Opinião

Jornalismo esportivo sofre hat-trick com mortes de Silvio Luiz, Antero Greco e Apolinho

Em um intervalo de 12 horas, o debate esportivo mudou de patamar e passou a ocupar um cenário no céu


Silvio Luiz, Antero Greco e Apolinho
Silvio Luiz, Antero Greco e Apolinho descansam - Foto: Divulgação/Record/ESPN Brasil/Super Rádio Tupi/Montagem NaTelinha
Por João Paulo Dell Santo

Publicado em 16/05/2024 às 15:35,
atualizado em 16/05/2024 às 15:36

O jornalismo esportivo sofreu um abalo digno de um hat-trick nas últimas horas. As mortes de Silvio Luiz (1934-2024), Antero Greco (1954-2024) e Washington Rodrigues (1936-2024), o Apolinho, pegaram os amantes do futebol de jeito.

Silvio Luiz rompeu tratados ao fazer ecoar o gol que nunca gritou - sim, era uma de suas características sacar um bordão em vez de fazer o que todos os outros narradores faziam. Aliás, não foram poucas as suas criações. Frasista, esculpiu coisas como "Olho no lance!", "Pelo amor dos meus filhinhos", "Confira comigo no replay", "Pelas barbas do profeta", "Balançou o capim no fundo do gol!" e "Pelo cheiro da mortadela vai ser uns 6 a zero". Gênio!

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Foram, ao todo, 72 anos de uma carreira cheia de momentos marcantes. Silvio narrou Copas do Mundo, Olimpíadas, Pan-Americanos, campeonatos nacionais, estrangeiros, como o seu amado Campeonato Italiano. Testemunhou momentos icônicos da crônica esportiva e fez história, ao transitar entre o rádio, a TV, a internet e até os videogames. Foi ator, repórter, jurado, comentarista, apresentador, narrador, editor, diretor e torcedor. Deu o nome. 

Prestes a completar 90 anos de vida, Silvio Luiz saiu de cena em plena atividade. Contratado da RedeTV!, comandava o bloco de esportes do RedeTV! News. Na Record, narrava o Paulistão no R7 e PlayPlus. A propósito, ao sofrer o AVC, em 7 de abril, que desencadeou os problemas que o levaram a pendurar as chuteiras neste plano, estava narrando a final entre Palmeiras e Santos. Simbólico! Valeu, Silvio. Demais!

Antero, my friend, por que tão cedo?

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Antero Greco se despediu dos familiares e amigos aos poucos. Nos últimos dois meses, dormiu o sono dos justos, em coma, em razão do câncer no cérebro com o qual duelou desde junho de 2022. Só aguardou a chegada da filha, Cris, que mora em Paris, para partir. 

Os que puderam acompanhar a melhor "dupla de dois" da crônica esportiva nos fins de noite da ESPN Brasil, entendam, vocês são privilegiados. Paulo Soares, o Amigão, e Antero Greco combinavam tanto quanto queijo com goiabada. Ou gelo num copo de uísque - um brinde! Pena que o reencontro no vídeo não pode ser presenciado pela arquibancada, em razão dos problemas de saúde de ambos.

As gargalhadas e o ar de 5ª série que rondavam o Sportscenter, hoje motivo de vários compartilhamentos nas redes sociais, servem não apenas para homenagear uma das melhores análises esportivas da imprensa brasileira (e um baita defensor da nossa frágil democracia), como também para tornar imortal uma química que vai sobreviver ao tempo. Coisa de gente que é única.

Imagem da thumbnail do vídeo

O Show do Apolinho não vai acabar!

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Flamenguista fanático - ao ponto de virar técnico, em 1995, e diretor de futebol, em 1998 -, Washington Rodrigues, o Apolinho, revolucionou o rádio carioca. Cunhou expressões copiadas à exaustão. São dele "Tomou um chocolate", "Mais feliz do que pinto no lixo", "Briga de cachorro grande" e "Cuspir marimbondo", entre outras.

Em fevereiro passado, ele completou 25 anos do Show do Apolinho, uma marca da Super Rádio Tupi, que anunciou que o título foi aposentado nessa quarta-feira (15), tão logo a notícia da morte veio a público. Aos 87 anos, Apolinho estava lutando contra um câncer no fígado, ainda em atividade e pê da vida com os altos e baixos do Mengão.

A propósito, durante o velório do ídolo, na sede social do Flamengo, na Gávea, na tarde desta quinta (16), a filha de Apolinho, Patrícia Rodrigues, confirmou o depoimento do emocionado Luiz Penido, durante a transmissão do jogo do time rubro negro contra o Bolívar. O Velho Apolo assistiu ao primeiro tempo, ouviu o terceiro gol e deu o último suspiro tranquilo e sereno. O placar terminou em 4 a 0. O derradeiro, para passar a régua e fechar a conta, de Pedro, foi para o fanático flamenguista. E dia 28 tem mais, Apolinho. O Maraca é nosso! O Millonarios que saia da frente.

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