Craque Neto se consagra na Band ao apostar na irreverência e não deitar para ninguém
Aos 57 anos, ex-atleta rouba a cena na TV e prova que talento vai além do campo

Publicado em 06/06/2024 às 07:39,
atualizado em 06/06/2024 às 09:23
Aos 57 anos, José Ferreira Neto pode se considerar um privilegiado. Craque em campo, alcunha que o próprio reivindica com toda justiça, o ex-meia se tornou um dos mais eloquentes comunicadores da atualidade. Bom para a Band.
Ainda que desagrade alguns pelo seu jeito implacável, o ex-atleta é muito bom no que se propõe a fazer. Seja em Os Donos da Bola diariamente, onde é mais Neto do que nunca, seja no Apito Final, onde surge mais comedido aos domingos, o apresentador tem talento e um diferencial.
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Em uma época onde os artistas exercem dupla personalidade, uma para a câmera ligada e outra para a desligada, o Craque Neto é aquele tipo de figura que surge de tempos em tempos na televisão brasileira e monopoliza as atenções com louvor. Tem um magnetismo de gente do naipe de Chacrinha, Dercy Gonçalves, Chico Anysio, Hebe Camargo, Faustão, Silvio Santos, Galvão Bueno e Ana Maria Braga - só para citar algumas divindades.
O ídolo do Guarani e do Corinthians é "a" atração. Diferente de outros colegas, que precisam de suporte ou, como dizemos, escada, quem liga em Os Donos da Bola ou no Apito Final o faz para acompanhar o raciocínio sagaz e a língua afiada do seu comandante. O jeito Craque Neto de ser é tão surpreendente que ele é capaz de falar do baixo rendimento do Timão, opinar sobre os números da economia, fazer fofoca sobre ator da Globo e ainda envolver Nossa Senhora Aparecida no meio. Coisa de gênio.
Somada a toda essa desenvoltura e capacidade de improvisação, além das broncas e explosões, o componente do humor é um diferencial e tanto. O Craque seduz seu telespectador com o mesmo gingado que norteou sua carreira dentro de campo.
Bom de bola e de audiência, a ponto de levar o SBT a mexer em sua programação várias vezes, Neto também é um vendedor nato, daqueles que enaltecem qualquer produto, daí a fila de anunciantes que pagam por um testemunho ou simplesmente recheiam os intervalos de seus programas.
Com Craque Neto, Band conta com um showman em seu elenco
O pouco estudo, como o Craque Neto sempre faz questão de destacar, não impediu o ex-jogador de se tornar um baita comunicador. E é de olho nessa performance ensandecida que fica a dúvida: por que a Band nunca testou o seu contratado em outros nichos?
Um programa de auditório, que misturasse entretenimento e esporte, cairia como uma luva nas mãos do apresentador. Antenado, Neto sempre está de olho, e por dentro, das mais variadas fofocas, algo capaz de causar inveja a Leo Dias e Fabíola Reipert. Domina como ninguém os últimos acontecimentos do mundo musical. É politizado e tem mania de pensar, algo que incomoda a muitos. E o melhor, não deita para ninguém.
Lado profissional à parte, também tem um coração gigante. Reservado, prefere não bater palma para toda ação social que organiza - e não são poucas, viu? Santo Antônio de Posse e Diadema que o digam. Na catástrofe que atingiu o Rio Grande do Sul, foi importante condutor no auxílio às vítimas das enchentes e ajudou bastante a CUFA (Central Única das Favelas). Coisa de ídolo, com erros e seus inúmeros acertos.
Por fim, esta coluna não poderia chegar ao fim sem tocar em dois pontos importantes. O primeiro, um apelo: que o Craque Neto tire da cabeça a ideia de concorrer à presidência do Timão em 2026. A TV brasileira precisa de sua estridência (alô, Band!). O segundo: que história é essa que o Corinthians tem a maior torcida do Brasil, garotinho? Toca o hino do Mengão, Kascão!