor filme de comédia ou musical, melhor diretor, melhor ator, melhor atriz, melhor roteiro, melhor trilha sonora e melhor cação por "City of Star". 
 
E já que a premiação costuma ser uma prévia de como pode se desenrolar o Oscar, principal cerimônia do cinema mundial, tudo nos leva a crer que "La La Land – Cantando Estações" pode ser o grande nome da noite do dia 26 de fevereiro.
 
 
O filme nada mais é do que uma linda história de amor 
 
Já nos primeiros minutos de "La La Land – Cantando Estações" o filme diz a que veio. Com uma sequência musical, a impressão que dá é a de que estamos assistindo a "Grease – Nos Tempos da Brilhantina" (1978) ou "Lili" (1953).
 
A introdução nada mais é do que um casamento perfeito entre a coreografia e a música de abertura, alertando o público, grande parte jovem, para o que ele pode esperar em mais de duas horas de projeção. 
 
 
O casal de protagonista, até então desconhecidos, dá o ar de sua graça nos primeiros segundos, quando suas histórias começam a ser entrelaçadas bem ali, naquele engarrafamento (Calma! Este é o único spoiler que você verá nesta coluna).
 
Aliás, a sequência foi inspirada em cena semelhante exibida no clássico "8 ½" (1963), de Frederico Fellini. A seguir, a coreografia nada mais e do que uma combinação de "Sete Noivas Para Sete Irmãos" (1954), de Stanley Done, com "Duas Garotas Românticas (1967), de Jacques Demy. 
 
E antes que o espectador levante da cadeira e comece a dançar como seus figurantes, pois é esta a vontade que dá, se inicia uma trama leve, divertida e encantadoramente apaixonante. 
 
Isso mesmo, pois "La La Land – Cantando Estações" nada mais é do que uma linda história de amor que nasce entre um casal, mas se manifesta de diversas formas. Dentre elas, através da paixão de Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling) por seus ofícios. 
 
Trama atual, com nuances de décadas passadas, torna "La La Land – Cantando Estações" sublime
 
Na história, Mia é garçonete de um café dos estúdios Warner. A jovem atriz sonha com o dia em que terá a grande oportunidade de tornar-se uma estrela de Hollywood. 
 
Já Sebastian é um jovem pianista, tradicional e muito sonhador. Apaixonado por Jazz, seu maior desejo é abrir o próprio clube e, assim, impedir que o ritmo caia no esquecimento.  
 
   
Um dos pontos altos do filme é um mix de época, quando a modernidade se funde ao clássico. Esteticamente, o longa se torna uma verdadeira obra de arte ao investir nas cores e formas que nos remetem ao passado. 
 
 Enquanto Mia aposta em um visual Lady Like, com vestidos de tecidos finos e acinturados, Sebastian não abre mão do terno muito bem cortado, cabelo alinhado e dos sapatos oxford bicolores. 
 
Planos de fundo com ar de animação, luz baixa, céu que mais lembra a aurora boreal, garantem um clima bem romântico e intimista, conforme a trama pensada por Damien Chazelle sugere.   
 
Outra grande jogada do diretor é a referência a grandes produções cinematográficas como, por exemplo, "Cantando na Chuva" (1952), "Amor Sublime Amor" (1961) e "Juventude Transviada" (1955), dentre outros.
 
E é isso que o publico pode esperar de "La La Land", um filme clássico que se passa nos tempos modernos. Um romance inocente, embalado por números musicais e uma mensagem subliminar, daquelas que nos leva a crer que o final poderia ser diferente se algo lá atrás tivesse se desdobrado de outra forma. 
 
E sem correr o risco de divulgar mais um spoiler, só posso garantir que embora seja possível rir e chorar com a mesma intensidade durante quatro estações, "La La Land" não é um filme triste, e sim belo. E a beleza é capaz de fazer até os corações mais duros caírem no choro.    
   
Lista de candidatos ao Oscar será divulgada dia 24 de janeiro
 
Eu costumo dizer que para ser considerado um bom filme, a ponto de receber o Oscar, basta ter um ótimo roteiro. E assim vem se desdobrando as últimas indicações da Academia, que se mantém conservadora até hoje.
 
Nas premiações mais recentes, não foram às grandes produções que faturaram a estatueta. Ano passado, por exemplo, "O Regresso" era apontado como o queridinho com 12 indicações, mas levou apenas três, incluindo o de melhor ator para Leonardo DiCaprio mais como uma espécie de consolação. 
 
No final, "Spotlight – Segredos Revelados" foi eleito melhor filme e ainda venceu como melhor roteiro original, enquanto que "A Grande Aposta" faturou a estatueta por melhor roteiro adaptado. Dois filmes simples, sem grandes recursos, mas com tramas envolventes e sensacionais.
 
Quando as indicações começaram a surgir, confesso que duvidei de que "La La Land – Cantando Estações" tivesse reais condições de brigar pela estatueta e até levar o grande prêmio. 
 
Não por achar que se tratasse de um filme ruim, mas por não ser muito comum a Academia premiar musicais como melhor filme. Além disso, eles costumam seguir a lei da compensação. 
 
Por essa lógica, este ano eles poderiam dar o título a uma produção racial depois da polêmica na premiação passada. Sendo assim, "Moonlight – Sob a Luz do Luar" tem grandes chances. 
 
Por outro lado, apostar no resgate da era de ouro dos cinemas foi uma jogada de mestre do diretor de "La La Land", o que iria ao encontro do conservadorismo e do ego da Academia. 
 
A lista oficial com os indicados será liberada na próxima terça-feira (24), enquanto que a cerimônia só acontece dia 26 de fevereiro. A nós só cabe aguardar o desfecho desta história. Tomara que seja com música.
 
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