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Leonardo Miggiorin revela medo antigo e crava: "Quero dizer quem eu sou"

O ator está no elenco de Musa Música, série que está sendo produzida para o Gloob e Globoplay


Leonardo Miggiorin de jaqueta azul marinho e camisa branca, posando para foto com expressão séria
Leonardo Miggiorin em clique publicado nas redes sociais - Reprodução/Instagram
Por Jéssica Alexandrino

Publicado em 20/06/2022 às 07:00,
atualizado em 20/06/2022 às 09:15

De volta à Globo, Leonardo Miggiorin chega aos 40 anos fazendo uma reflexão sobre o comprometimento com quem ele é e qual bandeira precisa levantar. O ator lembra que sempre procurou atender às expectativas e se moldar pra fazer parte de grupos e ser aceito, mas hoje se sente mais autônomo, dono do próprio nariz e quer mostrar quem ele é. "O processo é mais de autoafirmação e autoaceitação, de entender que eu tenho o meu lugar, minha vida, minhas opiniões, e isso precisa compor a minha figura pública também. Não cabe mais eu deixar de falar de determinado assunto porque eu quero trabalhar. Pra trabalhar, talvez eu escondesse muitas opiniões políticas, sociais, até mesmo de sexualidade", pontua, em entrevista ao NaTelinha.

Comprometido com a arte desde criança, ele sempre se guiou pela lógica de que deveria se manter neutro para que quem repercutisse fossem somente seus personagens, mas vem tentando fortalecer suas escolhas sem medo de se revelar. "Hoje a gente vive uma época em que o limite entre o que é público e o que é privado não existe mais. O que é privado também se torna público. Não cabe mais ficar tapando o sol com a peneira. O público quer a verdade sempre. Hoje o que vende é a sua opinião, quem você é, como você se comporta, com quem você se relaciona... Então eu tô nesse processo, embora tardio, de me assumir no mundo", continua.

"Pega até mal você não contar de que lado você é, não expressar uma opinião, não mostrar a sua verdade. Embora eu não queira fazer um alarde, porque minhas questões não são novidade pra ninguém, eu nunca coloquei muito à frente a minha opinião. Questões que eu pensava 'ninguém quer saber disso', mas hoje são urgentes. Questões de diversidade, política, empatia... O mundo precisa dessa voz e eu quero que minha voz faça parte desse momento. Eu quero poder dizer quem eu sou, qual é a minha luta", argumenta, destacando que nem sempre foi assim. "Por medo de perder espaço no mercado, eu fui me isentando de qualquer opinião. E hoje o caminho é o contrário, se você tá isento você tá de fora. Hoje você precisa fincar a sua bandeira e falar 'meu lugar é esse, eu acredito nisso daqui'", opina ele.

Miggiorin está no elenco de Musa Música, série de Rosane Svartman que tem estreia prevista para o segundo semestre, no Gloob e no Globoplay. Na produção, o ator interpreta Renato, um fotógrafo que é pego de surpresa com a possibilidade de ser pai de uma adolescente. "Tem um lado lúdico muito grande na série, resgata o mundo artístico, tem toda uma atmosfera de música, dança, sonho e fantasia. Ao mesmo tempo, é muito atual, tem a linguagem dos jovens de hoje. É possível que dê uma repercussão muito legal esse projeto. Tá sendo muito bem feito. Cenas lindas, incríveis, atores maravilhosos... Eu já chego como um pai, um tio. Já me sinto um sugar daddy deles ali na brincadeira [risos]", adianta o artista, que recebeu o convite da autora, com quem trabalhou em 2012, em Malhação.

Além do seriado, o ator tem dois projetos para o segundo semestre desse ano. Um deles é a peça A Hora da Estrela, com a qual ele vai viajar o país. O outro é um espetáculo teatral sobre o etarismo, que conta com Otávio Müller e Grace Gianoukas no elenco, Jorge Farjalla na direção e ele na produção. No auge da pandemia, esse cenário parecia distante.

"Foi um período obscuro pra todo mundo. Graças a Deus eu não parei de trabalhar porque eu fiz teatro online, tentei de todas as formas, mas ter essa perspectiva até o final do ano faz toda a diferença. Hoje é uma outra sensação, de um fluxo de trabalho maior. Tudo isso me deixa mais feliz, mais confiante".

Leonardo Miggiorin

De volta à Globo, Leonardo Miggiorin defende leis de incentivo: "A cultura foi muito vulgarizada"

Leonardo Miggiorin revela medo antigo e crava: \"Quero dizer quem eu sou\"
Leonardo Miggiorin nos bastidores das gravações de Musa Música - Reprodução/Instagram

Leonardo Miggiorin sempre participou de projetos como convidado, mas hoje sente a necessidade de propor algo para a sociedade. O ator diz que esse desejo é um caminho natural da maturidade e que traz uma sensação de responsabilidade, por estar contribuindo para para a construção da cultura e do debate. Trabalhando como produtor cultural, ele defende as leis de incentivo, como a Lei Rouanet.

"A gente tá num período de esclarecimento das leis, de como funciona todo o mercado, qual o sentido de um auxílio à cultura, de um incentivo. A cultura precisa ser incentivada porque é um elo de ligação entre todas as outras áreas, é um ponto de encontro. Eu vejo que a gente tá passando por uma fase em que a cultura foi muito vulgarizada, muito hostilizada, principalmente pelo governo vigente. Fomos muito atacados por conta dos erros de alguns".

Leonardo Miggiorin

"Você não pode desmerecer toda uma classe em função de ideias deturpadas. A gente não pode negar que houve erros dentro dessa estrutura toda, mas o [ponto] principal é o acesso à cultura, a disseminação da arte. Uma lei que existe pra que a arte do teatro chegue aos pequenos produtores, às pequenas comunidades, que são muito carentes de recursos e de oportunidades. Senão só a televisão aberta vai chegar e aí fica restrito. A gente constrói um país desse jeito, levando a informação. Existe uma deturpação dessa ideia. A lei existe pra fomentar a cultura e a economia. Ela não é uma coisa pra poucos e contra todas as outras áreas. Pelo contrário, a gente deveria estar apoiando a cultura. Não somente os artistas, mas todas as outras áreas", acrescenta.

Prestes a fazer sua estreia no streaming, Miggiorin, conhecido por novelas como Mulheres Apaixonadas (2003) e Senhora do Destino (2004), vibra com a abertura do mercado, mas atenta para os dois lados da moeda. "Existem produções de várias categorias, mais oportunidades. As relações mudaram dentro do universo da produção cultural, os projetos mudaram, o tempo de contratação mudou. Por um lado tem mais oportunidades. Por outro lado os contratos são mais frágeis, mais rápidos. Existe uma tentativa de otimizar custos e valores, logística... Tudo custa muito caro, então eu consigo entender a lógica do mercado", explica.

"Vejo que tem um movimento de buscar os artistas que vão se comunicar com o público de um jeito novo. Existe uma renovação do próprio elenco, uma renovação das caras. Tem espaço pra muita gente. Eu não sou carne nova no mercado, eu sou de época [risos]. Acho que eu preciso continuar fortalecendo a minha identidade, o meu trabalho, o artista que eu já sou e também as minhas opiniões", observa.

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