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De chato a grande favorito: Análise dos indicados a melhor filme ao Oscar 2021

Minari foi o melhor filme do ano


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NaTelinha analisa os indicados ao prêmio de Melhor Filme - Foto: Montagem/NaTelinha

Neste domingo (25) acontece a cerimônia do Oscar 2021 e que vai premiar o melhor filme do ano, segundo a Academia de Hollywood. Entre os indicados há todos os tipos e estilos de longas, boa parte lançados apenas no streaming por conta da pandemia do coronavírus, mas chama a atenção que alguns são realmente cansativos e sonolentos, enquanto outros merecem figurar numa lista das principais obras do ano.

Diferente do ano passado em que houve obras muito longas, em 2021 a Academia optou por indicar filmes com menor tempo de arte, o que permite ao público maior oportunidade de acompanhar as produções como um todo. Mesmo assim, algumas delas - inclusive favoritas ao prêmio da noite - não oferecem exatamente uma experiência das mais agradáveis, a não ser pela construção narrativa feita especialmente para ser premiada.

Ao todo, foram oito os filmes indicados na principal categoria da noite e que mostram um momento diferente do Cinema, mais de uma narrando histórias baseadas em fatos reais, enquanto outros são verdadeiros documentários.

Oscar 2021: Nomadland

Dizem ser o grande favorito da noite e vem colecionando prêmios no circuito do Cinema em 2021. Mesmo assim, passa longe de ser a obra magnífica que deveria por ostentar tamanho favoritismo. Parece ser um documentário, desses bem modorrentos, em que tenta sempre trazer uma lição de moral para o grande público, mas que não oferece o básico da dramaturgia: conflitos.

Embora a produção seja impecável do ponto de vista estético, de direção e, principalmente, de interpretação, é uma história sem alma e que parece um dementador porque também suga sua alma enquanto você assiste. Uma chatice que não deveria ser premiada num ano em que as pessoas já foram obrigadas a ficar em casa.

Oscar 2021: Mank

Filme baseado em uma história real e que conta a história da criação do roteiro de Cidadão Kane, sob o ponto de vista do roteirista Herman J Mankiewicz, conhecido popularmente como Mank nos rincões de Hollywood. Num ano mais disputado, como foi em 2020, talvez não figurasse na lista porque não é uma obra exuberante ou de tirar o fôlego e foi beneficiado pela crise da covid-19.

Mas também passa longe de ser um filme ruim e oferece uma visão interessante do submundo da dramaturgia, onde vivem roteiristas que não são creditados e que fazem de um tudo para conseguir contar a história. Com diálogos ágeis e cheio de referências, o filme ganha um charme maior por ser todo em preto e branco.

Oscar 2021: Os Sete de Chicago

Outro filme baseado em fatos reais e acompanha a vida dos sete que foram presos durante um protesto que terminou em pancadaria durante as prévias do partido Democratas para a escolha de seu candidato a presidente. Com roteiro e direção de Aarson Sorkin, o filme tem tudo que o cineasta tanto gosta, diálogos rápidos e mil cortes em uma única cena, o que dá muita agilidade.

Com um elenco estelar e muitas situações que brincam com o dramático do ponto de vista do humor, é um ótimo longa e mostra que é possível narrar uma história real dando o charme que somente a ficção é capaz de proporcionar. Um dos melhores filmes do ano.

Oscar 2021: Meu Pai

O filme tem Anthony Hopkins e Olivia Colman e isso deveria bastar para convencer qualquer mero mortal de assisti-lo. Mas é muito mais que uma dupla de atores espetacular e mostra como é possível encontrar delicadeza numa história forte. A trama mostra a convivência entre a filha e um pai, sob o ponto de vista dele, e que está perdendo a memória por conta do Alzheimer.

Muito bem dirigido e com pouquíssimos cenários, o longa mostra uma relação intensa e delicada entre pai e filha, mas também confunde o público com a memória borrada que o protagonista oferece, o que dá um charme maior para acompanhar a trajetória. Além de tudo, tem um final realmente triste sem que precise matar ninguém. Vale cada minuto.

Oscar 2021: Bela Vingança

A cota de feminismo da noite - e isso é um elogio. Um filme que mostra o poderio das mulheres contra o machismo e contra tudo que elas sofrem diariamente, sem contudo precisar ser um jornalístico didático e chato narrando números. Com uma protagonista irresistível e uma história charmosa e de tirar o fôlego, a obra cativa logo no início.

Dificlmente ganharia um prêmio como o Oscar por conta da simplicidade da produção, mas produzido por uma das mentes por trás de Killing Eve, o longa é muito interessante e deveria funcionar como um caminho interessante para a dramaturgia mostrar o comportamento da sociedade em relação a preconceitos e massacre de minorias.

Oscar 2021: Judas e o Messias Negro

Mais um filme inspirado em fatos reais e mostra a trajetória do infiltrado pelo FBI nos Panteras Negras para descobrir e reunir informações sobre o chefe do grupo. Pelo título e pela ideia, qualquer pessoa pensaria no mesmo instante que é um filme de tirar o fôlego, cheio de acontecimentos e viradas intensas, correto? Errado porque não é nada disso.

Embora a trajetória peça exatamente por isso, cenas curtas, movimentação e agilidade, o filme opta por ser contemplativo e sem acontecer quase nada. Mesmo tendo uma obra intensa nas mãos e com uma biografia cheia de acontecimentos, o roteiro preferiu entregar reflexões ao público, como se fosse uma obra de auto ajuda. Tão chato que é bom para quem tem insônia.

Oscar 2021: O Som do Silêncio

Quando você pensa que irá assistir um filme que conta a trajetória de um baterista que está perdendo a audição, automaticamente conclui que serão longas horas com duas únicas opções: um melodrama barato ou uma obra alternativa e que constrange. Mas pode se desarmar porque o filme passa longe disso e consegue convencer o telespectador com uma produção que fica de pé e sustenta o interesse do público.

Embora não deveria figurar numa lista do Oscar, o filme vale a pena - não apenas pela representatividade de mostrar um problema real, mas que é distante de boa parte da sociedade, e também por atender a demanda de quem tem necessidades auditivas - porque é uma obra interessante.

Oscar 2021: Minari

O melhor filme do ano, com a melhor história do ano e a melhor produção do ano. Com isso tudo fica claro que é ele quem deveria vencer o Oscar quando o anúncio for feito, embora não seja favorito. A história da família coreana se adaptando ao imigrar para uma cidadezinha campestre dos EUA nos anos 80 é tocante porque mostra tudo sob o ponto de vista de dois personagens inimagináveis: a avó e o netinho - que não são os protagonistas.

Tal qual Parasita, que era completamente fora do circuito e venceu o Oscar quase que na marra, Minari deveria surpreender e levar o prêmio, ainda que seja diferente porque é uma produção de Hollywood. É um longa que vale cada minuto e mostra que o Cinema ainda pode emocionar.

De chato a grande favorito: Análise dos indicados a melhor filme ao Oscar 2021


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